Milton Saldanha
Naquela encarniçada disputa pelo governo gaúcho chegou a vez do comício do Brizola em Santa Maria. O palanque era enorme, construído na Praça Saldanha Marinho para os festejos do centenário da cidade, ao longo do ano, em 1958, e acabou virando uma grande tribuna livre, usada para todo tipo de evento, de Carnaval à festa de igreja. O PTB conseguiu reunir de 50 a 60 mil pessoas, até ali, com certeza, a maior concentração política que a cidade já conhecera. Era uma grande festa, com luzes, rojões, bandeiras e alto-falantes instalados por toda a praça e esquinas mais próximas. Consegui subir no palanque, tinha só 13 anos. A segurança nem ligou. Levava uma bandeira na mão e fui me enfiando por entre a multidão de políticos. De repente estava lá na frente, ao lado do próprio Leonel Brizola, a grande estrela da noite, e ali fiquei durante todo o comício, agitando a bandeira, gritando, aplaudindo, com o entusiasmo de um militante. Um deputado estadual, Croacy de Oliveira, raposa velha, ficou observando tanta vibração e me falou, naquele tom dos sábios mais velhos e de quem está acostumado a fazer demagogia com todo mundo: “você vai ser um grande político!” Enganou-se o deputado. Na verdade não me tornei grande em coisa nenhuma, exceto em caráter.
Brizola era muito jovem, usava um bigodinho estilo Clark Gable, cabelo bem preto e crespo, puxado para trás, com brilho de algum fixador, como era moda. Estava com paletó xadrez, mas sem gravata, sorria e abanava para a multidão o tempo todo. Ao seu lado, muito simpática, sorridente, dona Neusa, sua mulher, irmã do presidente Jango. Lá do alto a gente via aquele mar de cabeças, faixas, cartazes, bandeiras, mãos erguidas aplaudindo, punhos fechados esmurrando o ar. Rostos, só de quem estava mais perto do palanque. O resto era uma massa sem face, que gritava de tudo e ao mesmo tempo, ninguém sem entender ninguém, só muito barulho.
Brizola ganha a eleição, foi um passeio. Até ali, contudo, pouco se sabe sobre ele, exceto que fora um bom prefeito de Porto Alegre. Seu primeiro ano de governo do Estado transcorre opaco, até que vira líder de massas populares da noite para o dia, em poucas horas, algo realmente impressionante. Logo você saberá como isso aconteceu.
No centro da Praça Saldanha Marinho, a principal de Santa Maria, havia um potente som, instalado sobre a cobertura de um coreto. Pertencia a rádio Santamariense e ligavam todos os dias às 6 da tarde, quando era transmitida a Hora da Ave Maria, um momento bonito da cidade, com a prece e a música. Mas sempre que havia alguma notícia em edição extraordinária eles também ligavam o som da praça, momento em que os transeuntes paravam qualquer coisa que estivessem fazendo para ouvir. Eu estava passando na frente da praça na tarde daquele 25 de agosto de 1961 quando o som entrou de repente: “E atenção, Brasília, urgente! O presidente Jânio Quadro acaba de renunciar. Deixou uma carta e já saiu do Palácio do Planalto, tomando rumo ignorado. Repetimos: o presidente Jânio Quadros acaba de renunciar!
Todas as pessoas por ali ficaram mudas e inertes por alguns segundos. O choque foi brutal, principalmente porque quase todo mundo já estava começando a gostar do Jânio, em seu sétimo mês de governo, inclusive eu, que ainda não votava, mas tinha sido um incisivo defensor do seu principal adversário, o marechal Teixeira Lott, candidato do PTB, o “Homem da Espada”, contra o “Homem da Vassoura”. Aquelas loucuras populistas do Jânio eram gostosas para o povão. E, para nós da esquerda estudantil, a condecoração a Che Guevara, então ministro da Fazenda de Cuba, tinha sido um gesto tão surpreendente quanto simpático. Qualquer coisa que pudesse irritar os norte-americanos nos alegrava. Jânio, eleito pela UDN – União Democrática Nacional, semente daquilo que virou PFL e atual DEM, só que pior ainda, como se sabe tentou um golpe e caiu do cavalo. Tinha sido eleito com mais de 5 milhões de votos, recorde absoluto até ali na história republicana. Tinha apoio e simpatia nas Forças Armadas. Seu marketing populista era eficiente, ainda que barato, envolvendo coisas minúsculas como proibição de briga de galos e biquínis nas praias. Tinha acariciado a esquerda com Guevara e deixado desconfiada a direita. Quebrava protocolos e inventava modas, como seu famoso jaleco, sem gravata, com mangas curtas. Estava intensamente presente na mídia, todos os dias, pelos mais variados e até banais motivos. Dava a impressão que estava começando a endireitar o país. Pena que era só impressão. Por tudo isso, superestimou suas chances de se tornar ditador, com o plano de fechar o Congresso. Voltaria da renúncia nos braços do povo, como se dizia, só que o povo ficou em casa ouvindo a crise pelo rádio. Ninguém, absolutamente ninguém, de norte a sul, saiu sequer na calçada da própria casa para chamar Jânio de volta. Ele ficou várias horas na base aérea de Cumbica (não existia o atual aeroporto internacional), em Guarulhos, com a faixa presidencial na mala. Esperando, evidentemente, para usar no triunfal retorno. Depois embarcou num navio cargueiro, iniciando seu exílio voluntário, numa solidão deprimente.
E assim o louco, insensato, jogou o país numa crise institucional gravíssima, que nos custou muito caro, ou mais do que isso, danos irreparáveis, sobretudo a partir da ditadura militar implantada em 1964.
____________________________________________________________
AMANHÃ, O CAPÍTULO FINAL AQUI NO BLOG: O RIO GRANDE DO SUL SE LEVANTA EM ARMAS E DIZ NÃO À DITADURA. COMEÇA A CAMPANHA DA LEGALIDADE. É 1961.
