sábado, 2 de janeiro de 2010

PRAIAS: ANTES, DURANTE
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E DEPOIS DOS FAROFEIROS
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Enganam-se os que pensam que deram fim nos conhecidos "farofeiros" que bagunçam nossas praias. Eles continuam firmes e fortes e costumam se concentrar nas cidades de Santos, Praia Grande, São Vicente (mais conhecida como "São Viselva"), Balneário Camboriu e várias cidades do Nordeste. Os farofeiros com R$ 100,00 a menos no bolso preferem outras praias, como Mongaguá ou Itanhaém, além de gostarem muito de pacotes de turismo a cidades do Nordeste ou ainda viajarem em caravanas de carros velhos rumo ao litoral catarinense. O farofeiro pode chegar e infernizar qualquer cidade. Porém, seu destino preferido sempre será o litoral sul de São Paulo. Outros costumam vir da Argentina, em seus velhíssimos Peugeot 504 movidos a diesel remendados com arame, massa plástica e fita adesiva.
Estamos aqui em Mongaguá, uma cidade do litoral sul paulista. Setenta quilômetros nos separam da capital. Em dias normais, menos de uma hora de viagem. Se a viagem for inversa (São Paulo/Mongaguá) a coisa complica. Acredito que não há necessidade de entrar em pormenores...
A vocação do paulistano e do paulista, além dos habitantes do Sul de Minas, para lazer, é sem dúvida as praias. Fins de semana e os chamados “feriadões” como esse do final de ano, centenas de milhares de pessoas descem a serra em busca de praia e sol. Não importa os congestionamentos, o preço do pedágio e os abusivos preços cobrados pelos comerciantes da baixada. O único objetivo e relaxar e deixar nas águas do mar o stress acumulado nas lides da metrópole.
Aqui em “Monga”, como é chamada pelos seus habitantes, todas as praias recebem milhares de turistas, entre eles os conhecidos "farofeiros", cuja bagagem é composta de utensílios e produtos necessários para emporcalhar a cidade dos outros, incluindo barracas, sacos de dormir, rádios, vitrolas, colchonetes, fogareiros, lamparinas, bolas de futebol, varas de pescar, cadeiras de alumínio, esteiras, bronzeadores, chapéus de palha, pranchas de isopor, gatos, cães e periquitos. Duas coisas não podem faltar na bagagem do farofeiro: a farofa e cachaça (muitas vezes substituída pela cerveja). Os farofeiros mais privilegiados, com R$ 50,00 a mais no bolso, chegam às praias a bordo de carroças como Passat, Chevette, Fusca, Fiat 147, Belina, Brasília, Corcel, Opalas amarelos e outros lixos ambulantes, que deixariam corado o ex-presidente Collor.
Um colorido bizarro enfeita a areia quente. Guarda-sóis, cadeiras, toalhas, crianças e adultos se divertem com jogos apropriados para o local. Vendedores ambulantes... Sorvetes... Olha o geladinho... Água de coco... Pipoca... Amendoiiiiiiiimmmmmm! Os quiosques não vencem os pedidos. O cheiro de fritura é insuportável. Enfim... Tudo em nome do lazer!
Há até o tal de som! Garotos (alguns não tão) e os quiosqueiros se esmeram em proporcionar o que há de melhor em decibéis. Quanto mais alto melhor. Que se dane o próximo. A polícia e a guarda municipal que deveriam fiscalizar os abusos fecham os olhos, provavelmente um acordo com a prefeitura, afinal é o turista que proporciona renda para a cidade.
Nos dias de semana, a cidade é tranquila. As praias permanecem limpas. Todos os dias a máquina varredora faz a limpeza. As gaivotas e outros pássaros andam tranquilos na praia. Os poucos frequentadores usam os recipientes de lixo instalados no calçadão. Tudo é rotina... Depois dos feriados prolongados ou fins-de-semana e do final do ano.
Chega o feriadão de Natal e Ano Novo, as estradas viram um caos. Acidentes acontecem. Todos têm pressa para chegar. As campanhas patrocinadas pelo governo e pela mídia são olvidadas. O negócio é chegar! Acabou o sossego para os moradores locais. Altas horas, portas de carro batendo, buzinas, cachorros-turistas latindo...
No dia seguinte, a primeira coisa desagradável é a assinatura do cão na porta de nossa residência. Mais tarde, detritos vários, papéis, fraldas e pasmem... Até camisinhas usadas na madrugada da farra. Dois, três ou mais dias... Tudo em nome do sagrado lazer. Vão-se os bons modos (não tão bons) e fica o lixo nas ruas e nas praias. Já não bastassem os sujismundos da vida, há os vândalos. Quebram as lixeiras e o que encontram pela frente. Um prejuízo danado.
A polícia e os pobres salva-vidas trabalham incessantemente. Pais completamente alheios deixam seus filhos ao “Deus dará”. Vez em quando uma criança perdida, um salvamento, quando não, um acidente pior!
Apesar de intensamente informados alguns pais insistem em levar seus filhos na praia nas horas de intenso calor (entre 10 e 14 horas). Seria conveniente para as crianças ou para os genitores? Acredito que para os genitores, pois como se diz popularmente, “a noite é uma criança”...
E a volta? As duas avenidas principais desta pequena cidade que dão acesso a rodovia Padre Manoel da Nóbrega ficam congestionadas. Palavrões
... Buzinas... Pequenos acidentes. Para se ter uma idéia, dei uma checada e descobri que mais de 250 mil veículos devem retornar a São Paulo nesse fim de semana depois das festividades do Ano-Novo. E a volta começou já no primeiro dia do ano, sexta-feira. Devido ao tempo chuvoso, o movimento de retorno do litoral aumentou, causando pontos de lentidão por volta das 19h de ontem nas regiões de São Vicente e planalto. Para se pensar... Enfim, deixaram ou estão levando stress?
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PS: J. Morgado é o autor destas fotos que ilustram o blog. Basta clicar para ampliá-las.
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*J. Morgado é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, escrevendo crônicas, contos, artigos e matérias especiais. Contato com o jornalista pelo e-mail:
jgarcelan@uol.com.br
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