quarta-feira, 29 de setembro de 2010



Por mais paradoxal que possa parecer, os médicos ao verem o resultado dos meus exames elogiam o meu estado de saúde, dizendo ser invejável para pessoas de minha idade, como se já tivesse ultrapassado a barreira dos 80. Até a pouco, não esperava completar 59 e, agora, anseio para chegar aos 60 – mas sem dor, sem cirurgias, sem sessões de rádio e quimioterapia. Se for considerado o tempo em que infernizei meus pulmões com nicotina de cigarro e o meu organismo com bebidas alcoólicas, até que posso ser considerado um protegido de Deus, o real significado do nome José em grego, conforme me informaram.
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Em toda minha vida, me recordo de ter perdido a batalha, ainda por um curto período, só uma vez na juventude. Foi quando contrai malária, durante minha estada nas florestas amazônicas. Como desconhecia os sintomas, acreditava ser ação de alguma virose. Os médicos consultados ignoravam a doença – o governo militar, à época, havia abolido a existência da malária no país. Coube ao médico Newton Brandão (foto a direita), cardiologista especializado em doenças tropicais, que diagnosticasse a malária e me indicasse o remédio correto. Foi a minha salvação.
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Mas durante o período em que convivi com essa que chamei de “maldita angústia amarela” sofri bastante, tendo ao lado a Eva. Ela permanecia ao meu lado, na cama, os olhos vermelhos. Deveria chorar escondido para não me entristecer ainda mais. Nesse período, admirei a sua devoção, o seu amor por mim. No entanto, só foi me recuperar e voltei a ser um homem perdidamente atraído por outras mulheres, como se a conquista fosse parte de um jogo do qual eu era um viciado incorrigível.
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Lembrando dessa época, me vem à mente o meu convívio com os índios. Aprendi muito, a amar a natureza, sua fauna, sua flora. A respeitá-la, sobretudo. O Xingu é um parque nacional que fascina, encanta. Como fascinou e encantou os escritores Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, que lá estiveram nos primeiros anos da década 50 do século XX. Na mesma época, o Xingu recebeu a visita de outros escritores, como Jorge Amado, Zelia Gattai e José Mauro de Vasconcelos e, ainda, do rei Leopoldo, da Bélgica, persuadido a não levar para a sua terra um filhote de pássaro por um dos índios, que lhe ensinou: o pássaro nasceu para ser livre.
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Com os índios aprendi uma lição numa noite, véspera de Natal. Estávamos pescando no rio Xingu, eu e mais uns quatro indígenas, entre eles Aritana, o grande capitão da tribo iulapiti, campeão de Uka-Uka, luta tradicional realizada durante o Quarup, a festa em homenagem aos mortos. Á certa altura, me empolguei com a grande quantidade de peixes no rio e comentei alto que naquela noite iríamos encher o barco de tanto peixe. Aritana, pouco depois, interrompeu a pescaria, justificando: já havíamos pescado o suficiente para nos alimentar. Uma lição inesquecível de que só devemos extrair da natureza o essencial, o necessário para a nossa sobrevivência.
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MEUS PAIS
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Minha mãe, analfabeta, sempre cuidou da casa, sem se preocupar com ela. Era um tempo em que a mulher era destinada a procriar, criar os filhos, respeitar o marido e servi-lo, como amante e empregada. Viveu resignada e servil. Seu olhar, escuro brilhante, era um mar de ternura. Meu pai, barbeiro de profissão, homem rude, fumante inveterado, apreciava uma boa cachaça, embora às vezes passasse dos limites e, então, tornava-se violento, com a mulher e os filhos.
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Minha mãe morreu dormindo, a cabeça estirada no ombro de minha irmã Antonia, no banco de um hospital público municipal, à espera de atendimento médico. Meu pai sofreu para morrer, de embolia pulmonar. Fumou e bebeu até os dias finais de seus 77 anos de vida. Morreu cinco anos depois de minha mãe e, nesse período, aproveitou para trazer mulheres para casa e praticar atos libidinosos – tinha a mania de andar nu pela casa, junto com a companheira. Não tinha a mínima vergonha de se expor...
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De minha mãe, guardo apenas boas lembranças. Uma delas, ocorrida em minha infância, me marcou muito. Tinha pouco mais de seis anos de idade e a acompanhava pelos sítios da redondeza de Bálsamo, que ela visitava para vender roupas e bijuterias e ganhar algum dinheiro para ajudar na manutenção da casa. No meio do caminho, com o tempo nublado ameaçando chuva, decidi voltar sozinho com o intuito de jogar bola com meus colegas de escola. Receosa de que eu me perdesse, ela retornou com as sacolas de roupa – e a chuva, torrencial, nos pegou a caminho. Toda a mercadoria que ela levava nas sacolas se perdeu e até hoje não me perdôo pelo prejuízo que lhe causei. Ela nunca tocou nesse assunto.
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Do meu pai, uma triste lembrança. Numa noite, ele flagrou minha irmã Antonia namorando em um jardim da praça e a trouxe para casa segurando pelos cabelos. Antonia apelava para que ele a largasse. Em casa, minha mãe intercedeu e, em resposta, meu pai lhe deu uma pancada na cabeça, utilizando-se de um pedaço de lenha. A imagem da minha mãe, a cabeça sangrando, agarrada à minha irmã Antonia, jamais saiu de minha lembrança.
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Pelos meus irmãos, sou considerado o protegido por meu pai. Fui, dos quatro filhos mais velhos, o único que pôde cursar o ginásio e teve um curso de datilografia pago. Era, portanto, um privilegiado perante os outros: Maria Madalena, a primogênita, Sebastião, Antonia e eu. Eu, também, fui o único dos filhos nascido em Santo André. Os demais nasceram em Bálsamo.
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Na próxima quarta-feira, o vigésimo quinto capítulo de "Memória Terminal", do jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, falecido em 29/11/2008. O Prêmio Esso de Jornalismo é o mais tradicional, mais conceituado e o pioneiro dos prêmios destinados a estimular e difundir a prática da boa reportagem, instituído em meados da década de 50.
(Edward de Souza).
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20 comentários:

