sexta-feira, 19 de junho de 2009

JOÃO GOULART, ÚNICO PRESIDENTE BRASILEIRO
QUE MORREU NO EXÍLIO
Quarenta e cinco anos depois de derrubado, João Goulart – o presidente que morreu no exílio – continua sendo um personagem esquecido pelos brasileiros. Ele dobrou o salário mínimo, recebeu o legado do mito Getúlio Vargas, aproximou o Brasil da China, governou no parlamentarismo e no presidencialismo, impôs à agenda nacional a reforma agrária e o limite de remessa de lucro das multinacionais e, derrubado pela última das ditaduras, foi o único presidente a morrer no exílio. Só os detalhes explosivos da biografia do gaúcho João Belchior Marques Goulart já seriam suficientes para alçá-lo à galeria das grandes figuras do País, batizar praças e ocupar espaços nobres nos livros de história. Trinta e três anos depois de sua morte e quatro décadas e meia após o golpe que derrubou o fazendeiro-sindicalista do poder, observadores da política ainda se debruçam sobre um dos enigmas da República: por que a figura de João Goulart é tão esmaecida? Por que Jango foi esquecido? Acompanhem agora o último capítulo dessa série assinada pelo jornalista Milton Saldanha.
(Blog Edward de Souza)
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Milton Saldanha
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Do livro inédito “Periferia da História”, adaptado para nosso blog.
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A LEGALIDADE
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EPÍLOGO
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A campanha da Legalidade acabou com uma conciliação, aceita por Jango, para evitar o confronto militar: seria implantado o regime parlamentarista. O presidente indicava o primeiro ministro, que por sua vez tinha que ser aprovado por dois terços do Congresso Nacional. No parlamentarismo o Congresso pode também retirar a confiança no primeiro ministro, derrubando-o.
A viagem de Jango de Porto Alegre para Brasília foi uma operação complicada, planejada pelo general Amaury Kruel, que tinha ido para o RS para lutar ao lado das forças legalistas. Depois, em 1964, comandando o II Exército, em São Paulo, esse general ajudou a derrubar Jango.
Vazou a informação de que oficiais da Força Aérea, inconformados, planejavam abater no ar o Boeing da Varig, especialmente cedido, que levaria o presidente. O próprio presidente da empresa, comandante Rubem Berta, pilotou o avião. Esse plano dos militares ficou conhecido como “Operação Mosquito”. Jango só deixou Porto Alegre quando recebeu garantias dos sargentos de Brasília, informalmente, nos bastidores, e formalmente do general Ernesto Geisel, então comandante da guarnição do Distrito Federal e chefe da Casa Militar do presidente interino Raniere Mazzili. No livro com as memórias de Geisel ele confirma esse episódio e conta como neutralizou os militares radicais. A atitude de Geisel não foi ideológica, ele tinha sido inclusive contra a posse de Jango e chegou a sugerir um plano de resistência à Legalidade a partir da tomada de Curitiba. Foi apenas uma questão de caráter pessoal, de honra, para cumprir a qualquer preço a palavra empenhada. Essa atitude engrandeceu a biografia do general, que muito depois, na ditadura, chegaria à presidência.
Tancredo Neves abriu a lista de primeiros-ministros. O tal parlamentarismo era ridículo e tornou o país ingovernável. Nenhum primeiro ministro durava no cargo e cada vez que mudavam era uma crise danada. O Exército vivia de prontidão. Para resolver o problema foi convocado um plebiscito. O povo decidiria Sim (ao parlamentarismo) ou Não. A campanha pelo Não ganhou as ruas. Brizola, Jango, Juscelino e muitos outros líderes faziam campanha pelo Não. O carro da minha família tinha um adesivo enorme, em vermelho e preto (as cores do PTB), com uma única palavra: Não! Esse adesivo estava por toda parte. O resultado do plebiscito foi esmagador, coisa assim de 90% em favor do Não. Com a irrefutável decisão popular ficava restabelecido o presidencialismo. Jango, finalmente, começava a governar, depois de vários meses de crises.
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*Milton Saldanha, 63 anos, gaúcho da fronteira, é jornalista profissional, com mais de 40 anos de atividades. Começou em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 1963. Foi repórter e exerceu cargos de chefia em alguns dos principais veículos do Brasil, como Rede Globo, jornais O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde, Diário do Grande ABC, revista Motor 3, Folha da Manhã (RS) e outros. Foi repórter em Última Hora, trabalhando com Samuel Wainer. Já assinou artigos e reportagens em mais de uma centena de publicações de todo o Brasil. Trabalhou também em assessoria de imprensa, para empresas e entidades públicas, como Ford Brasil, Conselho Regional de Economia e IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas. É autor do livro “As 3 Vidas de Jaime Arôxa”, pela Editora Senac Rio, e participou como cronista da antologia “Porto Alegre, Ontem e Hoje”, pela Editora Movimento, do Rio Grande do Sul. Assinou também orelhas de diversos livros sobre dança e música, de autores brasileiros. Um ano antes de se aposentar, quando era editor-chefe do Jornal do Economista, em São Paulo, fundou o jornal Dance, que em julho completa 15 anos. Tem novo livro pronto, ainda inédito. É “Periferia da História”, onde conta de memória 45 anos da recente história brasileira. Trabalha em novos projetos editoriais, como jornalista e escritor. Na área de dança, organiza uma coletânea com os melhores editoriais publicados no Dance. Atualmente prepara um livro sobre Maria Antonietta, grande mestra da dança de salão carioca, que morreu recentemente. Apaixonado por viagens conhece quase todo o Brasil e já visitou cerca de 40 países. Por hobby e paixão é dançarino de tango.
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29 comentários:

  1. Nesse último capítulo da série assinada pelo jornalista Milton Saldanha, não poderíamos deixar de cumprimentá-lo pelo sucesso alcançado. Nesses quatro dias, enquanto a série ocupou esse espaço, mais de mil visitas e dezenas de comentários. Hoje Milton termina escrevendo sobre a campanha da Legalidade, que acabou com uma conciliação, aceita por Jango, para evitar o confronto militar, evitando assim o regime parlamentarista.

    Sobre João Goulart, ou Jango, o que se dizer? Não são raros os casos de presidentes depostos e execrados por suas nações. Geralmente são mandatários que envergonham os compatriotas pela corrupção ou atrocidades. Decididamente, não foi o caso de Jango. Uma das frases mais conhecidas no eterno debate sobre seus vícios e virtudes é de seu ministro da Casa Civil, Darcy Ribeiro: “Caiu pelas virtudes, não pelos defeitos.”

    Jango teria perdido o cargo por não recuar do ideal de distribuir renda, fortalecer a economia nacional e reformar a educação. Se fosse fraco, não teria caído. Teria aceito a exigência dos golpistas para dissolver a CGT e a UNE, prender os dirigentes sindicais e romper relações com Cuba. O fato é que Jango não conseguiu impedir o golpe de 1º de abril de 1964, que condenou as gerações seguintes ao que muitos classificam como “lavagem cerebral”.

    Abraços...

    Edward de Souza

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  2. Ôi Milton!
    Antes de entrar no assunto, meus cumprimentos por essa série maravilhosa apresentada aqui no blog. A exemplo de outras colegas de comunicação, cujo diploma perdeu o valor, imprimi todo esse material. Imperdível para quem gosta de acompanhar a história do nosso País.
    Quanto ao Jango, o Edward tem razão, Milton. Li toda a sua biografia e com certeza, foi um injustiçado. Não há ruas nem avenidas com o nome dele e as aulas de história nem citam seu nome. Isso realmente é um mistério e interessante seria abrir um debate sobre isso, citado pelo Edward. Porque Jango caiu no esquecimento? Tantos outros que nada fizeram passaram para a história como heróis, quando na verdade não passavam de vilões. Um mistério realmente...
    Valeu Milton!
    Bjos,

    Karina - Campinas - SP.

