
QUAL É A LÓGICA DO
.
RÉVEILLON NA PRAIA?

Quem leu, logo abaixo, o artigo do mestre Morgado provavelmente ficou com dificuldades para responder à indagação que ele faz ao fim da crônica: Afinal, as pessoas vão à praia no ultimo dia do ano para deixar ou para acumular stress?
Diz a tradição e a nossa cultura que se deve vestir uma roupa branca, ver a queima de fogos e dar sete mergulhos, ou pular sete ondas. Para dar sorte no ano que se inicia.

Mesmo assim, porque tenho a benção de poder desfrutar do convívio dos meus pais – ambos completando 80 anos nestes 2010 – e de meus familiares, quase todos residentes em Santos e São Vicente, não tenho alternativa senão desfrutar o prazer da companhia deles, mesmo tendo pela frente o desgaste de enfrentar a descida da serra em meio àquela multidão.
Este ano, passei novamente o Natal e o ano novo com eles. No Natal, o movimento é relativamente calmo porque a horda resolve descer é mesmo para o réveillon. Por isso, tive o cuidado de programar a descida para depois da multidão. Sai de casa com minha mulher de moto às 11 h. O movimento na Anchieta e na Imigrantes acabara de se normalizar. O trânsito passou a fluir naturalmente naquele horário, menor até mesmo do que em fins de semana normais.
Pretendia ver o espetáculo dos fogos descendo a serra, onde é possível avistar várias cidades do litoral como Santos, São Vicente, Guarujá, até a Praia Grande. Como tinha algum tempo e o trânsito no ABC e na Capital praticamente inexistia, resolvi contornar a Avenida Paulista, que reuniu mais de 2,5 milhões de pessoas. Algo como incorporar aquela energia positiva antes de descer a serra.


Quando recobrei a visão, percebi que tudo estava bem. Não caímos e não saímos da estrada. Daí para frente, sempre com cautela e debaixo de intenso nevoeiro, conseguimos chegar a Santos por volta da l h da manhã.
A Eva, minha mulher, preferiu ficar em casa com meus pais. Meus irmãos, sobrinhos estavam todos na praia. Deixei a moto, peguei a bicicleta que deixo lá para sempre pedalar quando possível – Santos tem um excelente circuito de ciclovias – e lá fui eu ao encontro dos amigos e familiares.
Parece que levamos a chuva daqui para lá. Porque ela nos acompanhou. Até nossa chegada, e durante os fogos, o tempo estava bom. Mas depois da 1 h fechou e começou a chover. Achei ótimo. Porque estava uma noite muito abafada e aquela chuva foi providencial. E, como num passe de mágica, serviu para dispersar a multidão. E assim foi durante a noite inteira, sob chuva.


Convido os amigos a fazerem a mesma reflexão. E que possam aproveitar cada segundo, minuto, cada hora de cada um dos dias do ano que se inicia.
A pressa, além de ser inimiga da perfeição, é traiçoeira e anda de braços dados com o infortúnio.

Uma saudação especial aos leitores e comentaristas que fizeram deste blog um ícone na Internet. Feliz 2010 e, parafraseando o mestre Morgado, com paz, muita paz e saúde para todos.
Sem pressa.
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*Édison Motta é jornalista
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