terça-feira, 16 de junho de 2009

ASSISTINDO A GUERRA PELA JANELA

General Lott coloca Lacerda pra
correr e garante a posse de JK
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PRIMEIRA PARTE
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Do livro inédito “Periferia da História”, adaptado para nosso blog.
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Milton Saldanha
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11 de novembro de 1955. Quem conhece a História contemporânea do Brasil sabe a importância desta data. Para quem não sabe, mais adiante eu explico. Foi há 54 anos, eu tinha 10. Aquele dia ficou na minha memória nos mínimos detalhes. Garoava e fazia até um pouco de frio, raro no Rio de Janeiro. Acordei bem cedo, com minha mãe agitada, quase aos gritos, repetindo: “O Lott deu o golpe!” Corri à janela e vi o quartel do 1º Regimento Escola de Infantaria, do outro lado da avenida de duas pistas, na maior agitação. Centenas de soldados com fuzis embalados, baioneta calada, e sargentos com metralhadoras Ina e bornais de munição a tiraloco caminhavam de um lado para outro ao longo da calçada que acompanhava o extenso muro. No portão tinham colocado sacos de areia e metralhadoras pesadas.
Não demorou muito e meu pai, capitão, voltou da ESAO – Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, em uniforme de campanha, revólver no coldre, calçando coturnos pretos, reuniu a família e deu instruções: “se a aviação atacar vocês deitem todos no chão, deixando os colchões em pé, contra a parede, para ajudar a proteger”.
Pertinho dali, o Campo dos Afonsos estava cercado por tanques e canhões. Nesse local eram treinados os jovens pilotos de guerra da Aeronáutica, nos barulhentos e temíveis aviões T-6 (falava-se “T-meia”). Para quem, como eu, crescia praticamente dentro de quartéis, sem chance até então de ver aquele aparato todo em uso real, e que só via guerra no cinema, aquilo tudo era demais! Realmente uma festa, fantástico! Meu irmão mais velho, Rubem, parecia o único ali com juízo. Eu e minhas duas irmãs, todos crianças, ficamos realmente eufóricos com aquela situação, principalmente com a possibilidade de presenciar um ataque aéreo, tiros, bombardeio. Torcemos para que acontecesse, era excitante ver e viver ação. Não tínhamos pálida noção da tragédia iminente, muito menos do nosso próprio risco, morando a poucos metros do quartel, na Vila Militar do Rio de Janeiro.
Felizmente, não houve ataque, nem aéreo, nem terrestre. Mas ficamos acompanhando pelo rádio e pela janela do nosso apartamento, no primeiro andar de um pequeno prédio, aquela grave crise político-militar que culminou com a deposição do presidente da República interino Carlos Luz pelas forças leais ao general Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra (cargo que depois passou a se chamar ministro do Exército). Lott, alguns anos depois, perderia de lavada para Janio Quadros a eleição para presidente.
Na verdade, não foi um golpe e sim um contragolpe desfechado por Lott, com apoio de outros generais influentes, como Odilo Denys, para assegurar a posse constitucional de Juscelino, o popular JK. Setores mais retrógados da Aeronáutica e da Marinha, tendo em Carlos Lacerda sua inspiração, tentavam impedir a posse de JK, democraticamente eleito pelo povo. A alegação era de que JK não tinha alcançado maioria, porque a soma dos votos dos demais candidatos (Juarez Távora e Adhemar de Barros) era maior. Naquele tempo não havia segundo turno e a legislação eleitoral permitia essa possibilidade, ou anomalia, como queiram. JK, portanto, estava legalmente eleito, não havia o que contestar. E o vice-presidente era eleito em separado. Podia-se votar para presidente num candidato de um partido e, para vice-presidente, de outro partido. Deu João Goulart, o Jango, com mais votos que JK. Depois Jango foi vice de Jânio e assumiu o poder com a renúncia.
O general Lott, respeitadíssimo no Exército, militar inflexível na disciplina e de honra pessoal inatacável, famoso pela honestidade (e mais tarde também pela ingenuidade política), colocava toda sua força e prestígio a serviço da legalidade constitucional e da democracia. Lançou suas tropas na rua, tomou o Rio de Janeiro, e botou o deputado federal Carlos Lacerda para correr. Lacerda se refugiou no encouraçado Almirante Tamandaré, que saiu da Baia de Guanabara para alto mar sob tiros de advertência dos poderosos canhões do célebre Forte de Copacabana, hoje museu do Exército e área de lazer, aberta ao público. Ou os caras eram muito ruins de pontaria, ou houve uma deliberada intenção de não acertar o navio, o que é mais provável. Da nossa casa, do outro lado da cidade, em Deodoro, na Zona Norte, é claro que não deu para ouvir os tiros. Mas quem estava na Zona Sul ficou muito assustado.