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  3. Bom dia Milton e Edward...
    Não sei ainda se esse processo terminou e a família de Jango foi ressarcida, mas eu me recordo que até o final do ano passado, a viúva do ex-presidente João Goulart, Maria Thereza Fontella Goulart, e seus filhos, João Vicente Fontella Goulart e Denise Fontella Goulart, ajuizaram ação de indenização por danos morais, patrimoniais e à imagem contra os EUA.
    Eles alegam que aquele país teria contribuído decisivamente para a ocorrência do golpe militar de 1964, financiando candidatos congressistas opositores ao então presidente João Goulart, disponibilizando apoio militar e logístico para que se desse o golpe. Segundo a família, após o fato, eles passaram a sofrer perseguições dos militares, enfrentaram dificuldades financeiras, sofreram constantes ameaças de morte, de bomba, de seqüestro, entre inúmeras outras. Olha onde chegamos... Além de morrer no exílio, ser injustiçado, a família de Jango ainda passou ou passa por todos esses constrangimentos... Até perseguições. Que País é esse, meu Deus?
    Parabéns pela série, Milton, valeu a pena acompanhar.

    Fernanda - Rio de Janeiro

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  4. Olá Milton, queria saber se essa campanha pela legalidade se espalhou pelo Brasil ou ficou restrita ao Sul do País.
    Grata,

    Milena - Botucatu - SP.

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  5. Ôi Milton,
    Parabéns pela série, brilhante. Sempre existem dúvidas. Certa feita li um artigo numa revista de circulação nacional, mostrando que, a despeito dos EUA se auto-proclamarem grandes defensores da democracia, existem documentos que provam o contrário, principalmente quando esta ameaça os seus anseios imperialistas. Segundo o artigo, nessa época que vc cita nesse seu último artigo aqui no blog, da "Legalidade", os Estados Unidos teve papel fundamental e lutou contra Brizola e João Goulart, enfiando dinheiro para impedir o sucesso dessa empreitada, não foi? Essa dependência econômica dos EUA em si é uma forma de manipular e influenciar nas decisões políticas do nosso país?
    Beijinhos,

    Priscilla - Cásper Líbero - SP.

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  6. Roberto Luiz Cardimsexta-feira, 19 junho, 2009

    Bom dia Milton Saldanha e Priscilla...
    Penso que você se enganou de data, Priscilla, a não ser que me provem o contrário. Que eu tenho lido, essa campanha da Legalidade abordada pelo Milton não teve dinheiro americano no meio não. Pelo menos nada se provou. No entanto, no golpe de 1964 sim, temos a comprovação da participação dos EUA. Existem documentos que mostram isso.
    Abraços,

    Roberto Luiz Cardim - Araguari/MG

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  7. Bom dia Milton, amigos e amigas do Blog,

    Imperdoável como esqueceram o Jango. Tive oportunidade de conhecer pessoalmente seu filho, o João Vicente. A familia desconfia que a própria morte dele foi provocada: trocaram os remédios que ele tomava para controlar a pressão. Os mais jovens talvez não tenham conhecimento da "operação condor" que eliminou vários líderes de esquerda naquele período intenso de guerra-fria. A morte de Juscelino, num acidente de carro na via Dutra é outro enigma. Brizola, por certo, tinha boas fontes nos meios militares e conseguiu preservar sua vida.
    Parabéns pela série, caríssimo Milton. E mande mais capítulos para nosso deleite.

    Abração,

    édison motta
    Santo André, SP

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  8. Ôi Édison, acabo de ler esse último capítulo da série do Milton, simplesmente fascinante. Já que vc tocou nesse assunto de mortes estranhas de políticos famosos, outros, além desses que vc citou sempre irão ficar nas rodinhas da desconfiança. O Marechal Castelo Branco, por exemplo. Um choque de aviões no ar tirou sua vida e o piloto, um capitão do Exército, teria saltado de pára-quedas e saiu ileso. Isso eu li numa grande revista faz algum tempo, Édison. Disseram até que sumiram com esse piloto. Foi um atentado ou não? Tancredo Neves eu não acredito que o tenham matado. Estava velho e doente. E agora, nesse último capítulo do Milton? Jango por pouco não é vítima de um atentado, precisou de garantias muitas para se safar da morte. Cá entre nós, podridão demais pelo Poder, não acham?
    Beijos...