  1. Bom dia amigos (as)...
    O capítulo desta quarta-feira foi, com certeza, o mais difícil para ser editado. Depois de ler atentamente o texto escrito pelo saudoso amigo, jornalista José Marqueiz, hesitei em conservar seu conteúdo na íntegra. Bom deixar claro que esta série escrita pelo Marqueiz está sendo publicada sem cortes, também nada foi ou será acrescentado, a não a ser uma ou outra pequena correção necessária num texto escrito antes da nova ortografia que, na verdade, somente passa a vigorar a partir de 2014. Como assumimos essa nova ortografia antecipadamente, todos os textos aqui publicados passam por essa mudança.

    Muito bem. Qual a razão então que me levou a pensar em cortes no texto que ao chegar neste espaço você já leu? O relato sobre os pais de José Marqueiz. Sobre a mãe, sem problemas, José Marqueiz só teceu elogios àquela que lhe deu a vida. Mas não economizou palavras quando falou de seu pai. Não de uma maneira cruel, muito menos ofensiva, mas desnudou, literalmente falando, seu progenitor. Isso me fez pensar um bom tempo e comigo ficou a dúvida cruel. Deixo como ele escreveu ou corto o trecho em quem seu pai é citado? Decidi continuar a publicar todo o texto na íntegra. Não seria eu a censurar o desejo de um amigo que não está entre nós de contar detalhes de sua vida. Não seria correto. Vai chocar muitos leitores e leitoras, sei disso, mas ao publicar suas memórias, José Marqueiz mostrou-se decidido a não esconder nada de sua passagem por este mundo, corajosamente relatado nos capítulos que todos acompanham.

    Preciso também deixar claro que quando a Ilca, companheira de muitos anos de José Marqueiz, me enviou a série, não fez nenhuma recomendação. Disse apenas, é seu, publique. E acrescentou: “sei que está em boas mãos, vocês sempre foram bons amigos”. Ilca nunca interferiu, mostrando-se preocupada com o texto, pelo contrário, ajudou muito, enviando-me fotos que foram e continuam sendo postadas nestes capítulos que publico, como essa da mãe de Marqueiz. Por tudo isso, creio que tomei a decisão correta em continuar publicando o texto na íntegra, sem cortes, mesmo que esta atitude possa ser condenada por alguns leitores e leitoras deste blog. José Marqueiz escreveu “Memória Terminal”. Nós publicamos, do jeito que ele certamente gostaria que fosse publicado, com todos os pontos e vírgulas.

