SAUDADES
DOS ANTIGOS CARNAVAIS
Velhos carnavais. Moreninhas, loirinhas e mulatas do Brasil. Belas em suas fantasias, rodopios no salão. E que dizer das marchinhas? Ingênuas umas, provocativas outras. O que valia era a alegria contagiante, os galanteios, o convite matreiro em busca da dama de vermelho, da colombina, os cochichos no meio da folia e uma inocente lança-perfume para espargir cheiro bom. Breves intervalos para refrescar a boca com cuba-libre e retomar o ânimo para nova maratona.
Onde foi parar o romantismo de outrora? Onde estão os fanáticos de Momo, a participação popular na qual se viam misturados foliões de todas as categorias sociais? Por que não mais participar? Por que a mudança de hábito? Carnaval teria virado apenas espetáculo destinado a fria platéia que vê de longe e nem cantar sabe? Vamos lá, minha gente, que é tempo de recordar e viver.
Vai ter quem reclame, por certo, da postura saudosista. Mas nem por isso vou deixar de dizer, com bastante ênfase, que os carnavais de outrora, dos bons e irrecuperáveis anos 60, eram infinitamente mais joviais e prazerosos.
O carnaval, sempre foi a mais democrática das festas, bastava se enrolar numa toalha ou o folião colocar o vestido da irmã ou da mãe e sair requebrando por aí. Os bailes nos clubes eram concorridíssimos, predominando belas fantasias na esperança de serem premiadas na última noite. Havia prêmios para o mais animado, para a fantasia mais bonita, para a mais original e para o bloco - sempre havia vários - que mais se destacavam. A alegria rolava solta nos salões decorados com esmero, na base da serpentina, balões, máscaras, figuras de cartolina a até bonecos sustentados em estruturas de madeira, com farto emprego de papel machê, tinta, algodão e lantejoulas. A esmagadora maioria dos foliões, incluídas aí famílias inteiras, fazia dos clubes o centro preferencial de diversão no chamado “tríduo momesco”. Naqueles tempos nenhum carnavalesco que se prezasse abria mão de trazer ao alcance, para pronto uso, o seu tubo de lança-perfume marca Rodouro, de alumínio bronzeado, fabricado pela Rhodia Química de Santo André. Tinha também os de vidros. Borrifar com jato de perfume uma conhecida equivalia a uma saudação amistosa.
Alvejar os cabelos ou o colo de uma jovem com um esguicho, acompanhando a cadência bonita do samba, representava uma forma galante de exprimir simpatia e afetividade. Ficava-se a aguardar pelo esguicho de volta, um sinal promissor de correspondência. A bisnaga perfumada era considerada, assim, imprescindível dentre os apetrechos carnavalescos. Tanto quanto a fantasia, o confete, a serpentina. Entrava e saía Carnaval, e de nenhuma voz autorizada se fazia ouvir qualquer tipo de advertência relativa à insuspeitada toxidade do produto. Não passava pela cabeça de qualquer folião a “extravagante” idéia de que o lança-perfume pudesse, em algum momento, ser equiparado a drogas da pesada, capaz de provocar dependências químicas. A visão que dele se tinha, de modo geral, era de um brinquedo divertido, para adultos e crianças. Nas matinês, a meninada trazia pendurado na cintura ou preso nas mãos o seu tubo de lança-perfume. Jogar perfume, confetes e serpentinas nos outros tinha tudo a ver com o espírito da festa. Infelizmente, acabou nosso Carnaval em salões, desapareceram as velhas marchinhas, ninguém passa mais brincando e cantando feliz: “Ai, ai, ai, ai... Tá chegando a hora, o dia já vem raiando meu bem, eu tenho que ir embora”.