    Maria Rita - Santa Catarina

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  9. Bom dia, Senhor Milton.
    A imagem que os militares da época da ditadura passaram sobre Jão Goulart era de que ele era comunista e isso perdura ainda hoje, mesmo com fatos provando o contrário. Essa imagem do Jango, de que ele estaria entregando nosso País para os comunistas, foi uma grande estratégia dos militares, que possaram como os grandes salvadores da Pátria. E o pobre Jango exilado, morrendo longe da nossa Terra.
    Eu era coroinha ainda Senhor Milton, quando o padre Simão,já falecido, nos assustava. Ele dizia que comunistas comiam crianças. E eu morria de medo. Sonhava de noite que eu estava num prato e um monte de homens de vermelho me comendo. Com o garfo e a faca, que isso fique claro.
    Um bom dia a vcs e compareçam em minha quermesse em pról ao J. Morgado. O lucro auferido será para a compra de um novo computador para ele. Obrigado.

    Padre Euvídio

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  10. Olá, Milton e amigos do blog!

    Os grandes arcanos da nossa história recente só serão decifrados se houver gente como você, Milton, com sua voz, coragem e conhecimento advindo por testemunhar os fatos. Ainda há muitas peças a serem juntadas no quebra-cabeças da história do Brasil...

    Um abraço.

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  11. Olá amigos

    Estou apenas assinalando minha presença para dizer que estou vivo.Dentro de alguns dias aqui estarei para fazer meus costumeiros comentários.
    Padre Euvídeo, obrigado por se preocupar com minha pessoa.
    Aos meus colegas, Edward, Motta, Lavrado, Saldanha, Médici e Nívea e todos os frequentadores do blog, meus respeitos e até breve.
    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  12. Olá Milton, aceite meus cumprimentos pela brilhante série.
    Queremos mais,
    Bjos,

    Marcela - Cásper Líbero - SP.

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  13. Olá Milton!
    Acompanhando estes dias toda essa série, fiquei com vontade imensa de conseguir um bom livro sobre essa história da "Campanha da Legalidade", e mais ainda, um outro com a bioografia de Jango, ou nem isso tem? Se alguém puder me indicar, vou ficar imensamente grata. Parabéns pelo texto. Vc tem realmente uma memória privilegiada, Milton...
    Bjs,

    Ana Rita - Curitiba/PR

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  14. Padre euvidio que estais na net.
    Santificado seja o vosso blog.
    Assim na internet como na intranet.
    Os kbytes de cada dia, dai nos hoje senhor.
    Perdoa a nossa falta de espaço no HD, assim como nós perdoarmos a falta de conexão
    Não nos deixeis cair nos comentários maldosos, mais livrai nos de todo os vírus, amem.