Brizola era muito jovem, usava um bigodinho estilo Clark Gable, cabelo bem preto e crespo, puxado para trás, com brilho de algum fixador, como era moda. Estava com paletó xadrez, mas sem gravata, sorria e abanava para a multidão o tempo todo. Ao seu lado, muito simpática, sorridente, dona Neusa, sua mulher, irmã do presidente Jango. Lá do alto a gente via aquele mar de cabeças, faixas, cartazes, bandeiras, mãos erguidas aplaudindo, punhos fechados esmurrando o ar. Rostos, só de quem estava mais perto do palanque. O resto era uma massa sem face, que gritava de tudo e ao mesmo tempo, ninguém sem entender ninguém, só muito barulho.
Brizola ganha a eleição, foi um passeio. Até ali, contudo, pouco se sabe sobre ele, exceto que fora um bom prefeito de Porto Alegre. Seu primeiro ano de governo do Estado transcorre opaco, até que vira líder de massas populares da noite para o dia, em poucas horas, algo realmente impressionante. Logo você saberá como isso aconteceu.
No centro da Praça Saldanha Marinho, a principal de Santa Maria, havia um potente som, instalado sobre a cobertura de um coreto. Pertencia a rádio Santamariense e ligavam todos os dias às 6 da tarde, quando era transmitida a Hora da Ave Maria, um momento bonito da cidade, com a prece e a música. Mas sempre que havia alguma notícia em edição extraordinária eles também ligavam o som da praça, momento em que os transeuntes paravam qualquer coisa que estivessem fazendo para ouvir. Eu estava passando na frente da praça na tarde daquele 25 de agosto de 1961 quando o som entrou de repente: “E atenção, Brasília, urgente! O presidente Jânio Quadro acaba de renunciar. Deixou uma carta e já saiu do Palácio do Planalto, tomando rumo ignorado. Repetimos: o presidente Jânio Quadros acaba de renunciar!
Todas as pessoas por ali ficaram mudas e inertes por alguns segundos. O choque foi brutal, principalmente porque quase todo mundo já estava começando a gostar do Jânio, em seu sétimo mês de governo, inclusive eu, que ainda não votava, mas tinha sido um incisivo defensor do seu principal adversário, o marechal Teixeira Lott, candidato do PTB, o “Homem da Espada”, contra o “Homem da Vassoura”. Aquelas loucuras populistas do Jânio eram gostosas para o povão. E, para nós da esquerda estudantil, a condecoração a Che Guevara, então ministro da Fazenda de Cuba, tinha sido um gesto tão surpreendente quanto simpático. Qualquer coisa que pudesse irritar os norte-americanos nos alegrava. Jânio, eleito pela UDN – União Democrática Nacional, semente daquilo que virou PFL e atual DEM, só que pior ainda, como se sabe tentou um golpe e caiu do cavalo. Tinha sido eleito com mais de 5 milhões de votos, recorde absoluto até ali na história republicana. Tinha apoio e simpatia nas Forças Armadas. Seu marketing populista era eficiente, ainda que barato, envolvendo coisas minúsculas como proibição de briga de galos e biquínis nas praias. Tinha acariciado a esquerda com Guevara e deixado desconfiada a direita. Quebrava protocolos e inventava modas, como seu famoso jaleco, sem gravata, com mangas curtas. Estava intensamente presente na mídia, todos os dias, pelos mais variados e até banais motivos. Dava a impressão que estava começando a endireitar o país. Pena que era só impressão. Por tudo isso, superestimou suas chances de se tornar ditador, com o plano de fechar o Congresso. Voltaria da renúncia nos braços do povo, como se dizia, só que o povo ficou em casa ouvindo a crise pelo rádio. Ninguém, absolutamente ninguém, de norte a sul, saiu sequer na calçada da própria casa para chamar Jânio de volta. Ele ficou várias horas na base aérea de Cumbica (não existia o atual aeroporto internacional), em Guarulhos, com a faixa presidencial na mala. Esperando, evidentemente, para usar no triunfal retorno. Depois embarcou num navio cargueiro, iniciando seu exílio voluntário, numa solidão deprimente.
E assim o louco, insensato, jogou o país numa crise institucional gravíssima, que nos custou muito caro, ou mais do que isso, danos irreparáveis, sobretudo a partir da ditadura militar implantada em 1964.
____________________________________________________________
AMANHÃ, O CAPÍTULO FINAL AQUI NO BLOG: O RIO GRANDE DO SUL SE LEVANTA EM ARMAS E DIZ NÃO À DITADURA. COMEÇA A CAMPANHA DA LEGALIDADE. É 1961.
__________________________________________
*Milton Saldanha, 63 anos, gaúcho da fronteira, é jornalista profissional, com mais de 40 anos de atividades. Começou em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 1963. Foi repórter e exerceu cargos de chefia em alguns dos principais veículos do Brasil, como Rede Globo, jornais O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde, Diário do Grande ABC, revista Motor 3, Folha da Manhã (RS) e outros. Foi repórter em Última Hora, trabalhando com Samuel Wainer. Já assinou artigos e reportagens em mais de uma centena de publicações de todo o Brasil. Trabalhou também em assessoria de imprensa, para empresas e entidades públicas, como Ford Brasil, Conselho Regional de Economia e IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas. É autor do livro “As 3 Vidas de Jaime Arôxa”, pela Editora Senac Rio, e participou como cronista da antologia “Porto Alegre, Ontem e Hoje”, pela Editora Movimento, do Rio Grande do Sul. Assinou também orelhas de diversos livros sobre dança e música, de autores brasileiros. Um ano antes de se aposentar, quando era editor-chefe do Jornal do Economista, em São Paulo, fundou o jornal Dance, que em julho completa 15 anos. Tem novo livro pronto, ainda inédito. É “Periferia da História”, onde conta de memória 45 anos da recente história brasileira. Trabalha em novos projetos editoriais, como jornalista e escritor. Na área de dança, organiza uma coletânea com os melhores editoriais publicados no Dance. Atualmente prepara um livro sobre Maria Antonietta, grande mestra da dança de salão carioca, que morreu recentemente. Apaixonado por viagens conhece quase todo o Brasil e já visitou cerca de 40 países. Por hobby e paixão é dançarino de tango.
