
Desde novembro do ano passado (dia 10), tenho percorrido as recepções e salas dos três mais conceituados centros de atendimento médico público aqui do ABC. O Hospital Anchieta (São Bernardo), Mário Covas (Santo André) e a Faculdade de Medicina do ABC (Santo André). Pelo que constatei neste um ano de visitas semanais as três casas de saúde, todas estão equipadas com o que há de mais moderno no Brasil em se tratando de medicina. Entretanto, é ai que entra a indignação, a conduta de muitos médicos, atendentes e enfermeiros ficam distante do que exige o tratamento ao ser humano. Em alguns casos constatei indescritível deboche do pessoal enfiado em jalecos impecavelmente brancos. Claro que toda generalização é estúpida e nem é esse o objetivo deste relato.
Em um determinado momento de pouca inspiração de um rapaz, jaleco límpido, barba aparada, falando ao celular no interior da sala de atendimento, a paciência e resignação escaparam de controle e tivemos pequena altercação, que só não teve outras consequências porque o infeliz percebeu que não estava lidando com "antas" e muito menos subjugados. Fui levado a fazê-lo entender que deveria ter se formado para exercer profissão em abatedouro, labuta mais adequada ao seu caráter. Felizmente o jovem médico assimilou o recado e a pendenga ficou por ali. Mas presenciei outros lances de atendimento impessoal e alguns até desumanos, que reforçaram meu conceito sobre certas profissões e determinados profissionais.
A irresponsabilidade no episódio da matéria da Band, que resultou na morte do jovem de 40 anos, em Belém, se junta ao que tenho visto "in loco" e sentido literalmente na carne, o desdém dos que tem a vida de um semelhante em suas mãos. Não se trata de desabafo pessoal, aliás, irrelevante, mas o relato de fatos constados na saga de quem vive em uma das mais importantes metrópoles do Brasil e da América Latina.
A qualidade e aparelhagem dos centros hospitalares, que nos três casos acima citados são de primeiro mundo, não camuflam a insensibilidade de profissionais que manipulam os equipamentos e muito menos escondem o despreparo dos que tem o dever de cuidar de vidas com a dignidade que a profissão exige.

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*Oswaldo Lavrado é jornalista/radialista, radicado no Grande ABC
*Oswaldo Lavrado é jornalista/radialista, radicado no Grande ABC
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