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  15. Queridas amigas e amigos:
    É fascinante ver o interesse de vocês pela história do nosso país. Durante toda minha vida sempre fui de esquerda, militei, corri riscos, ajudei gente a fugir para o exterior (indo junto até a fronteira), escondi arma em casa, fui preso político, tive minha casa saqueada pela repressão. Além ainda da militância no jornalismo de esquerda, antes disso tudo. Hoje, aos 63 anos, aposentado e tocando um vibrante jornal de dança, que faço na minha casa, abandonei a paixão ideológica pelo esforço de ver a história e as pessoas com o máximo de isenção, visão crítica e distanciamento emocional. Abandonei o maniqueísmo da juventude, que era normal. Já fui, por exemplo, brizolista fanático. Hoje vejo Brizola também com seus defeitos humanos e erros políticos graves. E, sinceramente, aprendi que não se pode por a mão no fogo por ninguém sem ter absoluta certeza. Jango governou sob turbulência o tempo todo. De um lado, as forças sindicais que eram a base de sustentação do seu governo, pressionando e muitas vezes atrapalhando o processo produtivo. De outro, no auge da Guerra Fria, enfrentando todo tipo de oposição e escancarada conspiração. Tentou um ministério conciliador. Chegou a ter Carvalho Pinto, homem da confiança do capitalismo paulista, como ministro da Fazenda. Caramba, o que mais queriam? Mas a direita conspiradora era insaciável, queria o poder de qualquer maneira, e não conseguia pelas urnas. A velha UDN - União Democrática Nacional, era esmagada em todas as eleições. Só levou com Jânio Quadros, mas aí não foi a ideologia, foi o carisma pessoal. Jango brigou também com Brizola, que cobrava reformas mais radicais, enquanto o presidente tentava se equilibrar na conciliação. Lembro-me que Brizola ia para o rádio e cobrava duro do Jango. Que jamais respondeu publicamente. Brizola, no seu governo gaúcho, se tornou odiado pela direita e pelo capital norte-americano, quando encampou a Cia de bondes e de energia elética, a CEEE, onde fiz concurso público e trabalhei dois anos, enquanto não arrumava emprego em jornal em Porto Alegre. Priscilla e Roberto Luiz Cardim, na Legalidade não entrou grana dos norte-americanos, mas a partir da conspiração contra Jango entrou muito dinheiro. Havia uma sigla, o IBADI, instituto não sei das quantas, que era o corruptor dos parlamentares, com os dólares que vinham de fora. Isso foi ampla e exaustivamente denunciado. A esquerda era desunida e a direitam idem. Então ficava uma confusão danada. Foram anos extremamente turbulentos, que sedimentaram as condições ideais para o golpe e implantação da ditadura, uma tragédia. Tudo indica que Jango foi assassinado pela Operação Condor (sobre a qual já tratei aqui no blog, lembram?), citada novamente pelo nosso Édison Motta. Édison, recentemente conversei com o João Vicente, filho do Jango, em Brasilia. Foi um momento emocionante, durante um congresso de anistiados políticos. Ele era criança naquele tempo. Disse-me que lembrava muito pouco. Eu acabei contando mais coisas a ele do que ele a mim. Voltarei para comentar mais.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  16. Ernesto Losan Guarnerosexta-feira, 19 junho, 2009

    Parabéns Milton, pela série magnífica.
    Mudando só um pouquinho de assunto, vendo a foto acima, de Kennedy e João Goulart, me veio à lembrança as duas damas mais chiques e cobiçadas do Mundo. Jacqueline Kennedy (tenho um livro com sua biografia) e Dona Maria Theresa Goulart. Lindas e majestosas primeiras-damas. Como eram bonitas e sabiam se comportar em público, não? Para mim, Maria Theresa era mais bonita que Jacqueline. Não se fazem mais primeiras-damas como antigamente...

    Abraços,

    Ernesto Losan Guarnero - Ribeirão Preto - SP.

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  17. Tens razão, Ernesto Losan Guarnero. Maria Tereza foi a mais bela primeira dama de todos os tempos. A vida conjugal do Jango foi também turbulenta. O Jango foi mulherengo, desde garoto, na fazenda do pai, em São Borja, onde gerou Noé com uma empregada da casa. Noé ganhou o reconhecimento na Justiça, caso famoso. Não deixem de ler o livro "Jango", escrito por Marco Antonio Villa, Editora Globo. Tem toda a vida dele, a política, golpe, tudo. E revelações incríveis, entre elas a de que Jango foi dono (com testa de ferro, claro) do mais famoso prostíbulo de Porto Alegre, a famosa Mônica, que frequentei algumas vezes na minha juventude. Não sou eu falando, gente, tá no livro.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  18. Querida Milena
    Desculpe, você perguntou se a Legalidade se espalhou pelo Brasil. Uma ótima pergunta. Não chegou a se espalhar, mas teve focos e um movimento forte de resistência em Goiás, onde Mauro Borges era governador. Mauro Borges também se armou no palácio, com a PM, e deu apoio a Brizola. Mas lá o movimento não teve a mesma força do Sul. Soube, mas precisaria confirmar melhor esse episódio, que o Batalhão de Caçadores, em Santos, também teria se declarado com a Legalidade. Havia muita gente em cima do muro, como sempre. No livro com as memórias do Geisel ele conta que propôs um plano aos ministros militares golpistas. Era tomar com paraquedistas o aeroporto de Curitiba e montar a resistência aos gaúchos a partir daquele ponto. Os ministros recusaram o plano, queriam outra estratégia. Se a situação se agravasse, eu tenho a convicção de que haveria grande divisão nas tropas comandadas pelos golpistas. A Legalidade ganharia adesões importantes. Comandos e subalternos estavam esperando para ver a evolução dos fatos. E a grande motivação para isso, segundo minha tese, era a união maciça do III Exército com a Legalidade, gerando grande motivação popular e no meio militar.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  19. Eu também já estive no prostíbulo da Mônica, mas entrei porque fui dar extrema unção para um funcionária dela. Senão, nem na porta poderia pisar. Era uma nota preta pra entrar. O Milton pode confirmar isso.
    Eu não sabia que aquilo lá era do Jango, mais essa...... Vai ver que a mulherada ajudou a expulsá-lo do Brasil. Não é de se duvidar. Êta cambada!