_____________________________________________________________
*Milton Saldanha, 63 anos, gaúcho da fronteira, é jornalista profissional, com mais de 40 anos de atividades. Começou em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 1963. Foi repórter e exerceu cargos de chefia em alguns dos principais veículos do Brasil, como Rede Globo, jornais O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde, Diário do Grande ABC, revista Motor 3, Folha da Manhã (RS) e outros. Foi repórter em Última Hora, trabalhando com Samuel Wainer. Já assinou artigos e reportagens em mais de uma centena de publicações de todo o Brasil. Trabalhou também em assessoria de imprensa, para empresas e entidades públicas, como Ford Brasil, Conselho Regional de Economia e IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas. É autor do livro “As 3 Vidas de Jaime Arôxa”, pela Editora Senac Rio, e participou como cronista da antologia “Porto Alegre, Ontem e Hoje”, pela Editora Movimento, do Rio Grande do Sul. Assinou também orelhas de diversos livros sobre dança e música, de autores brasileiros. Um ano antes de se aposentar, quando era editor-chefe do Jornal do Economista, em São Paulo, fundou o jornal Dance, que em julho completa 15 anos. Tem novo livro pronto, ainda inédito. É “Periferia da História”, onde conta de memória 45 anos da recente história brasileira. Trabalha em novos projetos editoriais, como jornalista e escritor. Na área de dança, organiza uma coletânea com os melhores editoriais publicados no Dance. Atualmente prepara um livro sobre Maria Antonietta, grande mestra da dança de salão carioca, que morreu recentemente. Apaixonado por viagens conhece quase todo o Brasil e já visitou cerca de 40 países. Por hobby e paixão é dançarino de tango.
_____________________________________________________________
Queridas amigas e amigos
ResponderExcluirHoje, de forma inusitada, o próprio autor abre este espaço. Mas apenas para lembrar que ontem cheguei tarde do trabalho, no Rio de Janeiro, e fui correndo postar meus comentários e respostas. Quem não viu, por favor, faça uma visitinha. Hoje retorno a SP e ficará mais fácil.
Beijos!
Milton Saldanha
Ôi Milton, ontem mesmo, depois das 23 horas, eu li todas as suas respostas, além de comentários do Édison Motta, que fez uma dobradinha com vc. Vi até que vc chamou a minha atenção, né? Hummmmmm.......
ResponderExcluirO assunto de hoje é ótimo, até porque toca num dos episódios mais críticos de nossa história, que foi a renuncia do Jânio Quadros. Mas, confesso, desde pequena nunca gostei do Brizola, para mim era um embrulhão de marca maior. Deve ser por causa do meu pai, que dizia que Brizola só serve para cuidar da fazenda com milhares de cabeças de gado que tem (tinha) no Uruguai. Influência paterna.
Bjos,
Martinha - SBC - Metodista
Olá Milton e amigos do Blog,
ResponderExcluirHoje apressei-me em ler o precioso relato do Milton e postar meu comentário. Sei que o dia vai ser agitado e não quiz correr o risco de deixar para depois. Faço coro ao Milton e indico a leitura dos comentários de ontem. Ele só não respondeu se deu tempo de ir conhecer o El Faro, na praia de Copacabana e deleitar-se com a maravilhosa sangria (vinho tinto, gelado com pedaços de frutas). Talvez tenha se perdido nas boates das proximidades, ehehehe (brincadeira heim caríssimo amigo)
Mas vamos ao assunto:
O Jânio realmente colocou o País numa crise institucional sem precedentes. Quando jovem, ainda professor de portugues na capital paulista, foi abordado por um vidente, na Praça da Sé. Que pediu para ler sua mão. E fez a profecia: disse que ele seria presidente da Republica, sairia antes de completar o mandato e depois voltaria nos braços do povão. Jânio acreditou ( não é lenda, a história é verdadeira), largou o magistério e caiu de cabeça na política. Fez uma carreira meteórica: vereador, prefeito, governador e presidente.
Dizem que no dia da renúncia estava de porre. Pretendia, sim, voltar tanto que levou a faixa presidencial consigo. Deu com os burros n'água porque os militares estavam, desde a morte do Getúlio, de espreita para dar o bote.
Conheci Jânio e Brizola pessoalmente. Dia desses conto algumas histórias, inclusive do Brizola ao voltar do exilio e procurar o Lula num encontro que eu intermediei, para que se unissem e chegassem à presidencia. O Lula o rejeitou.
Milton, permita-me contraditá-lo: você é grande sim. Além do caráter irreparável tem um estilo único e atraente de contar histórias. Seu livro, com certeza, será um grande sucesso. Repito minha sugestão de ontem: que tal mudar o nome de "periferia" para "bastidores"?
Grande abração e obrigado!
édison motta
Santo André, SP
Bom dia Edward.
ResponderExcluirCaro amigo...
Veja ai se vc consegue mostrar a realidade de nossa indústria curtumeira, já que até o Bella franca está indo à falência, mas os donos ficam com todos os benefícios, a exemplo do Samello, e outras fábricas que quebraram aqui em Franca. Os pobres funcionários, além de desempregados, nem o pagamento recebem. E os "quebrados" em suas fazendas e andando em seus carrões.
É um bom assunto para o blog, veja se é possível.
Grato pela atenção
Islei dos Santos - Franca - SP
CONTRIBUIÇÃO DO BLOG
ResponderExcluirCARTA RENÚNCIA DE JÂNIO QUADROS -
AGOSTO DE 1961:
"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.
"Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.
"Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranqüilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.
"Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.
"Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.
"Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."
Brasília, 25 de agosto de 1961.
Jânio Quadros"
Olá Milton e Edward...
ResponderExcluirParece incrível, mas sempre tive curiosidade em ler essa tal carta de renúncia de Jânio Quadros. Desde pequena, na escola, quando ouvia falar sobre esse assunto, pensava comigo, e a tal carta? Eis que ela aparece hoje na íntegra. Fiquei emocionada em ler tal documento. Uma parte de nossa história escrita em poucas linhas. Vc leu meus pensamentos, Edward, obrigada. Já copiei e vou imprimir em instantes.