    Um forte abraço a todos...

    Edward de Souza

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  2. Olá Edward

    Você fez muito bem em publicar na íntegra o texto do Marqueiz. Não teria sentido a censura uma vez que, o que foi escrito até agora, foi um desnudo da vida do saudoso jornalista.
    Os dramas familiares existem em todas as famílias. O problema é que costumamos jogar para baixo do tapete (por orgulho) nossos segredos mais íntimos.
    Mais uma lição!

    Um abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  3. Bom dia Edward, também acho que vc fez bem em não cortar nada do texto, penso que essa era a vontade de José Marqueiz ao escrever suas memórias. Esse episódio em que o pai do jornalista agrediu a esposa que defendia a filha, José Marqueiz já havia relatado em um outro capítulo. Pelo fato de ter reprisado, com certeza essa agressão o marcou muito. Convenhamos, ver a mãe com a cabeça ensanguentada, agredida covardemente pelo marido com um pedaço de lenha, é uma imagem terrível que uma criança jamais esquece. Esse capítulo traz revelações surpreendentes, como muitos outros. E chocam, sem dúvida.

    Bjos,

    Tatiana - Metodista - SBC

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  4. Verdade, Talita, essa agressão sofrida pela mãe de José Marqueiz foi relatada por ele anteriormente, mas o que me emocionou foi saber que Dona Delurdia morreu numa fila de espera de um Pronto Socorro, meu Deus! Verdade que hoje em dia morte em PS se transformou em uma rotina, mas sempre me abala isso acontecer num país como o Brasil. Vendo a foto da mãe de José Marqueiz fiquei sensibilizada pela sua simplicidade e imaginei o quanto deve ter sofrido com o marido, além da luta para criar e cuidar de seus filhos. Uma heroína que não merecia um triste fim como esse. Muito triste!

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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  5. Bom dia Edward e demais companheiros, leitores e leitoras do blog. O Marqueiz, isso pode ser confirmado pelo Edward, em nossas rodadas nos finais de tarde jamais tocou em sua família. Nunca ouvi Marqueiz falar sobre seus pais nem de seus irmãos, confesso. Só hoje passei a conhecer detalhes particulares de sua família, que ele relata aqui. E surpreendem, não podia imaginar que sua mãe morreu no aguardo de assistência médica num Pronto Socorro. Nem mesmo que seu pai foi um homem agressivo, a ponto de espancar a esposa com um pedaço de lenha.

    Lembro-me muito bem da época em que o Marqueiz contraiu a malária, exatamente no Xingu, durante a expedição comandada pelos Irmãos Villas Boas que culminou com o encontro dos chamados índios gigantes. Nessa época o Marqueiz estava pálido e com a feição abatida, olhos amarelos, mas que eu me lembre, sempre tomando umas e outras. Se eu não estiver enganado, Marqueiz trabalhava na sucursal do Estadão quando a doença se manifestou.

    Outra coisa que eu não sabia era que o Dr. Brandão, três vezes prefeito de Santo André e algumas exercendo o cargo de Deputado Estadual, além de cardiologista era um especialista em doenças tropicais, vivendo e aprendendo. Corajoso o texto de José Marqueiz, contando sem nenhum constrangimento todas essas particularidades. Como manifestaram os demais leitores e leitoras até aqui, você acertou em não ter censurado parte do texto de hoje, Edward. Continue publicando o texto na íntegra, assim deve ser, parabéns.

