quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

GATO FALECIDO RECEBIA BOLSA-FAMÍLIA

Edward de Souza

O nome de um gato foi incluído na lista de beneficiários do programa Bolsa Família no município de Antônio João, em Mato Grosso do Sul. Com certeza, uma notícia hilária e absurda essa do gato que "recebia" o auxílio do governo. Billy da Rosa Flores (isso é um gato ou um jardim?) foi registrado por seu dono como se gente fosse. Nem gatos famosos como o Gato de Botas, o Gato Félix e até o Tom chegaram a tal patamar. A propósito do Tom, vai ver, o seu eterno antagonista, o Jerry pode entrar com medida para também ter direito a essa gatunagem...
O coordenador do programa, Eurico Siqueira da Rosa, de 32 anos, que fez a inscrição com o nome do animal, foi exonerado do cargo e está sendo investigado em um inquérito no Ministério Público Estadual. Segundo ele, o gato, chamado “Billy” pertencia à sua esposa. O ex-coordenador diz que está arrependido e que pretende devolver o valor que recebeu, no período de março a setembro de 2008.
“Estava passando por necessidades financeiras. Então, se colocasse o nome lá, R$ 20 (valor pago por mês) a mais me ajudaria. Meu salário era baixo... Foi um momento de fraqueza. Jamais deveria ter feito isso”, disse. Eurico afirmou que ganhava R$ 500 por mês como coordenador do Bolsa Família na cidade e que o gato morreu. Para fazer o cadastramento no programa, Eurico Rosa diz ter colocado no cadastro seu sobrenome e o da mulher, que, segundo ele, não sabia da fraude. Segundo o ex-coordenador, sua esposa foi procurada por agentes de saúde que fazem o acompanhamento das crianças inscritas no programa por meio de pesagens e da verificação dos cartões de vacinação.
“Por coincidência, antigamente ela tinha um gato que tinha esse nome. Ela foi abordada pelo agente de saúde e ele falou que tinha que levar para acompanhamento a pessoa de nome Billy. Aí ela falou: “eu não tenho ninguém na família com esse nome. Billy, que eu saiba, era um gato que eu tinha”, conta o coordenador. O agente de saúde encaminhou a denúncia à prefeitura, que abriu um processo administrativo para apurar o caso e cancelou o pagamento do benefício a Billy.
Exonerado do cargo, Eurico diz que já arranjou outro emprego: “Já tenho propostas. Vou ser assessor parlamentar de um vereador”, conta. Segundo ele, o salário será “um pouquinho” maior do que o anterior, mas a jornada de trabalho, bem menor. “Trabalhava oito horas e lá vou trabalhar quatro.”
O procurador-geral de Justiça do estado em exercício, Antonio Siufi Neto, diz que, após a conclusão do inquérito, o MP poderá entrar com uma ação civil pública para pedir o ressarcimento do dano causado aos cofres do município e a responsabilização penal do ex-coordenador.
“Nunca tivemos um caso parecido. O que a gente vê na mídia é relativa a parentes, pessoas que não precisam, agora, bicho é uma coisa inusitada. A gente lamenta o acontecido e aguarda a responsabilização dessas pessoas acusadas. Se tiver mais alguém envolvido, terá que prestar contas”, disse o procurador.