Sua série Milton, está eletrizante e chamando muito a atenção, tanto que ontem várias colegas comentaram o assunto comigo, parabéns.
Mônica - Santo André - Metodista
Prezados irmãos e irmãs do blog:
ResponderExcluirPara nós, paulistas, o cantor Amado Batista tem semelhança com o Leonel Brizola. Amado faz sucesso no Norte; Brizola, no sul.
Padre Euvídio
Olá Edward,
ResponderExcluirpassar por aqui é sempre uma grande aula...e só tem fera!!
Quanto ao Brizola, confesso que fui uma grande fã, principalmente pela coragem em desafiar publicamente o "imperialismo norte americano", etc, etc,...rsrsrs...bons tempos aqueles.
E o Jânio-político-honesto bebeu tanto que esqueceu de avisar a própria família que tinha fortuna escondida no exterior... na qual até hoje não puseram a mão.
Nada contra a bebida, é contra o Jânio mesmo!
Beijos a todos e hoje, um brinde especial ao Milton!
Claudia Galvão
Santo André
Olá amigos...
ResponderExcluirA sequência dos relatos do Milton Saldanha coloca as pedras do tabuleiro político, a partir dos anos 50, em posições definidas para compreenção da atualidade, quando apenas as moscas são outras. Aguardemos, com ansiedade, o capítulo seguinte.
Lá em cima, neste espaço, o sempre lúcido Edison Motta sugere que no momento de sua renúncia Jânio Quadros estaria com o grau etílico alterado. Então, caro Motta, Milton e amigos, o problema da "martida" nos políticos de plantão vem de pai pra filho. Dizem que o atual ocupante do principal palácio deste pais, também é chegado a umas, outras e mais outras.
Tive alguma convivência com ele (o atual), nos anos 60 quando a gente batia um truquinho, uma caxeta ou dominó no Bar do Peixe, na Estrada das Lágrimas, em São Caetano, onde eu residia. Era passagem obrigatória do atual comandate deste país, quando deixava o trabalho (naquele tempo ele trabalhava) na Villares, em São Bernardo, a caminho de sua casa na Vila Carioca (Ipiranga/SP). Qualquer dia conto neste blog os berros do barbudinho (truco, seis, nove, seu pilantra) e das porradas na mesa, devidamente estimulados por alguns goles de conhaque drurys e caninha três fazendas.
abraços
Oswaldo Lavrado - SBCampo
Ôi Milton, olá minhas amiguinhas e amiguinhos do blog.
ResponderExcluirPor isso a gente viciou nesse blog, espaço democrático. Respeitando as opiniões de Milton Saldanha e da Claudia Galvão, tenho a impressão que o Padre Euvídio, mesmo brincando, acertou na mosca. Brizola nunca foi simpático aos paulistas. Meus pais, quando ele se candidatou, e não faz tanto tempo, eram radicalmente contra ele. Apesar de menina ainda, não me esqueço disso. O grande sonho de Brizola, como também de todo o político de carreira, era chegar à Presidência da República, não conseguiu. Até porque, quando tentou pra valer, já estava velho e superado. Lula tinha mais nome que Brizola, só lermos o depoimento do jornalista Édison Motta acima. Brizola tentou uma dobradinha para ver se chegava ao Poder e foi rejeitado por Lula, muitas vezes chamado por Brizola de "Sapo Barbudo".
Não se pode negar que Brizola era carismático, tanto que se elegeu Governador do Rio, mas não tinha vez em São Paulo, grande curral eleitoral, com isso, seu sonho à Presidência terminou.
Bjos a todos,
Cindy - São Caetano - Metodista
Queridas amigas e amigos
ResponderExcluirMartinha, não chamei sua atenção, apenas brinquei, você foi muito gentil comigo, obrigado de coração. Édison Motta, anotei seu bar preferido aqui no Rio para meu retorno, em breve. Estou trabalhando num livro sobre Maria Antonieta, patrocinado pela Costa Cruzeiros, e vim pegar depoimentos de famosos da dança por aqui. Tenho que terminar o dito até outubro, pauleira total. Obrigado pela participação, que sempre me honra, também ao Edward, com a grande sacada de mostrar a carta da renúncia. Eu não lembrava mais do texto. E a Mônica e padre Euvidio. Claudia Galvão, o Brizola deu as suas mancadas, como todo mundo, mas fez um grande governo no RS e na primeira gestão no Rio, quando teve ao lado o gênio de Darci Ribeiro. Sua segunda gestão no Rio, ao contrário, foi medíocre. E teve uma fixação admirável pelo investimento em educação. Obrigado também a você, grande Oswaldo Lavrado, e a todos mais que ainda aparecerão por aqui, certamente, nos honrando com contribuições inteligentes. Voltarei mais tarde.
Beijos!
Milton Saldanha
Prezada Cindy
ResponderExcluirSua análise está perfeita, Brizola nunca conseguiu espaço expressivo em SP. Se tivesse mais eleitores em SP teria chegado à presidência, com certeza. Passou muito perto. Foi nome fortíssimo no RS e Rio. Em Minas também não tinha força. Foi vice de Lula, não esqueçam, na campanha derrotada. As relações entre eles oscilaram entre beijos e tapas. Em termos pessoais, se admiravam. No campo politico brigavam por hegemonia, liderança.
Beijos!
Milton Saldanha
Em menos de 50 anos o Brasil cresceu, não Milton Saldanha? Para se ter uma idéia, Jânio foi eleito com pouco mais de mais 5 milhões de votos, nessa luta contra o Lott. Foi, até aquela eleição, a votação mais expressiva conseguida por um político à Presidência. Jânio obteve 48 por cento dos votos contra 32 por cento do Lott. O mais engraçado dessa história toda, e isso vc abordou ontem, Milton, é que João Goulart, o Jango, era vice na chapa de Lott e acabou sendo eleito para a vice-presidência do Brasil, assumindo a Presidência depois da renúncia de Jânio. Agora a minha pergunta, Milton, Édison Motta ou Edward: se o Marechal Lott era contra os comunistas e políticos considerados de esquerda, como pode aceitar em sua chapa o João Goulart?
