
AS MÚLTIPLAS FUNÇÕES
DO PALITO


Interrompi meu trabalho, vesti minhas sandálias, coloquei alguns trocados no bolso e lá fui eu. A padaria fica a duas quadras de casa. Tempo suficiente para que minha imaginação viajasse no tempo e no espaço.

Já vi palitos de osso, de ouro e de outros metais em minhas andanças pelo mundo. Esses são laváveis e desinfetáveis. É só usá-los e guardá-los no bolso ou na carteira.
Dependendo do local onde se está (meio social), o uso desse milenar “quebra galho” pode ser nojento, dependendo da posição social do indivíduo ou ser simplesmente um ato comum.
Esgaravatar os dentes depois de uma refeição, cobrindo a boca com a mão e mesmo não cobrindo, não é coisa agradável de ver.
O palito tem múltiplas funções. Serve para limpar as unhas. Para coçar ouvidos. Enrolar um algodão em suas pontas e aplicar remédios em feridas e ainda, limpar os dentes depois! Não estou inventando não. Viagem pelo nosso imenso país e vejam vocês mesmos.

Mas com o danado do palito se podem fazer belos trabalhos artesanais para quem tem talento e imaginação.
O sexo frágil e os não tão frágeis também usam o palito para tirar o esmalte das unhas e limpar o excesso.
O palito é um objeto de “mil e uma utilidades” como diz aquela propaganda da esponja de aço.
O palito é um objeto de “mil e uma utilidades” como diz aquela propaganda da esponja de aço.

E quando não houver um palito à mão? Se o sujeito tiver uma caixa de fósforos no bolso, dará um jeito. Basta desbastar a ponta e pronto! Terá um esgaravatador excelente.
Eu não uso palitos para limpar os dentes. Sou prático. Vou ao sanitário, arranco-os e deixo-os alguns segundo debaixo do forte jato de água. Depois é só colocá-los de volta fresquinhos. “Nada como um sabor refrescante” de água limpa!
E falando em caixa de fósforos, lembro-me de um sambista do passado. Trata-se de Ciro Monteiro e sua indefectível caixinha. Enquanto cantava, marcava o compasso do samba, transformando a caixa de palitos em pandeiro.
Cheguei da padaria e não disse o que tinha a ver os palitos com as bracholas. Afinal, foi para isso que fui comprar palitos.
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*J. Morgado é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista pelo e-mail jgarcelan@uol.com.br
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