Hoje em dia a certeza de que as escolas de samba do Rio e São Paulo podem ensinar tudo, menos samba. Cada ano as agremiações se afastam mais de suas raízes, do samba no pé e partem para espetáculos elaborados que mais parecem superproduções de Hollywood em vez do ritmo nascido nas favelas e becos das grandes cidades. Tudo começou a mudar nas escolas com a chegada da figura do carnavalesco, essa espécie de ditador que planeja desde as cores da fantasia ao tamanho do carro alegórico que vai desfilar. Normalmente, não são pessoas da comunidade, mas profissionais de cenografia ou arquitetura que usam a avenida para dar vazão aos seus sonhos com enredos que parecem mais teses de Mestrado pela sua elaboração e pelo distanciamento da realidade onde as escolas estão encravadas.
E, melancolicamente, vemos as escolas passando, shows espetaculares de luzes e néon, baianas de plástico, alegorias monstruosas, enredos delirantes, tudo longe, bem longe do samba de quintal que originou a mítica das escolas e que era sua razão de ser, até descobrirem que Carnaval também pode gerar dinheiro e poder. Nos corações, saudades e cinzas dos velhos e bons carnavais. Foi o que restou...
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*Edward de Souza é Jornalista e radialista. Trabalhou em vários jornais, emissoras de rádio e tv do Grande ABC e de São Paulo. Medalha João Ramalho, principal comenda do município de São Bernardo do Campo, outorgada pela Câmara Municipal daquela cidade pelos relevantes serviços jornalísticos prestados à região. Troféu PMZITO, entregue pelo alto comando da Polícia Militar de Santo André por ter se destacado como o melhor repórter policial do ABC nos anos 70. Menção Honrosa entregue em 2007 pela Câmara Municipal de Franca e outra pelo Rotary Clube Norte pela atuação brilhante na radiofonia e jornalismo da cidade. Participou de diversas antologias de contos e ensaios. Assina atualmente uma coluna no Jornal "O Comércio da Franca", o mais antigo jornal do interior, com 95 anos de atividades.
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Parabéns, Edward, um texto maravilhoso sobre o nosso carnaval da época dos meus pais e das minhas matinês no C.A. Aramaçan em Santo André. Verdade menino, pequena ainda, sob os olhares severos dos meus pais, eu brincava com as coleguinhas nas matinês de carnaval do Aramaçan ao som dessas marchinhas que de antigas só o tempo em que foram lançadas, mas todas nós sabíamos cantar de cor.
ResponderExcluirNão sei mais se tem bailes de carnaval em Santo André, no Primeiro de Maio, Aramaçan, Tênis Clube, entre outros, nem matinês, mas foi um tempo gostoso de criança. Esse meu, não tão distante quanto o que você conta em sua crônica. Não tinha e não conheci lança-perfume, mas tocavam as marchinhas antigas sim. "A cabeleira do Zezé", "Me dá um dinheiro aí", "Tanto riso, oh! quanta alegria, mais de mil palhaços no salão, arlequim está chorando pelo amor da colombina, no meio da multidão". Acho que essa era "Máscara Negra", não?
Então, lembro de outras, só forçar a memória. E olha que isso faz uns 15 anos, eu tinha apenas 8 anos quando ia às matinês do Aramaçan. Meu pai e minha mãe falam sobre esse lança-perfume, por sinal era fabricado aqui em Santo André, na Rhodia e que se imortalizou com os velhos carnavais. Com o fim dos bailes em salões acabou a graça e faço o que a maioria faz. Vou daqui a pouco em busca de descanso numa casa de praia. Quem sabe arriscar a ver, pela TV, um desfile do Rio na noite de sábado, não sei!
Beijos, linda sua crônica!
Liliana Diniz - FUABC - Santo André - SP.