ResponderExcluirBjos...
Priscila - São Paulo - Cásper Líbero
Voltei meus queridos irmãos e irmãs porque ando muito preocupado esses dias. Faz quase uma semana que o J. Morgado não vêm à missa e nem dá as caras nesse blog. A última vez que veio à missa, J. Morgado estava tossindo muito. Percebi quando dei a benção à ele. Podem me informar sobre seu paradeiro?
ResponderExcluirOutra coisa, sobre o assunto escrito pelo Milton Saldanha no blog hoje. Todas as vezes que falam sobre o Jânio eu me lembro do Padre Crispim. Ele tem o apelido de "Forças Ocultas". Não tem vinho que chegue pra ele. Ontem liquidou com dois garrafões de 5 litros cada um e deu a desculpa que era por causa do frio.
Arrumei uma garrafinha daquele especial que vem do Vaticano e escondi debaixo da minha cama, não deixem ele saber, por favor...
Padre Euvídio
Prezado Jornalista e conterrâneo Milton Saldanha...
ResponderExcluirAcompanhei com atenção seu relato explêndido sobre fatos marcantes de nossa política. Li seu artigo de ontem e o de hoje, quando trata da figura histórica de Leonel Brizola.
É minha primeira visita ao Blog e percebo que existe até espaço para divulgação literária. Como o nobre amigo fala de Jânio, mas tambpém de Brizola, eu, como "Brizolista" fanático recomendo que leiam o livro "Depois de Leonel Brizola", de Gilberto Felisberto Vasconcellos. A obra, que retrata a história e o legado de Leonel Brizola, pode ser encontrada nas livrarias das principais cidades do RS, como Porto Alegre, Caxias, Pelotas e agora também em São Paulo e Rio. Vale a pena ler...
Um abraço e parabéns a vocês por esse espaço democrático!
João Penna Rezende - Porto Alegre
Boa tarde senhor Milton!
ResponderExcluirTambém, a exemplo do meu amigo João Penna, que me indicou esse blog, é a primeira vez que venho visitá-los.
Olha, dia 22 agora completa mais um ano do falecimento de Brizola. Sim, ele morreu em junho, aos 82 anos de idade.
Ao Brizola eu devo o primeiro lápis que tive na vida, o primeiro caderno – que a minha mãe guarda até hoje – a oportunidade de praticar esporte e música em um espaço digno e o acesso à alimentação com proteína de primeira linha. Impossível também esquecer o dia em que eu e os meus colegas lá do Partenon recebemos um tênis padrão das ‘brizolinhas’, como eram chamadas as milhares de escolas públicas que ele mandou construir nos bairros pobres de Porto Alegre. Lembro, como se fosse hoje, que ouvi a justificativa do Brizola pelo rádio:
"É um absurdo que os animais do nosso País sejam mais bem-tratados que nossas crianças. Nunca vi no Brasil um bezerro abandonado, nem cavalo sem ferradura no casco. Toda criança pobre tem que ter, no mínimo, o direito a um sapato no pé".
Isso foi objeto de muitas críticas na imprensa dos conservadores, que já naquela época tentavam desmoralizá-lo, dizendo que o Brizola era o prefeito dos "pés-de-chinelo", como se isso fosse uma ofensa.
Portanto, a ajuda dele foi indireta, mas fundamental, decisiva. Eu só comecei a estudar aos 8 anos de idade porque, até 1958, não havia vagas disponíveis, eram raríssimas as escolas públicas para o primário na periferia de Porto Alegre. Da mesma forma, o ginásio onde estudei também foi construído durante a gestão dele na prefeitura da cidade. Por causa dessa base emotiva, nunca deixei de acompanhar com interesse a trajetória do Brizola como estadista. Décadas depois, vibrei muito quando ele reproduziu a experiência das ‘brizolinhas’ no Rio de Janeiro, que ganharam o nome de Cieps, com o incentivo de outro guerreiro dos trabalhadores "não-organizados" do País, o Darcy Ribeiro. Ambos vão fazer muita falta. Nunca entendi por que ele jamais teve o apoio da esquerda dos sindicalistas, dos trabalhadores organizados de São Paulo. Mas essa é uma história para um comentário mais longo nesse blog. Espero que algum dia o Brizola tenha a sua obra e a importância histórica reconhecidas não só pelos pobres do Brasil.
Arthur Leopoldo Rocha - Porto Alegre
Ôi pessoal...
ResponderExcluirUma pena Brizola ter morrido. Quem vê certos comentários pensa que o Rio era uma maravilha antes dele. O único homem que não se vendeu aos palácios, às elites, como Lula e FHC. Me emociona ver tantos comentários favoráveis a Brizola, pois o normal é(era) vermos trucidação pública feita pelos principais inimigos dele: a Globo e o SBT, que varrem as mentes com novelas mentirosas, programas vespertinos energúmenos e jornais, idem!!!
Bjos.....
Marcela - Rio de Janeiro
Padre Euvidio: o Morgado está bem, graças a Deus. O único problema é que ficou sem computador esta semana. Falei com ele hoje cedo, ao telefone, e ele pediu que avisasse os amigos. A verdade é que ele faz falta, muita falta, com sua paz, muita paz, entre nós.
ResponderExcluirPriscila: o marechal Lott não aceitou o Goulart em sua chapa. Naqueles tempos a eleição de vice era independente. O que ele aceitou foi o resultado das eleições. Se quisesse teria força para dar um golpe. O que não fez e passou para a história como grande democrata.
Concordo com o Milton que o Brizola fez um significativo governo no RS e no Rio. Especialmente o primeiro, do Rio Grande: tenho alguns outros amigos gaúchos que foram crianças, assim como o Milton, quando o Brizola governou o Estado. Todos ficaram impressionados com a quantidade e qualidade das escolas rurais que ele construiu. Não há como negar a importante presença dele na história do Brasil. Para o bem ou para o mal. A ditadura militar, por exemplo, prolongou-se porque as pesquisas internas feitas pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) indicavam que se eles abrissem o Brizola se elegeria na certa, mesmo com pouca votação em São Paulo.Era o terror dos quarteis e fator de unidade, o inimigo comum das duas correntes do regime. Para retomar a democracia, foi preciso criar o Lula para dividir as oposições.