Lott derrubou Carlos Luz porque ele estava fazendo abertamente o jogo do golpe para impedir a posse de JK, ocorrida em 1956. Luz foi presidente só 3 dias, de 9 a 11 de novembro de 1955. Estava substituindo, como presidente da Câmara, a Café Filho, vice que assumiu com o suicido de Vargas. Café tinha se licenciado para uma cirurgia. Nunca mais reassumiu. Nereu Ramos exerceu mandato tampão até 31 de janeiro de 1956, quando entregou a presidência a JK.
Lott, se quisesse, teria se tornado ditador naquele 11 de novembro. Mas o fato é que mandaria prender na hora qualquer pessoa que lhe fizesse tal sugestão. Meu pai era fã assumido do Lott. Quando se formou na ESAO recebeu seu diploma das mãos dele. Nossa família toda estava lá. Nós, crianças, fazíamos farra com a careca suada e muito brilhante do Lott, um tipo germânico, sisudo, de tez avermelhada.
Na noite de 13 de novembro, eu e minhas irmãs, Sonia e Vera, ficamos na sacada acompanhando, ao vivo, nova saída de tropas. Parecia um 7 de setembro especial para nós. Jipes e caminhões rebocando canhões, carros de combate, tanques, foram deixando em fila o Regimento de Infantaria. Aquilo parecia que não tinha mais fim. Recordo que, apontando com o dedo, num gesto bem infantil, contamos uma a uma as viaturas, que totalizaram 160. Teríamos, naquele momento, sido notáveis fontes para qualquer jornal, porque com certeza só nós tínhamos esse dado com exatidão. Fizemos aquilo meramente por curiosidade, sem perceber que naquele momento éramos testemunhas da História, ainda que três crianças.
Nosso pai contou depois uma versão sobre essa saída de tropas, destinadas a substituir aquelas que já estavam na rua, cansadas. Oficiais golpistas teriam tentado impedir a saída do comboio. Sargentos se rebelaram, prenderam os golpistas no cassino dos oficiais e, com apoio de oficiais legalistas, garantiram o acatamento às ordens de Lott. O Brasil daquele período, ainda com o trauma do suicídio de Getúlio Vargas não cicatrizado, era um país tenso. Lembro-me que a todo momento o Exército entrava em prontidão. Nós, de família militar, sabíamos. Os civis nem ficavam sabendo.
Eu pensava e agia como criança, o que era o normal, mas hoje percebo como mesclava isso com um impressionante e precoce interesse pela política. Acompanhava tudo de perto, atentamente, e até já assumia posições, influenciado pelas conversas que ouvia em casa, claro. Tinha a maior bronca do Lacerda, por exemplo, e simpatia pelo Lott. Aquela coisa despida de malícia política, tudo no plano pessoal mesmo, bem maniqueísta. Pô gente, eu tinha só 10 anos!
Esse interesse aguçava minha curiosidade sobre o que pensavam os oficiais ali da Vila Militar, mais próximos de casa. Sabendo que não podiam se manifestar, e jamais faziam isso, fui gradualmente descobrindo o pensamento político de cada um de uma maneira muito simples: sondando a garotada, os filhos, em certos momentos até de maneira provocativa. Os filhos reproduzem o que ouvem dos pais. Todos iam abrindo. Era um horror, só havia oficiais simpáticos a golpes de direita. Apenas um, médico, era legalista, como meu pai, veterinário. Ambos, portanto, oficiais de apoio, sem comando de tropa e sem liderança na caserna. A mãe de um dos garotos percebeu meu interesse e ficou desconfiada. De uma hora para outra, eles que eram lacerdistas roxos, viraram “lottistas”. Eu chegava para brincar na casa deles e a mulher e o garoto, visivelmente instruído para isso, achavam um jeito de me dizer que eram a favor do Lott. Certamente pensaram que meu pai pudesse ser de algum esquema de informações, de quem estava no poder, e que eu puxasse tais assuntos para depois dar o serviço em casa. Os receios deles não eram infundados. Muitos oficiais golpistas foram removidos para unidades distantes, sem expressão, geralmente nas fronteiras, ou para postos burocráticos, sem tropa com poder de fogo.
O clima de guerrinha ainda durou uns dois meses em toda Vila Militar, depois daquele 11 de novembro. A gente percebia claramente, pela experiência de vida, que os quartéis permaneciam de sobreaviso. A Guerra Fria, com Estados Unidos e União Soviética disputando o mando do planeta, tinha fortes reflexos na nossa política interna, estimulando as radicalizações.
Nossas emoções foram se dissipando junto com as dos militares, na volta gradual à rotina. Eu esquecia a política e voltava a ser moleque, com a turma da vizinhança. Tínhamos um “forte”, na verdade um buraco no gramado do prédio, com “canhão” e tudo, que certo dia foi tomado num ataque de surpresa pela turma do quarteirão ao lado.