Ôi Edwdard, depois de ler sua crônica que só você sabe escrever com aquele toque mágico de saudade, li o comentário da Liliana sobre o carnaval em clubes lá de Santo André, que ela nem sabe se tem mais. Em Franca eu sei que não tem. E eram muitos os clubes a promover brincadeiras carnavalescas que há alguns anos começava no sábado e rolava a folia até a terça de carnaval. Hoje, sexta-feira, a cidade começa a esvaziar. A maioria com as malas prontas rumo a ranchos da região ou as praias do litoral paulista. Os que ficam na cidade podem assistir aos desfiles de escolas pobres que se esforçam para manter o ritmo na Avenida Integração. O carnaval de salões, conforme você diz em seu texto, morreu faz algum tempo. Pena!
ResponderExcluirBeijos, boa folia ou um bom descanso!
Maria Fernanda - Franca - SP.
Olá Amigos
ResponderExcluirUma crônica como essa do mestre Edward nos trás reminiscências pessoais de nossos carnavais.
Cada linha, cada palavra dança ao ritmo de momo. Um momo de outrora onde a ingenuidade imperava.
As fantasias estavam em toda a parte; piratas, colombinas e pierrôs...
As ruas se coloriam. A alegria espontânea era a tônica daqueles carnavais!
Descrevo abaixo o meu melhor carnaval.
UM CARNAVAL DE ARROMBA
1952. Rua Direita, uma via central de São Paulo. Milhares de pessoas transitavam diariamente naquela ligação entre a Praça da Sé e Praça Patriarca.
A Rua Direita juntamente com a São Bento e XV de Novembro, formam o famoso triângulo de tantas histórias.
Um rapazote de 16 anos caminha apressado munido com uma pasta contendo dinheiro e documentos. Sua profissão? Office boy.
Naquele dia de janeiro, na parte da tarde, encaminhava-se para os bancos a fim de efetuar pagamentos para a firma onde trabalhava, um edifício localizado na famosa artéria no número 191 (ainda está lá).
Ao virar a rua para cruzar o Largo da Memória e alcançar a Rua Álvares Penteado, depara-se com uma nota de quinhentos cruzeiros a rolar pela calçada. Rápido, abaixa-se e apanha àquele achado precioso. Seu coração pulsa descompassado!
O salário mensal do rapaz era de setecentos cruzeiros. Um ótimo salário para a época.
Sua primeira providência foi trocar a nota. Duas de 200 e uma de 100 cruzeiros. Não falaria para ninguém sobre seu achado. Se sua mãe descobrisse, o dinheiro já era!
Em sua casa, escondeu a grana no meio de um livro de sua pequena biblioteca. O destino daquela grana era o Carnaval que se aproximava.
E assim foi. O então cine Estrela no bairro da Saúde (próximo a Praça da Árvore - SP) foi o local escolhido para a farra de Momo. Na época os cinemas de bairro eram transformados em bailes carnavalescos. Três matinês (domingo, segunda e terça) e quatro soirées (sábado, domingo, segunda e terça).
Confete, serpentina e lança-perfume metálico. E lá foi o Office boy a cantar “O jardineira porque esta tão triste... Eu sou o pirata da perna de pau... As pastorinhas...” Marchas e sambas de então.
Os namoros de carnaval... O convívio com a turma... E poder pagar os refrigerantes e salgadinhos. Afinal, ele estava rico! Foi um carnaval de arromba!
Naquela época, um rapaz menor de 18 anos tinha horário para chegar a casa. Não podia freqüentar bailes noturnos e nem assistir filmes proibidos para menores.
Os carnavais de salão eram fantásticos. O lança perfume era um refrigério para o calor intenso e também uma maneira de superar-se fisicamente. Cheirava-se o éter e a euforia aumentava. Daí a proibição muitos anos depois...
Paz. Muita Paz.
J. Morgado
Estava com saudades de ler suas crônicas, Edward, sinal de que você está bem melhor de saúde. E que texto lindo. Você nos transporta ao passado, onde o carnaval nas ruas e salões fazia a alegria de todos aqueles que viveram aquele tempo dourado e nos mostra o presente, onde o carnaval se restringe a escolas de samba em avenidas, acidentes em estradas e sem graça como nunca. Acabar o carnaval eu não acredito, mas voltar a ter aquele brilho de décadas passadas, nunca mais. Quem como eu, você, J. Morgado e outros viveram os bons carnavais não vai se esquecer nunca!