Lavrado: também fui companheiro de halterocopismo de nosso atual mandatário-mor nos velhos tempos de sindicato, antes do PT. Assim como também foi o nosso estimado Edward Souza. Não é Edward? Hoje as coisas mudaram. Continuamos na pinga com limão - o padre Euvidio não manda nem um pouquinho do vinho santo do Vaticano pra nós - e ele só toma uisque 12 anos.Nada contra, como diz a Claudia Galvão:
Saúde estimado presidente!
Grande abraço a todos,
édison motta
Santo André, SP
Milton, Edward e Édison, quero apenas fazer uma correção. O Senhor Arthur Leopoldo Rocha, de Porto Alegre, disse que Brizola faleceu no dia 22 de junho. O erro foi apenas um dia. Na verdade, Leonel de Moura Brizola, ex-governador do estado do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, morreu na noite de 21 de junho, aos 82 anos. Era o presidente de honra do PDT e vice-presidente da Internacional Socialista.
ResponderExcluirQuanto à série, excelente. Nos proporciona relembrar épocas marcantes de nossa política.
Beijinhos a todos.
Claudete - São Paulo - Cásper Líbero
Olá Milton Saldanha.
ResponderExcluirA Claudia Galvão lembrou bem em seu comentário acima, ao dizer que Brizola desafiou publicamente o imperialismo norte americano. Mais que isso, Brizola era um tipo raro, que ousou defender a democracia do nosso País de armas nas mãos. Em 1961, quando os militares tentaram impedir a posse de João Goulart, Brizola se entricheirou no Palácio Piratini (sede do governo gaúcho), e organizou a "Cadeia da Legalidade" (rede de emissoras de rádio, pelas quais convocou a população a defender a ordem democrática, em discursos históricos). Os militares nunca perdoaram Brizola pela afronta. Por isso sempre fui sua fã.
Pelo que vi na chamada do blog, acredito até que esse seja seu assunto final de amanhã, não?
Bjos,
Daniela - Universidade Federal de Juiz de Fora/MG
Tarde, gente!!!
ResponderExcluirTodos nóis é fã do Jânio e num gosta do Brizola.
No buteco tem o palavreado mais famoso do Jânio, que fez história. A praquinha que tem aqui tem a sinatura do Jânio, presta tensão gente: "Bebo porque é líquido, Se sólido fosse, come-lo-ia".
O zoim, treis perna, barriga dagua e o fedentina adora o que o Jânio falo. Si entendi num sei.......
Agostinho Freitas (Moleque Saci) - Pinda
"É uma infelicidade da época que os doidos guiem os cegos".
ResponderExcluirWilliam Shakespeare
Olá, amigos!
ResponderExcluirExcelente a abordagem de nosso colega Milton Saldanha, como sempre. Está intimado a publicar logo o seu livo. Se precisar de uma revisora, me candidato agora!
Como jornalista e gaúcha, não posso deixar de reconhecer a importância política de Leonel Brizola, principalmente quanto aos seus programas educacionais. Ele faz parte da história deste país, admiremos ele ou não.
E para os amigos que brincaram acerca do halterocopismo: esqueceram que seu antigo companheiro não aprecia, agora, só uísque 12 anos, é chegado também a um precioso Romanée-Conti, n'est pas?
É isso Nivia, faz um bom tempo que nosso chefe abandonou bebidas de pobres. A última vez estava eu, ele e o Suplicy, na Padaria Central, Centro de Santo André e ele "sapecou" um Dimple 18 anos goela abaixo, enquanto Suplicy tomava um chocolate quente. Estava um frio de doer. Mas temos boas histórias com o "compadre", melhor esquece-las. Um amigo de profissão americano por pouco não foi expulso do País por essas alegações infundadas (sic). O Édison Motta e o Lavrado que não se cuidem.
ResponderExcluirO engraçado Nivia, foi que, antes do episódio do jornalista americano, o Ademir Medici publicou, com fotos, eu e o compadre tomando umas e outras. E contou nossas andanças pelos butecos do ABC, nos bons tempos. Quase uma página do Diário, tenho o jornal guardado. Bem... Eu e o Ademir continuamos no Brasil, por enquanto. Mas não é bom abusar, mesmo o "compadre" tendo afirmado que não lê blogs. Nunca se sabe.
Abraços...
Edward de Souza
Ôi Milton....
ResponderExcluirAcabo de ler seu texto de hoje. Estou seguindo a série e adorando. Mas, não deixo de ver os comentários do blog, são apaixonantes, quando não muito engraçados. Um deles chamou minha atenção. Aqui na faculdade, os meninos vira e mexe pronunciam essa frase, atribuida ao Jânio Quadros que o Moleque Sací disse ter em seu "buteco". Teria mesmo Jânio pronunciado a frase,"Bebo porque é líquido, Se sólido fosse, come-lo-ia"? Ou apenas intriga da oposição da época?
Beijinhos pra todos vcs e se agasalhem, o frio chegou no Brasil todo.
Andréa - SBC - Metodista
olá meu amigito favorito, um abraço já sabs que me encanta te ler, e estar presente a tuas publicações, mil besitos muack
ResponderExcluirBoa tarde, Milton...
ResponderExcluirA mais sincera confissão já feita por Jânio Quadros sobre os reais motivos que o levaram a renunciar à Presidência da Republica no dia 25 de agosto de 1961 somente foi publicada em 1995, em escassas sete páginas de uma calhamaço lançado por uma editora desconhecida de São Paulo em louvor ao ex-presidente.