(Capítulo de amanhã: Brizola sobe, Jânio renuncia).
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*Milton Saldanha, 63 anos, gaúcho da fronteira, é jornalista profissional, com mais de 40 anos de atividades. Começou em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 1963. Foi repórter e exerceu cargos de chefia em alguns dos principais veículos do Brasil, como Rede Globo, jornais O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde, Diário do Grande ABC, revista Motor 3, Folha da Manhã (RS) e outros. Foi repórter em Última Hora, trabalhando com Samuel Wainer. Já assinou artigos e reportagens em mais de uma centena de publicações de todo o Brasil. Trabalhou também em assessoria de imprensa, para empresas e entidades públicas, como Ford Brasil, Conselho Regional de Economia e IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas. É autor do livro “As 3 Vidas de Jaime Arôxa”, pela Editora Senac Rio, e participou como cronista da antologia “Porto Alegre, Ontem e Hoje”, pela Editora Movimento, do Rio Grande do Sul. Assinou também orelhas de diversos livros sobre dança e música, de autores brasileiros. Um ano antes de se aposentar, quando era editor-chefe do Jornal do Economista, em São Paulo, fundou o jornal Dance, que em julho completa 15 anos. Tem novo livro pronto, ainda inédito. É “Periferia da História”, onde conta de memória 45 anos da recente história brasileira. Trabalha em novos projetos editoriais, como jornalista e escritor. Na área de dança, organiza uma coletânea com os melhores editoriais publicados no Dance. Atualmente prepara um livro sobre Maria Antonietta, grande mestra da dança de salão carioca, que morreu recentemente. Apaixonado por viagens conhece quase todo o Brasil e já visitou cerca de 40 países. Por hobby e paixão é dançarino de tango.
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34 comentários:

  1. Olá Milton, belíssimo relato sobre o 11 de novembro. Se perguntarmos hoje o significado dessa data nas escolas, um em mil alunos consegue responder corretamente. E olha lá...
    Confesso-lhe que estudei toda essa história, mas parte dela recordei lendo sua narrativa. Os olhos de uma criança viram o ocorrido e as mãos de um adulto hoje descreveram com brilhantismo a atuação de um militar (Lott) para que a democracia do País fosse respeitada.
    Vou continuar acompanhando essa série para aprimorar meus conhecimentos...
    Obrigada,

    Ana Caroline - Ribeirão Preto - SP.

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  2. Bom dia Milton Saldanha...
    São fatos históricos e não é preciso, conforme disse Ana Caoline acima, ir às escolas e perguntar qual o aluno consegue responder sobre esse assunto. Eu mesma, confesso, tinha me esquecido de grande parte sobre 11 de novembro, que estudei e li quando pequena. Chamou minha atenção o fato de você dizer que Lott era um homem honesto, que poderia ter implantado a ditadura e ter assumido a presidência no lugar do Juscelino. Sei que depois ele se candidatou à presidência e perdeu feio para o Jânio. Diante do exposto, lhe pergunto, não teria sido melhor para o Brasil se Lott tivesse sido eleito, ao invés de Jânio? Seria um militar no Poder, mas com voto popular e exercendo democraticamente seu mandato. Jânio e suas "forças ocultas" entregaram o País de bandeja para os militares da ditadura. Outra pergunta Milton, já que percebi, você tem a história política dessa época na mente: quando os militares implantaram a ditadura, onde estava Lott, que, segundo seu relato, era a favor da democracia?
    Beijos,

    Karina - Campinas - SP.

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  3. Amigos do blog, bom dia!
    A série em três capítulos apresentada pelo jornalista Milton Saldanha é imperdível. Milton, que quando criança presenciou da janela do apartamento no Rio, onde morava com a família, todo esse movimento que culminou com a posse de Juscelino Kubitschek à presidência do Brasil, resgata parte importante de nossa história.

    Karina, de Campinas, por exemplo, questiona sobre o General Lott, batizado Henrique Batista Duffles Teixeira Lott. O episódio que tornou o general conhecido do Brasil inteiro, é contado com riqueza de detalhes pelo Milton Saldanha, prezada Karina, exatamente a "novembrada" de 1955, quando, para cortar no nascedouro um golpe que pretendia impedir a posse de JK, Lott, em companhia do general Odilio Dennys, depôs, em dez dias, dois presidentes da República, Carlos Luz e Café Filho.