ResponderExcluirUm abraço, meu amigo!
Eurípedes Sampaio - Jundiaí - SP.
Edward
ResponderExcluirEmocionei-me com este texto! Foi como se eu abrisse o baú das minhas recordações e estivesse vivendo de novo o carnaval da minha cidade que diziam ser o maior de Moçambique com muita côr do Brasil. Mas desse Brasil que tu hoje evocas aqui..
Dos bailes nos clubes, do carnaval de rua, da saudável competição entre os grupos, mantendo secreto a fantasia escolhida, os prémios, o enterro com direito a caixão e muitas carpideiras e a sensualidade misturada com doçura e muito mel... Ai, que saudade!
Obrigada por esta página que me trouxe completamente inteiro o Carnaval de Quelimane.
Bem-haja!
Um beijo
Graça
Bom dia meus amigos (as) deste blog...
ResponderExcluirInfelizmente acabou o Carnaval e ninguém faz mais nada até que cheguem as cinzas. Para onde foi nossa alegria? As músicas de carnaval desapareceram, ninguém se habilita a gravar nada de novo. Com exceção dos sambas-enredo das grandes escolas, que são fugazes e passageiros como o Carnaval, não existe mais a tradição tão cultivada de fazer marchinhas sobre temas da atualidade e com críticas sociais.
Os compositores estão aí, alguns de boa qualidade. O mercado fonográfico nunca esteve tão atuante com a pirataria rolando solta. Temos a televisão para ajudar o rádio na divulgação das músicas, mas as gravadoras, na sua totalidade, resolveram que o Carnaval não é mais um período de lançamento e fora o axé baiano de gosto duvidoso nada acontece.
Até agora nenhum crítico ou sociólogo resolveu descobrir por que nosso carnaval perdeu tanto em espontaneidade e contentamento, já que as marchinhas eram o prato predileto nas zombarias e nos blocos de sujo. Anualmente alguém pagava o pato, ou Maria Sapatão ou Maria Candelária que chegou a alta funcionária. Fazia parte do espírito nacional essa galhofa sadia, esse humor chulo e popular que ganhava o gosto do povo. Saudades dos velhos carnavais!
Um forte abraço a todos...
Edward de Souza
Bom dia Edward...
ResponderExcluirCarnaval. A Lua abre o desfile na passarela do céu. Estrelas se fantasiam de brilho, deixam rastros luminosos no firmamento, poeira prateada que se perde na distância infinita. Há o silêncio do espaço sideral, a quietude dos jardins e o ritmo de cuícas, tamborins e pandeiros. A vida palpita na terra e no mar, o choro fica para depois. A hora é de alegria, de esquecer as tristezas e foliar. Alegria, alegria, tristeza é pecado.
Abraços
Guido Fidelis
Ôi Edward, fico encantada sempre que leio o que você escreve. Hoje, tanto nessa crônica quanto no comentário que fez, as palavras parece que fluem com uma naturalidade incrível. E como é gostoso ir acompanhando seu relato. Confesso-lhe, fico com uma vontade incrível de ter vivido nessa época desses festejos de Momo. Sem violência, nenhuma maldade e muita folia e descontração.
ResponderExcluirNo ano passado cai na bobagem de ir ver o Carnaval de Salvador, na Bahia. Com duas amigas fomos parar na Rua Sete de Setembro, jamais vou esquecer o nome, e fomos tentar seguir o tal de trio elétrico. Ao invés de seguir o trio, fomos empurradas para trás e chegamos esmagadas numa praça. Acho que era a Castro Alves. Daquele dia em diante, os outros dias que fiquei em Salvador foi passeando em praias distantes e vendo o carnaval na TV do hotel (rssssss....) Nunca mais........
