CONTOS & CRÔNICAS DE PÁSCOA

PÁSCOA,
SÍMBOLOS E RÁDIO

Certamente os amigos jornalistas com muita competência trarão aos nossos leitores do blog as mais inteligentes dissertações nesta semana da Páscoa, tema proposto pelos líderes Edward de Souza e Nivia Andres. Bastante oportuna a medida, ensejará ampla discussão com base em registros históricos e polêmicos que remontam inicialmente aos hábitos judaicos e a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho com liderança de Moisés, para tornar-se, depois, comemoração altamente significativa da Igreja Católica.
Várias versões dão conta de uma Páscoa relacionada ao êxodo judeu do Egito no ano 1250 a.C., assim como de que o Imperador Constantino l acionou o Papa Gregório XIII para definir uma data oficial de comemoração da Páscoa. Um encontro importante de líderes religiosos ocorreu em Nicéia, Turquia, definindo a fixação do evento.
Não pretendo levá-los a me acompanhar pelos caminhos de uma história já bastante conhecida, mas, convidá-los para uma retrospectiva em tempos mais recentes que iniciaremos aqui sobre a lembrança e prática do silêncio em comemoração maior da igreja.
No primeiro quarto do século passado, a sexta-feira da Paixão a todos impunha absoluto e sério respeito, disciplinando costumes com rigidez.
Várias versões dão conta de uma Páscoa relacionada ao êxodo judeu do Egito no ano 1250 a.C., assim como de que o Imperador Constantino l acionou o Papa Gregório XIII para definir uma data oficial de comemoração da Páscoa. Um encontro importante de líderes religiosos ocorreu em Nicéia, Turquia, definindo a fixação do evento.
Não pretendo levá-los a me acompanhar pelos caminhos de uma história já bastante conhecida, mas, convidá-los para uma retrospectiva em tempos mais recentes que iniciaremos aqui sobre a lembrança e prática do silêncio em comemoração maior da igreja.
No primeiro quarto do século passado, a sexta-feira da Paixão a todos impunha absoluto e sério respeito, disciplinando costumes com rigidez.

As estações de rádio se fechavam interrompendo suas programações, se abertas, ouvi-las seria um sacrilégio imperdoável que a sociedade não discutia.
A Rádio Clube Hertz de Franca transmitia, diariamente, às 18h, “A hora do Ângelus” (toque da Ave-Maria rezada por um padre da catedral), programa que levou a emissora a instalar uma linha física e equipamento nos fundos da igreja, sem qualquer ônus. Estabeleceu-se uma praxe abrir a emissora na Paixão, especial e exclusivamente o tempo necessário para a transmissão do Sermão das Sete Palavras, prática interrompida no momento em que um vigário de tendências absolutamente radicais optou por não estender a abertura de espaço para outras crenças.
À época a emissora mantinha no ar dois outros programas religiosos (pagos) da Igreja Presbiteriana e da Mocidade Espírita de Franca.
O representante do Espiritismo solicitou à emissora a concessão de cinco minutos para uma prece no mesmo dia santificado, pedido considerado justo pela administração foi estendido, também, ao reverendo Presbiteriano.
Comunicada ao padre a decisão com a consulta de sua opinião a respeito de sua preferência antes ou depois para a Igreja Católica, este se insurgiu vigorosamente contra, nada havendo que o demovesse da ideia da justa medida.
Com equilíbrio e evitando maiores atritos, os dois pastores agradeceram a decisão, abdicando do direito adquirido.
A partir daquele ano a emissora ficou fechada na sexta da Paixão, nunca mais transmitiu o Sermão das Sete Palavras, até que a modernidade chegou, adotando, inicialmente, programação musical sacra, de câmara ou erudita. Hoje o musical do rádio que dá TOM às comemorações da Paixão não é o silêncio nem o recolhimento. O que se ouve na festa ou se assiste na rua, em época de Paixão, no caminho da Páscoa, é forte transpiração, movimento sensual e ritmo de “Na boquinha da garrafa” e “Reboleixo”.
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*José Reynaldo Nascimento Falleiros (Garcia Netto), 81, é jornalista, radialista e escritor francano. Autor dos livros Colonialismo Cultural (1975); participação em Vila Franca dos Italianos (2003); Antologia: Os contistas do Jornal Comércio da Franca (2004); Filhos Deste Solo - Medicina & Sacerdócio (2007) e a novíssima coletânea Seleta XXI - Crônicas, Contos e Poesias, recentemente lançada. Cafeicultor e pecuarista, hoje aposentado. Atualmente publica, no blog, A Série Relembranças II, sobre a história do Rádio Brasileiro, cujo quarto capítulo será postado na próxima quinta-feira, 8.
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Leia a seguir, logo abaixo, a crônica de João Batista Gregório, convidado especial do blog, A Páscoa de Adolpho Polaco.