DOMINGO, 26 DE SETEMBRO DE 2010
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Durante muito tempo, quem sabe séculos, a corrupção tem sido um dos maiores elos que alia corruptos e corruptores em suspeita e condenável cumplicidade. No Brasil, governados e governantes em todos os escalões, ricos, pobres e remediados, fazem parte de uma lista suja que nosso País jamais conseguiu se desvencilhar. Há corruptos e corruptores na cidade, sítio, fazenda, casebres, casas, barracos, sob pontes e em mansões e castelos.
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A nebulosa história do descobrimento do Brasil conta em verso e prosa
que Cabral e seus assessores (já havia aspones na comitiva que aqui aportou trazendo os patrícios), foram admitidos pelos índios em virtude dos presentinhos oferecidos e aceitos pelos caciques, pajés e a raia miúda coberta apenas com penachos estilizados nas coloridas penas de araras e pavões tupiniquins. Aos poucos, os caciques que comandavam os pelotões, armados de arco, flecha ou tacape, foram atiçando seus desejos por espelhos, tabaco, chapéus, pulseiras e outros penduricalhos que os portugueses ofereciam pelo ouro que os indígenas carregavam, sem conhecer o valor do que entregavam aos visitantes.
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Passaram 510 anos e nesse tempo, governantes e governados seguem a
linha do jeitinho para todas as situações. Claro que também as trocas evoluíram do espelhinho para dólares, viagens, casas, barcos, carros e, para os menos exigentes, uma bike, ou um empreguinho em estatal paga o favor. Poucos, desde o indígena até o nerd atual, tem se dado conta que existem corruptos e corruptores nas diversas áreas, mas a fatura vem para todos, indistintamente. Isso, infelizmente, está arraigado na cultura do brasileiro que corrompe ou é corrompido em todas as esferas e instituições, porém o efeito é idêntico para todos, mesmo um simples furar fila para receber a hóstia na igreja.
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Vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores, presidentes,
escalões menores, que são eleitos para salvaguardar os interesses do povo, são alvos de CPIs cotidianas. Ou seja, os caras que foram votados para cuidar do bem público criam mecanismos para fiscalizar eles mesmos. São pagos com o dinheiro do povo para apurar bandalheira própria. As CPIs, na maioria dos casos, funcionam mais ou menos como “colocar tamanduá para cuidar das formigas".
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Que Alá proteja os puros, caso encontre um.
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*Oswaldo Lavrado é jornalista/radialista radicado no Grande ABC
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*Oswaldo Lavrado é jornalista/radialista radicado no Grande ABC
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