Beijusss, lindíssima sua crônica!
Gabriela - Cásper Líbero - SP.
Olá Edward!
ResponderExcluirEu gosto do Carnaval, sabe porque? O povo fica nais alegre, descontraído, esquece um pouco as mazelas da vida para sambar, nem que seja nas arquibancadas das avenidas. Como na época de Roma, o povo gosta de pão e circo, não tem jeito. Mas que o velho e bom carnaval dá saudades, ah! Isso dá... E muita meu amigo. Belo texto!
Abraços,
Miguel Falamansa - Botucatu - SP.
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ResponderExcluirOlá Edward
ResponderExcluirCom o tempo, outras tradições carnavalescas desapareceram.
Lembra-se (ou não é do seu tempo?) dos “filhos do carnaval?
Nove meses após o tríduo de momo a incidência de partos era marcante, daí a tradição!
Outro fato interessante era a soltura de detidos durante o carnaval que acontecia na quarta-feira de cinzas, principalmente no Distrito Policial da Sé.
Uma multidão se aglomerava no Pátio do Colégio (SP) para ver os foliões sendo soltos a maioria, fantasiados.
Um abraço
Paz. Muita Paz.
J. Morgado
Boa tarde, Edward, já que você, a Liliana e o professor João Paulo falam de Santo André e dos velhos carnavais, lembrei-me da briga, no bom sentido, entre as escola de samba Ocara e Panelinha. Essa a Liliana não se lembra, se bem que até hoje ainda existe uma rivalidade entre essas duas escolas de samba de Santo André.
ResponderExcluirO Ocara era o clube mais rico, sua séde era na Avenida Portugal, um dos metros quadrados mais caros do ABC, quase se equiparando a Avenida Paulista, em São Paulo e o Panelinha ficava pertinho, só que numa travessa da Portugal. Dava gosto os carnavais de rua de Santo André com essas duas escolas lutando pelo título de campeã, isso quase todos os anos. Eu era torcedor ferrenho do Ocara e participava das brincadeiras que faziam o ano todo para arrecadar dinheiro para o desfile. E esses dois clubes também promoviam brincadeiras dançantes as quatro noites de carnaval. Os dois clubes lotados. Plagiando o Edward, ficou apenas a saudade.......
Abraços,
Luiz Antonio (Bola) - Santo André - SP.
Olá Amigos
ResponderExcluirAinda peguei o tempo em que o baile de carnaval de terça-feira acabava a meia-noite.
Em 1953, no Clube Jaboticabal (em Jaboticabal-SP) o baile terminou exatamente nesse horário. E assim era na maioria das cidades.
Paz. Muita Paz.
J. Morgado
Senhor Morgado e Edward, sabe o que papai contava? Dizia ele que saia dos bailes de carnaval, quando solteiro, nessa época que você contam, das lança-perfumes, mais de 5 horas da manhã e ia procurar bares que serviam a famosa canja, para rebater a ressaca. Sem medo algum de andar pela ruas da cidade e ser abordado por assaltantes. Papai era frequentador do E.C. São Bernardo, que segundo ele, fazia o melhor carnaval, juntamente com a Volkswagen e a Associação dos Servidores Municipais. Se não me engano, hoje em dia só matinês para crianças em alguns clubes...
ResponderExcluirBeijos,
Fabiana - Metodista - SBC.
Hoje em dia, para muita gente, carnaval é sossego, praia e campo. Tudo por causa da violência que campeia e não tem freios, Edward. Mesmo se tivéssemos hoje bailes de carnaval com toda essa animação das marchinhas desses tempos que você conta, certamente não teria a mesmo presença de foliões. Todos nós andamos assustados, com bandidos pra todos os lados querendo comer nossa alma. Ou em casa vendo pela TV esses desfiles comerciais que você diz, ou fugindo para bem longe, curtir um campo. Nem praias, só perguntar para o Senhor J. Morgado e Ademir Morgado. Se não me engano os dois moram na Baixada e podem dizer a bagunça em que lá se transforma no carnaval... Tempos outros, Edward, infelizmente!