    O general Lott, bom destacar para quem não se recorda ou mesmo nunca tenha lido nada a respeito, foi ministro da Guerra dos dois presidentes depostos, permaneceu no governo provisório de Nereu Ramos e, depois, nos cinco anos do governo de Juscelino Kubitschek, de onde saiu só para candidatar-se à sucessão presidencial.

    O grande trunfo de sua candidatura, patrocinada pelo PSD, era sua grande ascendência sobre as Forças Armadas, o que garantiu a estabilidade do governo JK e poderia, por extensão, garantir seu próprio governo, se eleito.

    De temperamento militar, avesso ao marketing, Lott jamais envolveu sua família na campanha eleitoral, preferindo apresentar-se como garantidor da democracia, ao lado das Forças Armadas.

    Quanto à sua pergunta, Karina, sobre onde estava Lott na época da ditadura, respondo eu, uma vez que Milton está à serviço no Rio de Janeiro e não sei se terá tempo hábil para vir ao blog hoje.

    O Marechal Lott Karina, afastou-se definitivamente da vida pública por não concordar com a ditadura militar que estava se iniciando no Brasil. Passou o restante da vida em reclusão, tendo ainda que conviver com a prisão e tortura de um neto, Nelson Luís, durante o Governo Médici. Quando morreu, foram-lhe negadas pela ditadura as honras militares a que tinha direito em seu funeral.

    Isso tudo mostra que Milton Saldanha tinha razão quando afirmou em seu texto que Lott era um homem honesto e que lutava pela democracia do nosso País...

    Abraços...

    Edward de Souza

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  4. O Edward explicou muito bem. Parte importante de nossa história passa a ser relatada nesse blog pelo Milton Saldanha. Estou atenta à narrativa, parabéns, Milton...
    Bjos,

    Karol - São Paulo - Cásper Líbero -

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  5. Milton Saldanha, que memória privilegiada, atento aos mínimos detalhes! Deve ter sido emocionante viver esse momento da história do Brasil. Mesmo sendo criança, você tinha consciência do que estava acontecendo...Espero, ansiosa, o desenrolar dos fatos!

    Ontem não pude responder para a Anita, de Joinville, sobre seus pedidos de títulos acerca de biografias, autobiografias e memórias. Sugiro alguns:

    1. Chatô, o Rei do Brasil, de Fernando Morais;
    2. Roberto Marinho, de Pedro Bial;
    3. Os Irmãos Karamabloch, de Arnaldo Bloch;
    4. Antônio Carlos Jobim, uma biografia, de Sérgio Cabral;
    5. Cármen,uma biografia, de Ruy Castro;
    6. Estrela Solitária (Garrincha), de Ruy Castro;
    7. O Mago (Paulo Coelho), de Fernando Morais;
    8. Olga, de Fernando Morais;
    9. Vale Tudo - Tim Maia, de Nelson Motta;
    10. Solo de Clarineta (dois volumes) de Erico Verissimo (ADOREI...);
    11. Transformando suor em ouro, de Bernardinho (técnico do vôlei);
    12. A arte da política - a história que vivi, de Fernando Henrique Cardoso;
    13. Vivendo a história, de Hillary Clinton;
    14. Minha vida, de Bill Clinton;
    15. A origem dos meus sonhos, de Barack Obama;
    16. A audácia da esperança, de Barack Obama.

    Tem muito mais, apenas selecionei alguns títulos.

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  6. Ôi Edward...
    Obrigada pela resposta. E fiquei indignada, quero que saiba. Pobre Marechal Lott, jogado às traças pelos próprios companheiros de farda. E ainda ter a tristeza de ver um neto ser torturado por esses bárbaros, indefeso, sem nada poder fazer. Pelo menos, depois de morto, não teve o desgosto de saber que até as honras militares lhe foram negadas. Capítulo negro de nossa história...
    Bjos e grata mais uma vez, Edward...

    Karina - Campinas - SP.

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  7. Olá Milton, estamos gostando da série, nossos cumprimentos...