    Um abração,

    Flávio Soares - Jornalista

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  6. Tudo bem, Edward? A página como sempre ficou muito bonita. E tem coisas lindas a extrair deste texto de José Marqueiz. Uma delas a lição que um índio deu a um rei que visitou o Xingu e queria levar para a Bélgica, sua terra, um pássaro raro aprisionado. Esse índio convenceu o rei, Leopoldo, nome da majestade citado pelo José Marqueiz, que pássaros nasceram para ser livres e não para viverem engaiolados. Que bela aula recebeu de um selvagem o ilustre soberano, não é mesmo? E as lições dos indígenas continuaram, quando numa pescaria com os índios, José Marqueiz foi impedido de levar mais peixes. Já tinham o suficiente para se alimentarem. Desperdício que a maioria dos brasileiros pratica. Achei linda essa atitude, principalmente se levarmos em conta que são selvagens, sem nenhuma cultura.

    Prefiro comentar apenas essas coisas boas que extrai deste texto, Edward.

    Beijos,

    Giovanna - Franca - SP.

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  7. Pois é, bela Giovanna e minha conterrânea, eu também gostaria de colher rosas sem espinhos, mas é impossível. O texto hoje do José Marqueiz gerou tanta polêmica que obrigou o mestre Edward a pensar se o publicaria ou não, leu o seu comentário? Penso que cada um que venha ao blog sempre terá alguma coisa a dizer sobre os pais de José Marqueiz. Ou melhor, sobre o acontecido com eles. A agressão do pai, a morte estúpida da mãe num corredor de Pronto Socorro, enquanto aguardava atendimento e a mania de nudez do "velho" Marqueiz, que ninguém ainda disse nada. Sorte é que o "velho" fazia apenas a sua casa de palco para ficar peladão. Imagine se saisse às ruas sem roupas? Não se sabe, mas acredito que o pai do nosso herói sofria de esquentamento das ventas, o que o obrigava a só andar peladão.

    Deixando a brincadeira de lado e penso que vale para quebrar um pouco o ritmo pesado que o texto causou, admiro José Marqueiz, mesmo sem nunca tê-lo visto, uma pena! Não esconde nada, mesmo que com isso revele particularidades de seu pai. Bom dizer ao Edward que eu o apoio, você deve sim publicar com todos os acentos essa obra de José Marqueiz, que ficaria sem sal nem açucar caso fosse censurada.

    Abraços,

    Francisco Heitor - Franca - SP.

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  8. Francisco Heitor, comporte-se, menino (rsrsrsrsrsrsrs). Você disse uma verdade, Heitor, é difícil não se indignar com tudo o que aconteceu com a mãe de Marqueiz, Dona Delurdia, isso? Quanto ao pai, José Marqueiz em momento algum demonstrou sentimento negativo contra ele, preferiu culpar a bebida pelos seus atos inconsequentes. Mas, uma coisa me despertou a curiosidade. José Marqueiz conta que contraiu malária e foi salvo pelo Dr. Brandão,um dos bons prefeitos que tivemos em Santo André. Meus pais sempre votavam nele para prefeito e isso eu me lembro, era pequena ainda. E a Ilca? Você já esteve com José Marqueiz no Xingu, já li sobre isso, como escapou desta doença? Tomou vacina? Caso positivo, porque José Marqueiz não fez a mesma coisa?

    Beijinhos a todos!

    Larissa - Santo André - SP.

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  9. O sucesso da série de José Marqueiz, Edward, reside no texto excepcional do jornalista e nas revelações sempre surpreendentes feitas por ele, do contrário os capítulos ficariam monótonos. Seu trabalho, suas conquistas amorosas, a paixão pelos animais, o vício pelo fumo e pela bebida, a doença que o incomodava muito enquanto escrevia, seus amigos e agora seus pais. José Marqueiz teve habilidade para juntar tudo isso nesta série que nos faz meditar e sempre emociona. Parabéns por conservar o texto original do autor, Edward, e os agradecimentos a Ilca que nos cedeu essa bela obra.

    Bjos,

    Daniela - Rio de Janeiro

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  10. Pessoal, recebi o endereço deste blog faz alguns dias e já deixei até um comentário numa das matérias anteriores. Me informem se todos os capítulos do jornalista José Marqueiz estão disponíveis no blog, por favor. Se puderem, me digam como como faço para começar a ler a partir do primeiro capítulo? Por gentileza...

    Obrigada, beijinhos!

    Rafaela - Ribeirão Preto - SP.