ResponderExcluirBeijos e parabéns, uma crônica linda, mas sinto a falta de muitas amiguinhas. Ou estão viajando ou se esqueceram de participar do blog!
Priscila - Metodista - SBC
hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....
ResponderExcluirBoa noite jornalista Edward de Souza!
ResponderExcluirEu moro no Triângulo Mineiro, bem próximo de pequenas cidades que ainda hoje fazem a maior festa em clubes com as velhas marchinhas. Vou citar algumas pequenas cidades, cujos festejos lembram esses que foram citados em sua coluna, com muita festa e salões lotados. Cássia, em Minas é um exemplo. O maior carnaval de rua de todas as cidades pequenas mineiras. Cássia recebe foliões de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e de cidades próximas e de grande porte, como Ribeirão Preto, Franca, Uberaba, Uberlândia e muitas outras. Hoje não existe uma só casa, pensão ou hotel que tenha condições de abrigar pessoas. A cidade está lotada de foliões que brincam nas ruas e em muitos salões até o sol raiar. Mais próximas, tem Delfinópolis, carnaval fantástico e cidade turística, cuja travessia é feita com balsa. Também está lotada a cidade. Os bailes de salões de Delfinópolis tem muitas dessas marchinhas antigas. Existem muitas outras pelas cercanias, eu não teria espaço para citá-las. Sinal de que, com organização, muitas outras cidades poderiam resgatar as velhas folias desses bons tempos que você cita nesse artigo fabuloso!
Um abraço mineiro,
Afonso Garcia Menezes - Araguari/MG
Meu bom amigo Edward, meus parabéns pelo texto e pelas lembranças dos velhos e bons carnavais. Percebi que você tem o dom de atrair pessoas novas ao blog, como observei agora. Vivi esse tempo, relatado por você. Recordo-me que, quando o carnaval acabava, com a chegada da quarta-feira de cinzas, caia o maior baixo astral do mundo sobre a gente. Sentindo muita tristeza com o fim da folia, muitas vezes eu chorei. Hoje, quando acaba, começo a rir. Está tudo mudado meu bom amigo, mesmo com a sugestão do bom mineiro Afonso, vizinho da bonita Araguari, sobre algumas pequenas cidades mineiras que eu conheço e já fui. Perdõe-me Afonso, mas nada a ver com os velhos e bons carnavais. Vale, de qualquer forma, sua dica.
ResponderExcluirUm abraço, Edward, obrigado pelas recordações.
Chico Heitor - Franca - SP.
Boa noite Edward.
ResponderExcluirGosto demais de tudo que você escreve. Quando acabei a leitura de seu texto, estava me sentindo uma verdadeira colombina no meio do salão, cercada de pierrôs apaixonados, armados com lança-perfumes tentando atingir meu coração. Penso que nasci demasiadamente tarde. Tenho verdadeira adoração pelo século passado, décadas de 40, 50, 60... Sempre que a Globo passa novelas de época, e são muitas, quando estou na Universidade ou tenho compromissos, programo para gravar o capítulo para ver depois. Até carros antigos fico fascinada quando vejo. Sempre em minha mente surgem flashes que me conduzem a um passado onde acredito já ter vivido. Senti isso, lendo sua crônica, uma das mais bonitas já postadas neste blog!
Obrigada,
Bruna - Universidade Federal de Juiz de Fora/MG
Bom dia Edward!