    Padre Euvidio

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  20. Caro padre Euvidio
    Eu também custei a acreditar quando li isso no livro. Mas o autor é sério e trata bem o Jango. Qual bom autor deixaria de contar coisa tão inusitada? Caramba, o cara era rico pra burro, tinha fazendas imensas e gado de perder a conta. E ainda precisava ser dono de bordel? É o Brasil, gente. Leiam o livro!
    Beijos,
    Milton Saldanha

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  21. Boa tarde.
    Uma série deliciosa essa escrita pelo Milton. Como gosto de ler coisas de nosso País assim, contadas por quem viveu essa época. De uma maneira diferente de livros, sempre sérios, sisudos. Parabéns, Milton...
    Abçs,

    Adélia - Cordeirópolis - SP.

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  22. Olá gente: Milton, saboroso seu artigo em três capítulos...
    Da lâmpada de Aladim da política tupiniquim fornece "gênios" mas, infelizmente, sempre prevaleceu o individual sobre o coletivo. Adversários mortais tornam-se aliados em nome do "puder". Vendem a mãe e, pior, alguns até entregam.
    Alguém disse, um dia, que este país não é sério, dai...(Bozena).
    Getúlio Vargas, um ditador não diferenciado dos milicos, ainda é idolotrado por alguns...
    Brizolla não sabia onde ficava Copacabana e foi eleito governador do Rio. Comandou a Cidade Maravilhosa sem ser notado. Depois que morreu recebeu alguns elogios (coisa de brasileiro).
    Agnaldo Timóteo foi um medíocre deputado federal e eleito vereador em São Paulo sem conhecer o bairro de Sapopemba (essa é do Jãnio).
    São Paulo, considerada a cidade mais avançada do Brasil, o povo elegeu Cacareco, um hipopotamo do Zôo paulistano, Biro-Biro e Zé Maria (porque jogavam no Corinthians), Mário Américo (massagista da Portuguesa e da Seleção Brasileira) e mais reentemente Ademir da Guia, ídolo no Palmeiras. As profissões são irrelevantes, relevante é que todos eles passaram pela Câmara sem ser notados, portanto, absolutamente inúteis. Aqui em São Bernardo, nos anos 80, foi eleito um sujeito semi-analfabeto, porque seu nome (Walter Demarchi) era o mesmo do então prefeito e dono de restaurantes da famosa Rota do Frango com Polenta. Claro que o cara ficou apenas um mandato.
    Essa é a política brasileira.
    Parabéns,de novo, Miltom Saldanha.

    Abraços a todos
    Oswalado Lavrado - SBCampo

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  23. "Aquele que não é capaz de se governar a si mesmo não será capaz de governar os outros".

