

FLAGRANTES DA VIDA (I)
Pesquisando no arquivo de minhas Memórias, localizei fatos que ainda o tempo não conseguiu deletar. Senti-me afortunado com o rememorar pessoas, amizades, mulheres, amores, mágoas que não chegaram a molhar de lágrimas meu caminho. Se fortes, as perdoei; se brandas, deixei de considerá-las a fim de não se tornarem obstáculo à minha jornada.
Rio de Janeiro, Avenida Rio Branco - antiga Avenida Central, na Cinelândia - Palácio Monroe de saudosa memória, personagem de triste relato e negro crime a lamentar. O fato de citar o Palácio Monroe me permite uma digressão em virtude de nossa tão vergastada história.
A construção do Palácio Monroe ocorreu nos EUA, em 1904, projeto do engenheiro militar brasileiro, coronel Francisco Marcelino de Souza Aguiar, para representar o Brasil na exposição Internacional de Saint Louis. Na premiação de arquitetura ganhou medalha de ouro - primeiro prêmio - daquela exposição. Em sua inauguração, Souza Aguiar recebeu a visita de Theodore Roosevelt, presidente americano.
A construção do Palácio Monroe ocorreu nos EUA, em 1904, projeto do engenheiro militar brasileiro, coronel Francisco Marcelino de Souza Aguiar, para representar o Brasil na exposição Internacional de Saint Louis. Na premiação de arquitetura ganhou medalha de ouro - primeiro prêmio - daquela exposição. Em sua inauguração, Souza Aguiar recebeu a visita de Theodore Roosevelt, presidente americano.
A armação e estrutura de aço do palácio permitiu sua transferência para o Rio de Janeiro, em 1906. Na 3ª Conferência Pan-Americana, o Barão do Rio Branco com apoio vibrante de todos, propôs a mudança de seu nome, homenageando o criador do Pan-Americanismo: Palácio Monroe. Em seguida, tornou-se sede de múltiplos eventos, congressos, comissões e exposições até 1914, quando o Palácio Monroe acolheu a Câmara dos Deputados.
O ano de 1920 marcou recepção com homenagem à visita do Rei da Bélgica, Alberto I. Em 1925 o Monroe passou a ser a sede, por 35 anos, do Senado Federal, até 1960, ao mudar-se para a nova capital, Brasília. Daí em diante foi hóspede do Estado Maior das Forças Armadas até chegar 1974. Neste momento, cuidou-se de urdir sua criminosa demolição em nome do progresso: o metrô carioca.
Das correntes que analisam o nefando crime contra a história do Palácio Monroe, em prejuízo da memória br

A desculpa ou acusação foram as obras do metrô porém, segundo afirmações de Jorge Rubies, presidente da Associação Preserva São Paulo, não procede, visto o que o projeto do metropolitano naquele local ter previsto uma curva que até hoje prevalece no trajeto.

Ângela Maria, voz maravilhosa, ali se iniciou cantando, depois sucesso internacional, minha amiga por tantos anos de quem acompanhei frustrados amores. O Salão Avenida funcionava em um subterrâneo e,mais acima, no mesmo prédio, ficava a Executiva Nacional do PTB. Ali conheci e fiz amizade com um grupo macanudo de gaúchos: gauchada boa. Perí Coutinho, Perí Azambuja e João Goulart, entre outros.

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Garcia Netto é jornalista, radialista e escritor francano. Autor do livro "Filhos Deste Solo" - Medicina & Sacerdócio". A série Relembranças será editada em cinco capítulos semanais, em que o profissional revisita, em sua memória privilegiada, flagrantes da vida que fazem parte da história de nosso país.
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