ResponderExcluirOlha, você tem toda a razão, mesmo lendo alguns comentários de que em algumas cidades ainda existe o bom carnaval de salão, não creio que possam repetir o brilho dos velhos carnavais, onde todos os anos muitas marchinhas eram lançadas e faziam o foliões mostrar o "requebro" nos salões. Soma-se a isso as brincadeiras sem maldades e a alegria sincera e descontraída que imperava em todos os salões nessa época de festejos de Momo. Violência, nem pensar! Claro, Edward, dá sim saudades e ela bateu forte em meu peito ao terminar de ler essa sua crônmica inspiradíssima!
Abraços,
José Luiz Garcia - Curitiba
Então Edward, o que sobrou para nós, nos dias de hoje? O que é hoje o nosso Carnaval? Ou em casa vendo pela TV, ou arriscar a vida para ver um desfile na avenida. Do contrário, praias, ranchos ou acampamentos. Tenho a impressão, visto o número de carros nas estradas, que o Carnaval se transformou em fuga para a maioria, que deixa a cidade grande e sua violência em busca de sossego. Fico em casa nesse Carnaval e vou curtir bons livros e boas músicas, ganho mais.
ResponderExcluirBjos,
Karina - UNICAMP - Campinas
Edward, tenho 38 anos, mas um pouco de lembrança dos tempos de minha infância quando o carnaval realmente mobilizava os foliões de todas as partes. Nessa época eu morava em Marília e muitos clubes da cidade organizavam bailes de carnaval que varavam a madrugada. Claro está que eu não podia nem chegar perto da porta de entrada. A presença de menores, mesmo com os pais, era terminantemente proibida. Restava para nós, pequenos, as gostosas matinês, sempre ao ritmo das velhas marchinhas de carnaval, como Jardineira, Máscara Negra, Estrela Dalva e tantas outras. O dificil era esse coitadinho aqui entrar no salão. Quando me viam, logo gritavam:"tem japonês no samba". E eu, pobrezinho, que já não tinha muito jeito para sambar, me desconcertava todo. Acaba, no fim das contas, dando um jeito e requebrando os quadrís desajeitadamente. Meus cumprimentos pelo texto, sensacional.
ResponderExcluirTanaka - Osasco SP.
Amigo-irmão Edward de Souza,estimada Nivia Andres, amigas e amigos: voltei hoje do navio Costa Concordia, uma semana de sonho sobre as ondas, no Dançando a Bordo, o maior evento da dança de salão brasileira, promovido pelo jornal Dance. E que alegria ler a excelente crônica do Edward, recordando de preciosidades culturais perdidas, uma pena.
ResponderExcluirParabéns!
Beijos a todos!
Milton Saldanha
Caro Edward
ResponderExcluirConcordo plenamente com o exposto lembrando que o Carnaval da nossa região sudeste e sul são bem parecidos, girando em tornando do samba, das escolas de samba.A Bahia é um pouco diferente e o Nordeste mais ainda embora o samba tenha suas raízes por lá também. Com relação ao carnaval antigo, o qual sempre vivenciei na rua, na avenida Presidente Vargas ou na Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro posso te dizer que realmente mudou muito. A singeleza do povo, a inocência antiga não existe mais. Prova disso, passou hoje na tv Brasil,sábado de Carnaval de 2010, o filme Orfeu Negro. E tudo isso que relatou nesta crônica poderá vivenciar ao pé da letra por êste filme maravilhoso brasileiro. A música é linda , o estribilho vai a seguir: " O nosso amor, Vai ser assim, Eu pra você, Você pra mim " . Poderá descortinar em detalhes o desfile de escola de samba como era na década de 1960, o desfile em que o povo tinha contato direto com os carnavalescos apenas isolados por uma corda de sisal grossa.Hoje tem de haver uma segurança faraônica para isolar os carnavalescos. Na verdade o culpado disso tudo é o dinheiro arrecadado pela mídia ou seja a televisâo, as gravadoras associadas, a propaganda, etc que tiram proveito disso tudo e direcionam portanto as pessoas e os eventos por seus horários próprios, locais apropriados e fazendo do carnaval um palco de teatro , retirando toda a magia e singeleza que são próprios do povo. Resta ao povo o dia pois a noite teatral já foi tomada pela mídia e assim os grupos normalmente de homens e rapazes travestidos de mulher, hoje é o que se vê mais por aí nas cidades brasileiras. Por outro lado peço vênia aos amigos por não participar mais das folias de Momo embora tenha olhos pacientes e admiradores pelos eventos carnavalescos de nosso povo. Enfim os tempos são outros e a beleza e a ingenuidade são coisas do passado.