    Daniela - Universidade de Juiz de Fora/MG

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  8. O Milton já abordou em outros temas aqui no blog, a época obscura da ditadura em nosso País. Eis mais uma prova de como sabiam ser maus até com os próprios companheiros que não aderiam às suas causas. O que fizeram com o Marechal Lott é repugnante. O Edward e o Milton não citaram, mas na história Lott é herói de guerra, tendo comandado tropa brasileira, na época da II Guerra Mundial, na Itália. Médici não quis saber. Não perdõou nem o neto do companheiro de fardas. Ainda bem que esses crápulas sumiram...
    Beijos a todos,

    Gabriela - São Bernardo - Metodista

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  9. Olá Milton, histórico, elucidativo e empolgante seu artigo desta terça-feira. Normal, partindo de um jornalista e, por que não ?, memoralista brilhante.
    Parte de sua narrativa relembra aquele agosto de 54 quando Getúlio Vargas, então presidente da República, decidiu "deixar esta vida para entrar na história". Eu tinha, então, 13 anos de idade e as pessoas tinham medo de falar sobre o suícidio do caudilho. Rodinhas eram formadas nas esquinas da nossa São Caetano e, em sussurros, as pessoas comentavam o "providencial" desenlace. A gente não entendia bem os motivos do murmúrio. Muitos falavam em revolução, outros levante militar e alguns até em guerra, mas poucos arriscavam criticar o presidente morto. Nós, pré-adolescentes, torcíamos em silêncio para uma guerra, interna ou externa, ninguém sabia direito. A falta de informação dos adultos, mesmo numa cidade (no caso São Caetano)há menos de 15 km da maior capital brasileira (São Paulo), contribuia para alimentar o "sonho" da molecada. Não aconteceu nada. Getúlio entrou para a história, pelo suicídio e outras lambanças temporâneas e o resto os livros contam (nem sempre com fidelidade).
    Legal, Miltão, o blog do Edward, com você, o Motta, o Ademir e a Nivia, vai ganhando contornos de compêndio didático de nossa contemporânea história.
    Abraços e obrigado pelo e-mail sobre o Rolando. Ele foi, tipo Edward, outro irmão.

    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  10. Ôi Milton, amiguinhas e amiguinhos,
    estou com muito interesse acompanhando essa série. Que graça uma criança, não? Faz festa em qualquer ocasião, não tem tempo ruim. Morri de rir quando vc disse que estava torcendo para presenciar um ataque aéreo, tiros e bombardeio (rssssssss...). Mas, é verdade quando disse que nem poderia imaginar que aquela criança estava presenciando uma página importante de nossa história. Legal isso...
    Bjos,

    Mônica - Santo André - Metodista

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  11. Percebi que vc disse que naqueles tempos, creio que ainda criança, vc não gostava do Carlos Lacerda, não é isso, Milton? Engraçada essa figura na nossa história política. Está em todas, mas afinal, que apito tocou o dito cujo? Era jornalista, parece-me, foi Governador, matou mendigos no Rio, e provocou aquele atrito com Getúlio (vc já escreveu isso aqui) que culminou com o suicídio do Presidente. Ou colaborou com o suicídio, não sei. Como taxar Carlos Lacerda na história? Uma erva daninha? Ou um não fede nem cheira?
    Beijinhos e parabéns pela série, MIlton...

    Larissa - S.Paulo - Cásper Líbero -

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  12. Agostinho Freitas - Moleque Sacíterça-feira, 16 junho, 2009

    Tarde sêo Milton e meninada.
    O Lorenço tinturero acaba de sai aqui do buteco do Sací. Ele tava leno a história que o sinhor contou, juntinho cumigo. O lorenço é muito inteligente e me conta tudo. Ainda passa roupa com aqueles ferro de carvão, bem pesadão, sabi qual é, né? Sempri toma uns apiritivo na hora do armoço. Em Pinda é assim mesmo. Nego toma apiritivo até pra comemorá a derrota du curintia. O Lorenço mandou falá pro senhor que não foi ele qui passou o terno du Jucelino não, viu? Primeira coisa qui ele oia é roupa amarrotada, é profissão dele, faze o que?
    Tá chegano mais gente agora pra lê seu causo, vo atendê o barcão.

    Abraço proceis todos

    Agostinho Freitas - Moleque Sací - Pinda

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  13. Para mim o melhor blog da internet. Gostei muito do texto do Milton Saldanha de hoje e vou sim, acompanhar toda essa série.
    Mas tive que rir do tal Moleque Sací e do seu amigo "Lorenço". Deve ser Lourenço, certamente. Até o terno amassado do Juscelino eles notaram. Vão ser detalhistas assim lá longe (rsssssssss....)
    Beijos e obrigada, Milton, pela aula de história.