    Mahatma Gandhi

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  24. sr milton sou meio analfabeto, pois estudei até a sexa série nem escrever direito eu sei. mas como leitor desse blog, não posso deixar de dizer que não possuo ideologia política. isso faz de mim um brasileiro que sempre quis pura e simplismente o bem do povo brasileiro e da nossa nação ja muito castigado por ideologias espúrias de pensadores estrangeiros. nunca ouve nesse pais um pensador que fosse digno para montar um modelo políco que fosse bom para o povo brasileiro seja ele de direita, centro ou esquerda. sempre fomos governados por uma elite políca de canalhas sem excrúpolus. hoje o sr fala que o jango morreu fora do pais. ja que falou que foi o único governante que morreu fora do pais, acho que o sr se equivocou. e dom pedro II? não foi eleito pelo povo. mas era um brasileiro. um brasileiro que morreu popre na mais completa miséira. ao comtrário do jango.
    um brasileiro - chapada dos viadeiros.

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  25. Marcelo Cantagrossosexta-feira, 19 junho, 2009

    Espera aí, senhor "Chapada dos Viadeiros". O senhor não deve estar acompanhando corretamente esse blog. O Milton Saldanha não disse que Jango foi o único governante que morreu fora do País. Esses dados foram acrescentados pelo Blog do Edward, veja a assinatura abaixo. Mais ainda, senhor "viadeiro", D. Pedro era brasileiro onde? Era português da nata e ajudou a roubar esse País, levando nossa riqueza para a Terra Pátria. Desde quando D. Pedro nasceu no Brasil? E Jango foi sim, o único presidente do Brasil a morrer no exílio, o senhor entende o que é exílio? E o que é Presidente? O blog não disse governante, senhor "viadeiro", disse "P R E S I D E N T E".

    ABRAÇOS, SENHOR DOS VIADOS

    Marcelo Cantagrosso - Taubaté - SP.

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  26. Senhores Cantagrosso e Viadeiro
    Até parece nome de dupla sertaneja. Poderiam se juntar e fazer uma, o nome já têm. D.Pedro II foi sim brasileiro, e mais brasileiro do que a maioria desses políticos que andam por aí. Quem falou que morreu na miséria? Onde leu isso, Seu Viadeiro? Vá se informar, meu filho.

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  27. ESCLARECIMENTO:

    O segundo imperador do Brasil nasceu no Palácio da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, no dia 2 de dezembro de 1825, sendo o sétimo filho e terceiro varão do casal de imperadores D. Pedro 1° e D. Maria Leopoldina, que faleceu quando o príncipe tinha apenas um ano. Com a morte de seus irmãos mais velhos, Miguel e João Carlos, herdou o direito ao trono do Brasil.

    Após a abdicação do trono e a partida de D. Pedro 1° para Portugal, ascendeu ao poder com apenas 6 anos, em 7 de abril de 1831. Até assumir de fato o poder, ficou sob a tutela de José Bonifácio de Andrade e Silva e depois do marquês de Itanhaém, Manuel Inácio de Andrade Souto Maior.

    Interessado pelas letras e pelas artes, trocou correspondências com vários cientistas europeus da época, como Louis Pasteur e Arthur de Gobineau, sempre incentivando intelectuais e escritores. Durante o seu reinado, excursionou pelo Brasil e visitou diversos lugares do mundo, como a América do Norte, a Rússia, a Grécia, o Egito e a Palestina. Nestas visitas sempre buscava trazer inovações tecnológicas para o país, como a câmera fotográfica, onde os registros de suas viagens se tornaram preciosidades históricas.

    O nome completo de D. Pedro 2° era Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Miguel Gabriel Rafael Gonzaga.

    Cláudia - Rio de Janeiro

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  28. o cantagrosso eu sou analfabeto mais vc bateu o record. eu falei de d. pedro segundo. e me dizx uma coisa qual governante deste pais que não o roubou?

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  29. seuuuuuu machado e onde o sr leu que d pedro II NÃO MORREU POBRE. NÃO SÓ MORREU POBRE COMO SOZINHO NUM HOTELZINHO DE QUINTA EM PARIS E A FAMILIA DE D PEDRO II SÓ RECEB EU O QUE LHE ERA DEVIDO QUANDO O GOVERNO BRASILEIRO RESTITUIU O DIREITO DE CIDADANIA A SUA FILHA MAIS VELHA, QUE VOLTOU PARA O BRASIL NA DÉCACA DE 20 DO SÉCULO PASSADO. POR ISSO VA SE INFORMAR SENHO MACHADO

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