J morgado disse que na terça feira a meia noite terminava o baile de carnaval. Deu exemplo de Jaboticabal em 1953. Eu morei no Rio de Janeiro num bairro colado com o bairro Chave de Ouro que fica entre o Engenho de Dentro e o Meier - estações ferroviárias da zona norte - . Lá há muitos anos tinha um bloco de sujos chamado de "Bloco da quarta feira". Ele sempre partia ali da Chave de Ouro. Imaginem um bloco de carnaval desfilando pela manhã de uma quarta feira de cinzas....Era pancadaria, polícia, bastante confusão... Era nosso povo se manifestando em sua simplicidade. Hoje não sei se existe mais. Se existir perdeu a graça pois a polícia hoje concorda com tudo. Risos.
ResponderExcluirPrezado Anferman, você foi muito feliz em suas colocações. Sou carioca e também presenciei nas nossas passarelas o bom carnaval. Hoje em dia, apenas cinzas. Parabéns ao jornalista por essa crônica especial.
ResponderExcluirBom feriadão pra todos!
Guaracy Cardoso - Rio de Janeiro
Edward
ResponderExcluirOs velhos carnavais se foram, assim como a tranquilidade das ruas, quando se podia caminhar sem medos, sem riscos de assalto. Os bailes se perderam nos tempos. Agora é tudo imediato, comercial, festa para turistas, convite ao sexo fácil. O encanto se perdeu, embora, em alguns recantos, ainda persiste um pouco da beleza. Coisas da vida moderna, da falta de inspiração, da pressa, do comércio.
Guido Fidelis
Olá Menino,que saudades.
ResponderExcluirMas você como sempre aparece com belíssimas crônicas.
É meu caro, os verdadeiros e significativos carnavais se foram,me lembro quando criança a A.E.C era o ponto forte dos carnavais de Franca,o carnaval era esperado com muita ansiedade,e melhor ainda não havia essa apelação de hoje,as pessoas se divertiam na maior inocência,a droga era algo desconhecido,mas que pena,as coisas mudaram tanto e para pior,hoje o que assistimos são pessoas bêbadas no volante,drogas á vontade e mulheres siliconadas disputando a tapa o melhor lugar para aparecerem.
Aquelas marchinhas então,como era gostoso aqueles carnavais dos anos setenta,oitenta.Hoje não tenho coragem nem mesmo de assistir um desfile na rua,o perigo é grande,bom mesmo é ficar em casa lendo um bom livro ou assistindo um bom filme.
Beijossssssssss e Parabéns por essa crônica.
ANA CÉLIA DE FREITAS.
Meu amigo Edward. Um abraco. Estou lhado em Antonina e apanhando como gato que rouba bife em mesa alheia com o hote book que comprei para nao ficar longe de vocês. Nem cedilha sei por no abraco. Quando voltar ferei um aprendizado para nao mais passar vergonha. Você abriu a capanga de saudade e espalhou para a turma do blogque esta molhando os lencois de lagrimas.Eu tembem estou aqui curtrindo a minha, especialmente da Rodouro dourada Garcia Netto
ResponderExcluirObrigada por nos presentear com texto tão lindo, Edward! Fiquei encantada com essa leitura...
ResponderExcluirGosto de tudo que vc escreve!
Beijusssssss
Ana Cláudia - Franca - SP.