    Cindy - São Caetano - Metodista

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  14. Jornalista Milton Saldanha, meus cumprimentos por mais esse belo relato de nossa história.
    Aproveito para agradecer à Nivia Andres pela indicação de alguns livros de biografia. Muitos deles já li. Tenho todos comigo. Desses que a Nivia citou, um eu gostaria de comprar, indicação de uma amiga minha aqui de Joinville, o primeiro da lista, Chatô, o Rei do Brasil, de Fernando Morais. Parece-me que é a história de Chateabriant, dono do maior império jornalístico do Brasil e ligado ao Getúlio Vargas, isso?
    Se souberem onde posso encontrá-lo e me indicar, agradeço.
    Obrigada,

    Anita M. Coelho - Joinville

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  15. Eu também era pequeno quando ocorreu aquela disputa pela presidência entre Jânio e o Lott, Milton Saldanha. Papai era janista e descia o pau no Lott, simplesmente porque usava farda, era militar. Certamente não sabia nada sobre ele, do conrário teria mudado de idéia.
    Nessa história toda, Milton, o JK deu uma de ingrato. Em momento algum da campanha apoiou o Marechal Lott, a quem devia enorme favor. Ficou em cima do muro e Jânio venceu fácil as eleições. Coitado do Lott, até nisso foi traido.

    Abraços, belo artigo.

    Laércio H. Pinto - São Paulo - SP.

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  16. Anita,
    Você pode adquirir Chatô, o Rei do Brasil, pela internet, em qualquer livraria - Saraiva, Record, até nas Lojas Americanas.

    É a biografia de Assis Chateaubriand, fundador dos Diários Associados - rede de TV e rádios, a maior do país no seu tempo. Chateaubriand era uma figura ímpar, carismático e polêmico. No livro você vai ter a oportunidade de rever uma grande e significativa parte da história política brasileira, já que Chatô era envolvido até a medula com política.

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  17. Prezado Milton Saldanha,
    convenhamos, naqueles tempos era uma bagunça, concorda? Você conta que podia se votar para Presidente no candidato de um partido e para vice em outro, de partido diferente. Fico pensando, cá com os botões de minha surrada túnica. Nos dias de hoje, se isso ainda existisse, correríamos o risco de ter Dilma para Presidente pelo PT e Collor para vice de outro partido qualquer. A barra ficaria pesada. Ainda falam em tempos bons aqueles, hummmmmmmmmm....

    Padre Euvídio

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  18. É mesmo, Milton, bem lembrado pelo Padre Euvídio. Li essa parte em que você cita que podia se eleger presidente de um partido e vice de outro. Mas, como é que organizavam as eleições? Tinha candidato para presidente e pra vice? O Padre tem mesmo razão, uma bagunça um presidente ter que aguentar um vice com ideologias contrárias. Confesso-lhe que ainda não tinha lido nada a respeito.
    Beijos e obrigada,

    Margareth - Belo Horizonte/MG

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  19. Em tempo de paz convém ao homem serenidade e humildade; mas quando estoura a guerra deve agir como um tigre!

    William Shakespeare

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  20. Outra coisinha que eu me esqueci de perguntar.
    Será que tem alguém dessa turma citada na matéria de hoje que foi pro céu?

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  21. Ana Célia de Freitas.terça-feira, 16 junho, 2009

    Boa noite a todos.
    Parabéns Miltom Saldanha por esse belíssimo relato, fiquei impressionada com tantos detalhes, você tem uma memória previlegiada.
    Também concordo com o Padre Euvídio, se as eleições ainda ocorresse de tal maneira, o Brasil estaria MAIS bagunçado do que já se encontra.
    Ana Célia de Freitas. Franca/SP.

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  22. Engraçado, o Milton sempre participa conosco, hoje nem respondeu perguntas. O que aconteceu? Ficou frio o blog hoje............

    Martinha - SBC - Metodista

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  23. Caro Edward,

    Foi uma boa lembrança a sua de trazer para seu blog esse texto do jornalista gaúcho Milton Saldanha, que escreve sobre uma das fases mais importantes da História do Brasil, que, no meu entender todos devem ler: os jovens para conhecê-la, os menos jovens para alembrar de um período da política que já preparava a cama para a brutalidade da Ditadura Militar, que em 31 de março (ou 1 de abril, se discute a data) de 1964 jogou no lixo o Estado de Direito de nosso pais.

    Um abraço.

    Pedro Luso.

