
Copa e Olimpíada devolvem o
pão e circo à Ilha da Fantasia
pão e circo à Ilha da Fantasia
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A fauna estelionatária tupiniquim, que esfrega as mãos com a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, (que não possui sequer um estádio em condições de sediar a competição), sente cair no colo uma mina ouro puro, já lapidado. Afinal, construir estádios e toda uma infra-estrutura para uma copa e uma olimpíada exige vultosos investimentos cujos cofres, claro, são os bolsos dos contribuintes. Os arautos da fanfarronice, os abutres de plantão, os políticos, grande parte da imprensa ufanista e, por tabela, substancial parcela da população brasileira estão radiantes.
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OLIMPÍADAS, A ROLETA DO LULA
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O Brasil deu um salto no escuro quando não retirou com prudência sua candidatura. O presidente poderia ter acionado uma rede nacional de rádio e TV para explicar às pessoas que seria muito lindo ter uma olimpíada aqui, só que o custo disso é tal e tal e somos um país em construção (para ser otimista), com prioridades extremamente mais cruciais, nos mais variados setores. Um país que sequer controla a epidemia de dengue vai fazer um gasto absurdo desses. Um país que deveria investir sim na alfabetização do seu povo, onde mais de 60% da população mal assina o nome.
Ainda na sexta-feira, aqui no blog do Edward de Souza, teve um leitor que respondeu furioso às críticas que de cara fiz à “vitória” do Brasil na Dinamarca. Ele argumentou, não com essas palavras, que com Olimpíada, ou sem Olimpíada, o governo não gastaria esses 30 bilhões na área social. Foi mais ou menos isso.

Essa aventura do presidente, avalizada por uma parcela expressiva da população e de personalidades famosas que pleitearam o Rio como sede do grande evento mundial, terá um preço totalmente incompatível com nossa realidade. Não somos os Emirados Árabes, onde se queima charuto com folhas de petrodólares. Aqui é o país dos desdentados e dos desesperados, muitos deles transformados em facínoras por desespero ou ambição doentia, fomentada pelos medíocres valores do capitalismo. Não se poderia fazer uma festa desse custo quando a tragédia do país, em todos os sentidos e dimensões, está ali ao lado. A começar, literalmente, pela favela da Rocinha, que certamente vão esconder com tapumes gigantescos.

Em paralelo, estamos comprando os caças para a defesa do país, um investimento que pode até ser polêmico, mas que tem sua lógica e seus argumentos aceitáveis. E vamos bancar uma Copa do Mundo. Somando tudo, noves fora a roubalheira, que até meu gatinho sabe que acontecerá, como ficará este pobre Brasil nos próximos anos?
E para finalizar, como iniciei com números orçamentários, não custa nada recapitular de quanto é o orçamento da cidade do Rio de Janeiro, que sediará a Olimpíada: não chega a 11 bilhões de reais. Ou seja, a irresponsabilidade daria para financiar a cidade durante três anos.