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  11. Oi Rafaela, bom que venha juntar-se a nós neste blog, você vai se acostumar e gostar muito de nossa turminha, tá? Para você ler todos os capítulos escritos pelo José Marqueiz e publicado neste blog, entre em postagens anteriores, no final desta página, lado direito. E tenha paciência, porque vai ter que ir rodando até chegar no primeiro capítulo, o que demora um pouco. Não é difícil, vai conseguir, depois me conta. Tenho todos os capítulos impressos e acabo de chegar para imprimir mais esse. Se quiser, me escreva que posso lhe mandar por e-mail: andressacarla@terra.com.br
    Beijos.

    Edward, você fez bem em publicar todo o texto do José Marqueiz, já estamos acostumadas a ler e sabemos que o jornalista não mede palavras, escreve sem nada esconder, com muita coragem. Todos nós temos problemas em família que procuramos encobrir, José Marqueiz pensou ao contrário, ao relatar detalhes íntimos de sua família. Fiquei com muita pena de sua mãe, pobrezinha. Sofreu demais e teve uma morte chocante, a espera de socorros médicos. Um dia esse país entra no rumo, se Deus quiser.

    Beijos a todos,

    Andressa - Cásper Líbero - SP.

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  12. Meu caro Edward. Um abraço.
    O J. Morgado analisou de maneira equilibrada que fatos ocorrem em todas as famílias. Concordo com ele acrescentando que muito da vida do Marqueiz, pode ter ocorrido em função da circunstância da vida familiar. Nada poderia ser omitido do seu relato que agrega grandes valores. De minha parte também concordo com a Giovana. A sabedoria indigena transmitida no trabalho do Marqueiz sobre a liberdade do pássaro e o convencimento do monarca valeu a pena, no entanto, o ensinamento do indio de que se deve extrair da natureza somente o absolutamente necessário, é de uma profundidade extrema. São citações assim que dignificam a série que acompanhamos. Garcia Netto

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  13. Prezado Garcia Netto, não conheci o jornalista José Marqueiz, mas raciocino como você. Ficou a impressão clara, depois que o jornalista contou os problemas familiares neste capítulo de hoje, que respingou sobre ele todo esse clima de insegurança e violência que foi obrigado a conviver durante boa parte de sua infância. Tanto que ele escreve que jamais saiu de sua mente a cena em que sua mãe foi agredida violentamente pelo pai com um pedaço de madeira. E muitos outros relatos sobre o sofrimento da mãe e até a sua morte, de uma forma cruel esperando um socorro que não veio dentro de um PS. Possivelmente se entregou a bebida e teve uma vida "cigana" por conta destes desajustes familiares, concordo com seu pensamento.

    Abraços,

    Miguel Falamansa - Botucatu - SP.

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  14. Boa tarde caro amigo, escritor e jornalista Edward de Souza; demais amigos, leitores e leitoras dos capítulos de Memória Terminal, do José Marqueiz. Claro que concordo com o amigo J. Morgado: você fez bem em publicar o texto deste capítulo na íntegra, pois também sou contra a censura. Chega o que sofremos durante a ditadura militar. O Marqueiz também não gostava de censura nos seus textos. Considero a publicação na íntegra uma homenagem ao amigo de longa data. Lembro bem da Dona Delurdia, a mãe do Marqueiz, pois na nossa época de estudantes na antiga Escola Senador Flaquer, eu costumava frequentar sua casa, no Bairro Paraíso, e ela sempre me servia um cafezinho. O pai do Marqueiz e um dos irmãos eram barbeiros, ali no bairro. Mas não fiquei sabendo, depois da morte da mãe, desses detalhes, digamos meio sórdidos, do pai.

    Lembro também que, já no tempo de estudantes, nossos escritores preferidos eram justamente os citados: Jean-Paul Sartre, Simone Beauvoir, Jorge Amado e Zelia Gattai, além do José Mauro de Vasconcelos, entre outros. Éramos tão fanáticos por Jorge Amado, que juntos fundamos o Núcleo Cultural Jubiabá, de curta duração. Mas chegamos a realizar o Concurso de Contos Jorge Amado, em homenagem ao escritor baiano, que também entrevistamos em algumas de suas vindas a São Paulo para o lançamento de novos livros, que eram publicados pela antiga Editora Martins. As entrevistas eram publicadas nos extintos jornais Folha do Povo e Ação, nos quais iniciamos nossas carreiras jornalísticas como colaboradores.