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  24. Queridas amigas e amigos
    Perdão pelo atraso da minha entrada. Estou no Rio, a serviço, passei o dia no trampo, só agora posso responder. Certo, querida Martinha? Nossa, são muitas coisas para comentar. Antes agradeço a todos, como sempre, pela alegria imensa que me proporcionam quando comentam meus textos. Para quem escreve, nada é melhor, mesmo quando discordam, o que é saudável e provoca reflexões. Vamos por partes, Ana Caroline, Karina, Edward, Karol, Nivia Andres, Daniela, Gabriela, Oswaldo Lavrado, Mônica, Larissa, Agostinho Freitas, Cindy, Anita Coelho, Laércio Pinto, Padre Euvidio, Margareth, João Paulo de Oliveira, Ana Célia de Freitas, Pedro Luso de Carvalho, Ana Caroline e demais membros desta familia. Lott no dia do golpe de 1964: soltou um manifesto condenando o golpe, foi preso. Não sofreu violências fisicas (não seriam loucos para tanto, ele ainda tinha admiradores nas Forças Armadas). Depois passou o resto dos seus dias recluso, sem dar entrevistas. Existe uma biografia sobre ele, que acrescento à ótima lista da Nivia Andres. Li recentemente, tem o título de "Lott, o soldado absoluto". Fácil de achar nas grandes livrarias. Neste livro eles falam de todos os episódios e dúvidas aqui citadas. Não usei detalhes do livro nesta crônica, foi tudo só da minha memória, realmente privilegiada, como comentaram alguns. O neto do Lott foi torturado, mas ele não moveu uma palha contra isso, o livro conta. Edna, a filha do Lott e mãe do rapaz, ficou furiosa com o pai e teve que se virar sozinha. Lott não participou e não comandou nada na II Guerra Mundial. Foi à Itália, ficou lá uma semana (sem função) e retornou, depois de ter dado algumas mancadas e se queimado com seu superior, o general Mascarenhas de Morais. Lacerda foi uma peste na política brasileira. Ex-militante do Partido Comunista, jornalista de carreira, mudou de lado e virou um radical da pior espécie. Esteve envolvido em todas as crises graves dos anos 50 e 60. Foi governador do Estado da Guanabara (ex-Distrito Federal, cidade do Rio de Janeiro) e fez uma gestão de grandes obras, contando com empréstimos dos EUA, interessado no seu sucesso político. Mandou sumir com os mendigos da cidade, que foram jogados no rio Guandu. Isso ficou provado e foi amplamente denunciado. Só assim pararam de matar os infelizes. Depois do golpe foi cassado por seus ex-aliados, os militares. Tentou uma aliança com Brizola, contra a ditadura. Brizola recusou, sequer aceitou conversar com ele. Jango, ao contrário, recebeu-o no exílio, no Uruguai. Era a Frente Ampla, que fracassou. Vice-presidente: como contei, podia ser eleito o cara de outra chapa, de outro partido, como aconteceu com Jango, do PTB. JK era do PSD. Eu acho que esse sistema era bom, porque o povo podia escolher o vice da sua preferência, sem esse atrelamento automático que tem hoje. Isso não era bagunça, era um respeito maior à decisão do eleitor. Se você gosta de um candidato, mas não do seu vice,fica sem poder de escolha.
    Será que respondi tudo? Espero que sim.
    Beijos a todos!
    Milton Saldanha

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  25. Aleluuuuia!
    Quando o Milton Saldanha comparece com seus textos primorosos a qualidade do Blog se eleva à estratosfera.
    Passei o dia todo na correria, sem poder vir aqui. Li a chamada que o Edward enviou por email, pela manhã, e fiquei curiosíssimo. Sei que o Milton viveu os bastidores do mais rico periodo da história brasileira.
    O episódio que ele descreve hoje é narrado, também com riqueza de detalhes pelo próprio Juscelino Kubitschek em seu livro, escrito de próprio punho ( sim, ele escrevia à mão ) denominado "Por que construi Brasilia" editado pelo Senado Federal.
    Lacerda perseguiu-o o tempo todo, durante os cinco anos de seu governo. Foi contra todos os seus projetos, especialmente o de Brasília. Não foi à inauguração, não se transferiu para a nova capital e deixou de cumprir com sua obrigação de deputado federal em virtude de suas picuinhas políticas. Lacerda foi um golpista contumaz. Seu sonho era chegar à presidência amparado pelo golpismo militar. Se deu mal porque terminou cassado pelo regime de 64.
    Foi devorado pelo monstro que ajudou a criar.
    Parabéns e obrigado amigo Milton.
    Fica aqui uma sugestão para o nome do livro. No lugar de periferia da história que tal bastidores da história?

    Grande abraço e bom trabalho nesta cidade maravilhosa. Sou um paulistano, carioca de coração.

    édison motta
    Santo André, SP

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  26. Queridas amigas e amigos
    Meu irmão, Rubem, o mais velho de 4irmãos (fui o caçula), leu hoje a crônica e me lembrou de um detalhe que eu tinha esquecido: o cruzador Tamandaré, quando deixou a Baia de Guanabara, levando Carlos Luz, Lacerda e outros golpistas (para que não fossem presos pelas tropas de Lott), usou como escudo um navio cargueiro de bandeira estrangeira que estava no porto do Rio. Se fosse atingido, criaria tremendo problema diplomático e de repente até militar com outro país. Isso então explica porque o Forte de Copacabana deu tiros de advertência com seus imensos canhões, de longo alcance, sem em nenhum momento visar o alvo.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  27. Caríssimo Edison Motta
    Obrigado por suas palavras generosas, meu grande amigo e maravilhoso repórter!
    Abração,
    Milton Saldanha

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  28. Generoso é você, Milton. Sinto orgulho de contar com sua atenção a esta hora, nesta cidade maravilhosa. Tome uma sangria por mim no El Faro, na praia de Copacabana.