Organizado por Jânio Quadros Neto e Eduardo Lobo Botelho Gualazzi, o livro ‘’Jânio Quadros: Memorial à Historia do Brasil’’ é, na verdade, um bem nutrido album de recortes sobre o homem. Grande parte das 340 páginas do livro, publicado pela Editora Rideel, é ocupada pela republicação de reportagens originalmente aparecidas em jornais e revistas sobre a figura esquisita de JQ. Mas esse trecho é de suma importância, leia o diálogo entre o ex-presidente e o neto, no hospital. As palavras de Jânio não deixam margem de dúvidas sobre a renúncia:
-‘’Quando assumi a presidência, eu não sabia da verdadeira situação político-econômica do País. A minha renúncia era para ter sido uma articulação: nunca imaginei que ela seria de fato aceita e executada. Renunciei à minha candidatura à presidencia, em 1960.A renúncia não foi aceita. Voltei com mais fôlego e força. Meu ato de 25 de agosto de 1961 foi uma estratégia política que não deu certo, uma tentativa de governabilidade. Também foi o maior fracasso político da história republicana do país, o maior erro que cometi(...)Tudo foi muito bem planejado e organizado. Eu mandei João Goulart (N:vice-presidente) em missão oficial à China, no lugar mais longe possível. Assim, ele não estaria no Brasil para assumir ou fazer articulações políticas. Escrevi a carta da renúncia no dia 19 de agosto e entreguei ao ministro da Justica, Oscar Pedroso Horta, no dia 22. Eu acreditava que não haveria ninguém para assumir a presidência. Pensei que os militares, os governadores e,principalmente o povo, nunca aceitariam a minha renúncia e exigiriam que eu ficasse no poder. Jango era, na época, semelhante a Lula: completamente inaceitável para a elite. Achei que era impossível que ele assumisse, porque todos iriam implorar para que eu ficasse(...) Renunciei no dia do soldado porque quis sensibilizar os militares e conseguir o apoio das Forças Armadas. Era para ter criado um certo clima político. Imaginei que, em primeiro lugar, o povo iria às ruas, seguido pelos militares. Os dois me chamariam de volta. Fiquei com a faixa presidencial até o dia 26. Achei que voltaria de Santos para Brasília na glória. Ao renunciar, pedi um voto de confianca à minha permanencia no poder. Isso é feito frequentemente pelos primeiros-ministros na Inglaterra. Fui reprovado.O País pagou um preço muito alto. Deu tudo errado’’.
É isso...
Abraços,
Paolo Cabrero - Itú - SP.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQueridas amigas e amigos
ResponderExcluirTanto tempo depois, algumas confusões são normais. Até mesmo para quem viveu aqueles anos. No meu caso, eu era muito novo, sequer votava. Vamos esclarecer: Jango foi eleito como vice de Lott. Mas teve também votos dos eleitores de Jânio. Havia um movimento pela chapa informal Jan-Jan, ou seja Janio-Jango, até com comitês. Lott compôs com Jango sem nenhuma dificuldade. O estancieiro gaúcho não era e jamais foi comunista. Era trabalhista e reformista, coisas bem diferentes. Os comunistas não representavam sequer 10% do colégio eleitoral. E circulou por todo o país naqueles dias a versão de que teriam apoiado Lott só de fachada, formalmente, e que recomendavam por baixo do pano o voto em Jânio. A política é assim, toda feita de contradições e coisas que fogem ao entendimento das pessoas comuns. Eu mesmo nunca entendi essa salada maluca, sabe-se lá como resultado de que acordos secretos e espúrios. Sobre Brizola: foi, sem nenhuma dúvida, um dos maiores líderes de massa da História brasileira. Esse entendimento fica dificil para os paulistas, onde ele nunca conseguiu superar rejeições. Seu governo no RS, repito, foi excelente. E lutou todo o tempo contra a grande imprensa local, que decretou silêncio absoluto sobre sua gestão. Ou seja, sonegando informações ao público. Brizola então passou a comprar um espaço à noite, em todas as sextas, na rádio Farroupilha, quando se diriga ao povo gaúcho em longas pregações políticas. A rádio tinha longo alcance e aquele programa era ouvido por multidões em todo o RS. Quando voltou do exilio Brizola fez algumas alianças que desagradaram aos seus eleitores históricos. Perdeu muitos votos e prestígio por causa disso. Acho que foi seu mais grave erro político, supondo que as pessoas o seguiriam em qualquer circunstância. Eu próprio, que tinha sido um brizolista convicto e aguerrido, fiquei muito irritado. Mas aí tem muita história, muita estrada a percorrer... Vai longe!
Beijos!
Milton Saldanha
Caro Édison Motta
ResponderExcluirAgradeço pelo interesse e cooperação ao sugerir novo título para meu livro. Isso merece meu respeito e esclarecimento: o título foi muito pensado, porque tudo que conto é mesmo periférico quando colocado ao lado da história oficial. Desço aos detalhes, falo da minha experiência, na primeira pessoa, gosto de contar detalhes curiosos e pelos quais, salvo engano, nenhum historiador de visão macro teria interesse. Além disso, periferia tem certa conotação pejorativa, marginal mesmo, que me agrada. Ninguém poderá acusar meu livro de superficial. O título já assume que ele é periférico. Não estará enganando nenhum leitor em busca de análises profundas e complexas. Meu livro é exatamente o contrário disso: leve, solto, escrito com a intenção de ser gostoso ao leitor.
Obrigado e grande abraço,
Milton Saldanha
Falou e disse caríssimo Milton. Agora, com suas sinceras explicações, sou obrigado a convencer-me de que o título está de bom tamanho. A "periferia" realmente vai intrigar. Se é esta a intenção, bingo!
ResponderExcluirNossa querida Nivia já disse que está apta para a revisão. Na verdade ela está ávida em conhecer os outros capítulos antes de nós, pobres mortais. Se bem que ela merece, sobre isso não há dúvidas.
Um abração ao confrade Paolo Cabrero, de Itu. Logo logo, amigo, vamos nos conhecer pessoalmente. Dou um pulo aí com meu "piloto automático". No último sábado desci a serra e fui levar outro abraço caloroso ao mestre Morgado.Ele está ausente, por esses dias, porque pifou seu computador.
Sua contribuição, Paolo,lembrando o livro do neto do Jânio veio em boa hora.
Edward: sai da toca! Amarelando com o sapo barbudo?
É isso aí, somos um time.
