Ultimamente tenho ouvido muito a palavra cremação quando se trata de dar fim aos mortos. Aliás, os fornos crematórios têm crescido muito na Europa e no Brasil nos últimos dez ou doze anos. Segundo o Serviço Funerário de São Paulo, em 1995 houve quase 3000 cremações e em 2007, o número saltou para quase seis mil. Em 1997, havia apenas três crematórios, em 2007, esse número aumentou para 23 espalhados pelo país (fonte, Folha de São Paulo-24/02/2008). Acredito que neste ano de 2010, os estabelecimentos que se dedicam a esse mister já aumentou consideravelmente.
Nos Estados Unidos e na Europa, somam-se as centenas as instituições
dedicadas a queimar os mortos e colocar as cinzas em pequenas caixas ou vasos. No Brasil, a cremação é regulada pela Constituição. Quem quiser ter o cadáver reduzido a pó precisa deixar essa vontade devidamente registrada, com documento assinado por testemunhas e reconhecido em cartório. Em São Paulo, no Crematório de Vila Alpina, o serviço é 100% gratuito apenas se a pessoa for doadora de órgãos e tiver falecido na cidade. Do contrário, é preciso pagar taxas a partir de R$ 300,00.
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Surgem sempre muitas dúvidas quando o assunto cremação é posto diante
da religião. Os judeus, por exemplo, acreditam que o corpo não pode ser destruído, pois a alma se separaria dele lentamente durante a decomposição. Já a maioria das religiões aceita a prática da cremação. O catolicismo faz parte dessa maioria (apesar de sacerdotes conservadores), tanto que o Vaticano a reconheceu como prática em 1963, em documento oficial na Instituição. “Entretanto, de si, a cremação não é boa nem má, podendo mesmo ser utilizada como necessidade em casos de peste, de catástrofes, nas quais a corrupção lenta de um grande número de cadáveres pode ser perigosa para a saúde (exalações pestilenciais, contágio, etc.”, diz representantes da Igreja.
As religiões acreditam na vida após a morte. Divergem apenas de como
seria a existência em outra dimensão. Muitos, no caso da religião católica e outras evangélicas e protestantes (cristãs), acham que os corpos decompostos serão revividos após o Juízo Final, pois acreditam na Ressurreição. Outros acham que o fogo purificará o espírito e os fará reviver em paraísos celestiais.

No caso de pessoas muito apegadas à matéria, é possível, segundo muitos
relatos de espíritos, que estas passem pelo suplício de “sentir” a decomposição do corpo. O espírito identifica-se de tal forma com a vida material, e é tão ignorante acerca da vida espiritual, que julga sentir corrupção no invólucro carnal, já imprestável e em processo natural de transformação. No caso de cremação, mesmo uma pessoa com o sentido da vida espiritual, caso ainda se encontre em estado de perturbação (morte súbita ou violenta, por exemplo) pode “sentir” o calor da fornalha. O corpo está morto, obviamente! Mas o espírito pode ainda não estar inteiramente desligado, e por isso, ao ver-se cercado pelas chamas, associa à sensação de queimadura e sofre. É de bom alvitre aguardar 72 horas antes da cremação.
Os possíveis leitores poderão estar perguntando como procederia o autor deste artigo quando de seu desencarne? E eu respondo: provavelmente serei enterrado. Um túmulo (comprado há mais de 40 anos) me aguarda em um cemitério jardim.
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui: jgarcelan@uol.com.br
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui: jgarcelan@uol.com.br
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