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A época é de forte censura. Carne vermelha é nefasta, ovos aumentam o
colesterol, cigarro é nocivo, açúcar engorda, sal aumenta a pressão arterial. Os arautos da boa saúde, do mesmo modo que os anjos do apocalipse vão bradar contra todos os tipos de praga. Para eles o ideal seria viver em escuras cavernas, voltar à pré-história, conviver com os dinossauros. Mas, junho está aí. Época de dançar e cantar, rever a velha fogueira numa noite de luar intenso, sonhar e viver. E dar uma banana solene para os que praguejam contra a alegria.
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Mastros erguidos, no alto Santo Antônio, São João e São Pedro. Fogueiras ao redor, comidas típicas, canjica, cocada, arroz-doce, pipoca, batata-doce assada, bolos de milho e broas de fubá... Gosto bom de infância, brincadeiras de pular sobre as brasas e danças inocentes, quadrilha. .
A época é de forte censura. Carne vermelha é nefasta, ovos aumentam o

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Algumas coisas ficaram para trás por imposição do politicamente correto,
caso dos balões que enfeitavam os céus. Mudaram-se costumes, vieram outras atrações e um pouco do pecado da perdição. Mas sempre é possível se divertir e também orar, que os tempos são marotos, a vida difícil, muitas crises. E os santos abrem os braços para receber as súplicas e atender aos anseios humanos, desde que sejam justos.
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No mês de junho, comemoramos os 3 santos juninos: Santo Antônio, São João e São Pedro. No dia 13 é comemorado o dia de Santo Antônio, conhecido como santo casamenteiro. A ele é atribuída uma série de graças matrimoniais. Já no dia 24, comemoramos o dia de São João, o santo mais festeiro dos três e as maiores festas ocorrem nesse dia. Ele é também um santo casamenteiro, mas é mais famoso por ajudar as pessoas a acharem objetos perdidos. São Pedro é comemorado no dia 29, suas festividades fecham as comemorações juninas e costuma ser a noite mais fria do ano. Ele é o guardião das portas do céu e também protetor das viúvas.
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Nessa época, muitas festas animam as comunidades espalhadas pelo Brasil. Os gaúchos costumam realizar a primorosa dança das fitas. No norte do país, o boi-bumbá exibe o capricho com que o povo da região preserva sua tradição. Já em muitas cidades do Centro-Oeste são apreciadas as danças do cururu acompanhadas por viola e ritmadas pelo sapateado e pelo canto cheio de rimas dos dançarinos. Na região Sudeste, o que mais se vê são as barraquinhas de quermesse que promovem sorteio de prendas e que vendem, além de algumas comidas típicas da época do Brasil agrícola - milho cozido, pinhão cozido, cuscuz, bolo de fubá -, iguarias que se popularizaram no país com a chegada dos imigrantes europeus, como quibe, esfiha e pizza.

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Recordo das festas juninas de outrora, e como é inevitável, comparo com as de agora. As festas juninas de tempos passados eram mais festas e menos comércio; as de hoje são mais comércio e menos festas. Lembro que meus tios tinham um sítio em Ribeirão Corrente, perto de Franca e para lá eu ia todos os anos, para a festa de São João. E em festa junina que se preze não pode faltar a quadrilha. Ela representa um casamento da roça. O casamento caipira surgiu como chacota aos casamentos clássicos. A noiva aparece grávida e seu pai obriga o moço a assumir a responsabilidade, fazendo-o casar com uma espingarda apontada para a cabeça. Essa história é muito engraçada, pois o pai da noiva tem todo o apoio do delegado da cidade, que é seu amigo. Durante a cerimônia o noivo, que está bêbado, tenta fugir, mas sem sucesso. Após o enlace os noivos puxam a dança da quadrilha.
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*Edward de Souza é jornalista e radialista
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