    Obrigado e saudações,


    Hildebrando Pafundi, escritor e jornalista.

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  15. O pai do José Marqueiz levou a filha pelos cabelos para casa quando a viu namorando num jardim da praça, segundo José Marqueiz contou no capítulo de hoje. Fez um tremendo escândalo, arrastando a filha e depois ainda agrediu a esposa que tentava socorrê-la com uma paulada, tudo em nome da antiga moral que costumavam pregar. Já li muito sobre isso e ouvi também meus avôs contarem. E o exemplo maior que deveria partir dele, não deu para os filhos. Bebia em excesso, tudo isso de acordo com o texto do jornalista e depois, possivelmente já esclerosado pela bebida, ainda andava nu com mulheres dentro de casa. Quem mais sofreu com esta situação foi a pobre Dona Delurdia e os prejudicados, claro, foram os filhos. Impressionou-me o capítulo de hoje.

    Beijos a todos!

    Carol - Metodista - SBC

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  16. Edward, adoro quando o José Marqueiz conta casos do Xingu e dos índios. Morro de vontade de conhecer uma tribo indígena num lugar assim, onde a natureza se faz presente. Fiquei imaginando a situação do rei da Bélgica, depois de levar um "sabão" de um índio. E quantas lições maravilhosas eles nos ensinam. Pena que o homem branco, que tudo destrói, conseguiu também acabar com suas terras e com o bem mais precioso que tinham, a pureza da alma. Adoro a série e não perco um só capítulo, mesmo com casos tristes como José Marqueiz relatou ocorridos com sua família.

    Beijinhos, valeu!

    Priscila - Metodista - SBC

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  17. Andressa, obrigada, consegui encontrar os primeiros capítulos desta série do José Marqueiz. Fiquei mais de uma hora no blog, mas valeu a pena. Li os três primeiros capítulos, volto depois para continuar a leitura. Estou adorando.

    Beijinhos,

    Rafaela - Ribeirão Preto - SP.

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  18. Boa tarde, Edward. Tenho a impressão que este final da série, pelo menos você é que informou que está "nos finalmentes", vai ser ainda mais eletrizante. Hoje, mais uma vez o José Marqueiz surpreende, com estas revelações inesperadas sobre sua família. Convenhamos, não é qualquer um que tem a coragem de contar detalhes como estes escritos pelo José Marqueiz sobre o pai. De acordo com o texto, o jornalista era ainda muito jovem quando todas estas desavenças ocorreram em sua família. Pode sim, como disse o Garcia Netto e o Falamansa, ter assimilado isso e carregado este fardo pela vida.

    As lições que os índios deram nos civilizados, entre eles um rei, foi o prato do dia. Fora de série.

    ABÇS,

    Birola - Votuporanga - SP.

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  19. O Marqueiz consegue nos enebriar com seu texto. Ao mesmo tempo que conta sobre seus problemas familiares, que como bem disse o Morgado, todos tem. Ele nos mostra o quanto aprendeu com os índios, descritos como incivilizados. Valeu Edward. Abraços!!!!

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  20. Boa noite, Edward, eu acho essa série de José Marqueiz maravilhosa e penso que ele soube conduzir seu texto da maneira que achou correta. Esmiuçou sua vida de uma forma contundente, procurando não omitir nada que tenha ocorrido em sua vida. Claro, seus pais, parte importante deste contexto, deveriam figurar num dos capítulos. Dedicou à sua mãe todo o seu amor, um carinho especial e mostrou seu pai como um homem duro e problemático, sem jamais culpá-lo pelas atitudes erradas que tenha tomado. No fundo, uma mágoa José Marqueiz carregou durante anos, quando relatou a agressão, diria eu, covarde, sofrida pela mãe. E nos trouxe de quebra, os belos ensinamentos dos índios. Uma lição que nós, "brancos", deveríamos aprender.

    Beijos,

    Tânia Regina - Ribeirão Preto - SP

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