    Abração,

    édison motta
    Santo André, SP

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  29. Desculpem, esqueci de uma resposta. O Brasil teria sido melhor com Lott, em vez do Jânio?
    Vejo essa resposta por diversos ângulos: Não se poderia esperar muito do Lott, homem viciado demais na dura disciplina militar e pouco adaptado ao contraditório. Lott, durante a campanha eleitoral, mostrou ser muito ingênuo politicamente,no meio daquelas raposas todas. Não sabia negociar, era sincero, não aceitava alianças espúrias. Teria sido, suponho,um governo honesto mas sem brilho, sem criatividade. Lott era legalista ao extremo, mas também conservador. Tenho lá minhas dúvidas se promoveria reformas significativas. E teria que domar os sindicatos pelegos que eram atrelados ao PTB. Certamente iriam ocorrer muitos rachas na ala situacionista. Mas não teria havido, pelo menos naquele momento, o golpe de 1964, que foi propiciado pela renúncia irresponsável do Jânio. Lott era o oposto do Jânio em tudo. Venceu o populismo, com demagogia barata.
    Abraços,
    Milton Saldanha

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  30. É meu caro Saldanha. O populismo sempre vence no Brasil. Concordo com você que é discutível se o Lott seria melhor. Haveria, sim, uma vantagem: garantiria a volta de Juscelino em 65. Seu slogan já estava pronto: "Brasil, 50 anos em 5 na AGRICULTURA". Já imaginaram o que seria desse País?
    Olhe, se puder vá até o El Faro. Se for à noite pode cruzar com um simpático e afinado grupo de musicos velhinhos.Só tome cuidado para não se "perder" nas boates das proximidades, ehehehe

    Abração,

    édison motta
    Santo André, SP

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  31. Edgard, muito obrigado pela indicação em seu blog. É uma honra.

    Não respondi antes porque estava fora de casa.

    O outro blog que v. não conseguiu abri não é meu. Fui convidado a participar - são dez pooetas dando sugestões para "mexidas" nos poemas dos outros. A intenção é abrir aos poucos para o público. Mas eu mesmo não me sinto à vontade para interferir na obra alheia.

    Você está falando de Juscelino, eu estou lendo os diários de Josué Montelo, grande amigo dele, que o assistiu em seus momentos difícieis, e parece que forma muitos, que sempre queriam atravancar-lhe o caminho, seja na posse, na construção de Brasília, depois, então, com a ditadura, que tinha nele um baluarte moral que incomodava...

    Obrigado mais uma vez, e
    um grande abraço.

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  32. Padre Euvideo, Margareth e amigos do blog...
    Aqui em São Bernardo o prefeito é Luiz Marinho (PT) e o vice é o cantador de forró Fank Aguiar, (PTB). Uma mistura encomendada apenas pra ganhar a eleição e assumir o poder. Compromissos opostos e ideologias nenhuma, porém interesses iguais.
    Daí, a validade dos artigos do Saldanha, do Motta, do Ademir e da Nivea em reproduzir algo da história, inhadas de parcerias estranhas e duvidosas, porém compreensíveis. Nada mudou de lá pra cá.
    Vocês viram a originalidade do presidente do Senado, José Sarney, sobre os atos secretos do crico que comanda ? "Não sabia de nada". Há pouco tempo outro presidente desta democracia havia dito "não sei de nada", sobre um escândalo que balançou duas casas de leis deste país. A criatividade que sobrou no pernambucano, faltou ao maranhense.
    Abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo.

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  33. Caros amigos,
    Édison Motta
    O JK cometeu muitos erros,a construção de Brasília é polêmica até hoje, a roubalheira foi desenfreada. Por outro lado, nunca, em momento algum, o Brasil viveu tanta liberdade. E JK, que fez um governo voltado para a industrialização, construção de estradas e descentralização do poder, como lembrou muito bem o Édison Motta, bem informado, planejava seu segundo governo para investir tudo na formação de um fabuloso país agrícola, capaz de alimentar com fartura nosso povo e muitos outros países. JK pensava assim: o Brasil já tem estradas, caminhões para transportar as safras, indústria, gente com emprego e, portanto, capacidade de consumo. Uma super-produção de alimentos completaria o quadro. Mesmo com todos os erros, convenhamos, essa visão era fantástica.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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