Abração,
édison motta
Santo André, SP
Oieeee, pessoal...
ResponderExcluir- Certamente o Brasil chegará próximo ao Primeiro Mundo quando o bairrismo, que beira ao provicianismo, desaparecer. Getúlio, Brizolla, Jânio, Ademar, Lacerda, Juscelino, Arraes, Magalhães,Itamar, Collor, Sarney, Lula e outros (não necessariamente nessa ordem) têm passagem marcante pela intrincada política tupiniquim. Todos a sua maneira.
Como uma coisa puxa a outra:
- Ontem (terça-feira) figuei intrigado com um "debate", ao meio di na TV Ban entre jornalistas esportivos paulistas e gaúchos, analisando o jogo de hoje entre Corinthians e Inter. Parecia discussão - via Embratel - daqueles botecos onde a mortadela fica pendurada na porta por décadas. Os caras, São Paulo/Porto Alegre, ao contrário de fornecer informações, trocavam farpas e, veladamente, ofensas sobre a superioridade de alvi-negros ou colorados. Isso, entendo, é jornalismo de galinheiro e não de um país que pretende ser de primeiro mundo. Assim também é, guardadas poucas proporções, infelizmente,
o jornalismo político. Lamentável.
- Caro Motta e Edward, o truquinho e a cachetinha do Bar do Peixe é café com leite perto do que presenciei à época (anos 60). Tinha final de tarde que o boteco parecia estar girando, girando e as cartas voavam, junto com banquetas, pratos com espinha de peixe e alguns copos, claro, vazios. Também agora, nos anos 80/90/00, fui( e ainda sou) amigo da rebenta do homem (moravamos no mesmo prédio). Por nossa indicação, hoje ela é jornalista, formada por Faculdade de Santos e pela nossa vizinha Metodista, aqui de São Bernardo. Histórias para serem contadas mais à frente.
- Meninas do ABC: o livro "Sombras do vento" pode ser encontrado no Carrefour, Vergueiro/São Bernardo, por R$ 29,90.
Abraços
Oswaldo Lavrado - SBCampo
Édison Motta e Nivia Andres
ResponderExcluirAgradeço aos dois, e se a Nivia bobear vai receber mesmo um calhamaço para revisar. Cuidado! Concluindo esse assunto do título, e do livro, na apresentação estou fazendo uma analogia da minha figura como autor com aquele carreteiro que aparece no quadro do Pedro Américo, fantasiando o Grito da Independência, do Pedro I. Ninguém sabe o nome do carreteiro, quem era, o que estava fazendo lá, de onde vinha e para onde ia. E o cara tá dentro da obra. Ao contrário do que faria qualquer historiador de verdade -- que não é o meu caso nem de longe -- eu também estou dentro da obra. Sou o carreteiro, que ia passando e viu a coisa acontecendo. O popular anônimo do fundo da cena. Com a única diferença que conto o que vi.
Beijos!
Milton Saldanha
Olá boa noite a todos. Lendo os relatos de quem viveu a história, é muito interessante.
ResponderExcluirEu nasci em junho de mil novecentos e cinqüenta e sete. Eu me lembro da vassourinha que era o slogan de campanha de Janio, não sei como eu me lembro disso!
Com o tempo meu pai falava alguma coisa a respeito desse homem, também com o tempo descobri que esse sujeito tomava todas.
Certo jornalista perguntou para o Janio por que ele bebia, e ele respondeu: — “Bebo porque é líquido, se sólido fosse eu comeria”. Acho que foi mais o menos isso, que esse lixo falou.
A respeito de JK. Sei pouco da vida dele. Mas dizem que ele era um desequilibrado sexual, traia a mulher dele com todas que apareciam, era boêmio, e enterrou o Brasil na divida externa construindo Brasília pedindo dinheiro emprestado para o exterior, e quem sofreu com isso foram todos os da minha geração. Brizola nunca gostei dele, sempre achei também um lixo de fala macia.
Portanto meu caro Milton Saldanha, me desculpa se eu estiver errado.
"Tem sido uma amarga penitência para mim digerir a conclusão de que 'essa corrida é para os fortes' e que eu provavelmente farei pouco mais do que me contentar em admirar os avanços que outros obtiveram na ciência." [ Charles Darwin ]
ResponderExcluirBoa noite crianças, tudo bem?
ResponderExcluirBelíssimo relato,amo acessar esse blog, pois através do mesmo,posso me inteirar um pouco mais sobre a política em outras décadas.
Já sabia da tal carta, mas desconhecia seu conteúdo,Jânio se mostrou um homem corajoso.
Que bom seria se a "mania" pegasse na atual política, a começar aqui em Franca, por alguns vereadores, e se estender até Brasília,principalmente aqueles que se dizem nossos representantes,mas na verdade só pensam em fazer seu pé de meia.
Não tenho um partido preferido, mas confesso que gosto da atuação do atual Presidente da República.
Beijosssssssssssssssssss.
Ana Célia de Freitas.Franca/SP.
Estou de volta, mas preciso do apoio de todos vocês....
ResponderExcluirÉ necessário que façamos uma vaquinha pra comprar um novo micro para o J. Morgado. O Édison já explicou que o sumiço do nobre jornalista deveu-se a um estrago na sua máquina. Caso nossa vaquinha não surta efeito, na festa de São João eu faço uma quermesse e com os rendimentos, nós vamos doar esse equipamento ao J. Morgado. Não podemos nos privar do seu talento por tão pouco. Aguardem, em breve lanço o número da conta onde podem ser feitos os depósitos. Primeiro tenho que conversar com o senhor Edward e ver se ele concorda.
Uma boa noite
Padre Euvídio
..........*`%:*
ResponderExcluir........*`%::%:*
........*~%:*%:*
.....,*%*:%:*:";*
.............)l(
............( _ )
http://2naya2.blogfa.com/
Hello dear
how are you?
you make me happy if you come in my blog
& plz leave me a comment.
thanks a lot
be saccess
http://2naya2.blogfa.com/
¸.•´¸.•*¨) ¸.•*¨) )
(¸.•´ (¸.•´ ....~?~(¯`*•.¸