Cheguei em casa aliviado após o término da segunda fase da quimioterapia que, desta vez, incluiu nistatina, uma potente medicação capaz de derrubar um garanhão. Nessa semana em que fiquei no hospital, recebi a visita dos amigos de sempre: Paulo Pereira e Severino Ferreira da Silva, o Jacaré. E é conhecido por esse apelido de tal maneira que, um dia, ligaram para a sua residência, e pediram para falar com o “seu” Severino. Sua esposa, casada com ele há quase 40 anos, chegou a dizer: Olhe, aqui não mora nenhum “seu” Severino. Aqui, é a casa do “seu” Jacaré. .
Meu estado físico, durante essas visitas, deveria se encontrar em estado de penúria. Percebi tristeza em seus olhos e, o Paulo, como das vezes anteriores, saiu quase sem se despedir, cabeça baixa, talvez para ocultar os olhos molhados por lágrimas. Paulo é emotivo e, acredito, imaginava o amigo em seus últimos dias de vida. Em casa, pensei em como aproveitar os vinte e um dias que teria de folga, até iniciar a terceira semana. Essas perspectivas foram eliminadas já no segundo dia de descanso. Comecei a sentir fortes dores de cabeça, ânsias de vômito, diarreia e tonturas.
Cheguei a pedir para morrer a continuar sofrendo. Minha mulher tentava me acalmar. Nesse dia, cheguei a escrever um extenso recado para o Paulo Pereira. Só me lembrava de uma frase do personagem de Victor Hugo, em Os Miseráveis, Jean Valjean que, no leito da morte, dizia a Fantine, salvo engano, que “morrer é nada, não viver que é medonho”. Acredito que esta foi a primeira vez que senti o verdadeiro e mais profundo sentido dessa frase de uma pessoa consciente da aproximação da morte. A dor é muito mais forte, é uma dor que demonstra a fragilidade do ser humano e o quanto ele é vulnerável à doença.
.Três dias após chegar em casa, num sábado à tarde, percebendo a piora da situação, minha mulher decidiu me levar urgentemente para a ala de emergência do hospital. Fui, protegido por um fraldão, estirado no banco traseiro do carro. Em São Paulo, defronte ao hospital, não consegui andar e precisei ser conduzido em uma cadeira de rodas. Fomos atendidos de imediato e, o médico, logo de início diagnosticou febre alta e a necessidade de internação. Constatou-se, mais tarde, que eu estava com infecção hospitalar e, caso não fosse socorrido a tempo, teria perecido. Ainda meio alucinado, pedia para minha mulher não deixar que me internasse. Desejava voltar para casa. O médico, ouvindo minha súplica, foi direto: não poderia, em obediência aos seus princípios, liberar um paciente necessitado de cuidados médicos urgentes.
Lembro-me de ter sido levado para um quarto no terceiro andar do hospital, onde já se encontrava um paciente descendente de japoneses. Sei, ainda, que, deitado, acordei três vezes com um líquido amarelado sobre meu peito. Minha mulher e a enfermeira disseram tratar-se da abertura da sonda. Não era verdade. Eu vomitava, não conseguia segurar a medicação. Dormi e, dessa noite, não me lembro de mais nada. Pensava em ter alta no dia seguinte, mas acabei por ficar sob observação médica durante nove dias. Período em que o meu estado reuniu oncologista, cardiologista, infectologista e os especialistas da Central da Dor. Minha mulher me revelou mais tarde que, desta vez, ela pensou que eu não iria suportar. “Se fosse em outro hospital, você teria morrido”, disse. Quando o médico oncologista Ulisses Nicolau me deu alta, não sei se por brincadeira, me agradeceu minha contribuição pela descoberta de uma nova espécie de vacina.
Regressei na semana seguinte e os médicos, reunidos, concluíram que eu não suportaria continuar com o tratamento tradicional da quimioterapia. Optaram pela aplicação do Erbitux, um medicamento fabricado na Alemanha. Para conseguir autorização do plano de saúde para realizar o tratamento com esse novo remédio foi preciso contar com a ajuda da advogada Lívia Faé Vallejo, que entrou com processo judicial e obteve a liminar assegurando o cumprimento das determinações médicas. A essa advogada, sem dúvida, devo e continuarei devendo um pouco do que resta de minha vida. Esse novo tratamento consistiu em trinta sessões de radioterapia e sete de quimioterapia, este, uma vez por semana. Indagado se agora eu conseguiria ficar bem, um dos médicos, o otorrinolaringologista Ricardo Teste, me olhou fixamente e disse apenas: Mais ou menos.
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A pessoa possuidora de um tumor maligno começa a demonstrar interesse por tudo que se relacione com a cura dessa doença que, em tempos considerados antigos, mais exatamente na década 50 do século passado, era chamada de coisa ruim e praticamente sinônimo de morte. Por isso é que procurei ler de imediato uma matéria da revista Veja, de 20 de junho de 2007 (foto a esquerda), com a chamada no alto da capa, a direita: "Câncer - A esperança das terapias - alvo", que incluía uma das terapias que eu acabara de experimentar. Havia mais uma razão para justificar o meu interesse: depois do violento baque sofrido nas duas sessões de quimioterapia, o doutor Ulisses Nicolau percebeu que eu não suportaria continuar com esse tratamento e decidiu por um mais avançado, cuja ação se limitava a combater o tumor, as células malignas, sem matar as benignas. Adiantava: os planos de saúde não estavam autorizando esse tipo de tratamento e eu, nem minha mulher, tínhamos recursos suficientes para cobrir essas despesas. A advogada Lídia Faé Vallejo se ofereceu para entrar com uma ação contra a seguradora de saúde, que realmente indeferiu o tratamento na base do medicamento denominado Erbitux, fabricado na Alemanha. Conseguiu a liminar e comecei, então, o tratamento.
.E é por isso que a reportagem da revista me despertou a atenção. È de autoria de Anna Paula Buchalla. Essa jornalista cobriu o encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, realizada em Chicago, nos EUA, e , em certo trecho, afirma: em relação a dez anos atrás, a medicina avançou sobremaneira na compreensão de mecanismo envolvidos no desenvolvimento e no comportamento das células cancerosas. Agora, é possível traçar o perfil genético de diversos tumores, como os de mama e de pulmão. Essas informações, aliadas a análise genética do próprio paciente, levaram à criação de tratamentos individualizados – a atual meta na guerra contra o câncer. Ou seja, identificar que remédio funciona melhor para um determinado grupo de pacientes com características semelhantes. Algumas dessas armas estão disponíveis. E cita: esses medicamentos também são conhecidos como biológicos, agem de forma inteligente, impedindo a proliferação das células tumorais sem afetar as células saudáveis. Seus representantes mais difundidos são: Erbitux (cabeça e pescoço), Mabthera (linfoma), Herceptin (mama), Nexavar (rim), Glivec (leucemia), Sutent (rim) e Avastin (intestino). Em outro trecho, citava David Cameron, professor de oncologia da Universidade de Leeds, na Inglaterra, que dizia: o objetivo final é associar apenas medicamentos biológicos, eliminando a quimioterapia do rol de tratamento contra o câncer.
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Eu havia feito o tratamento com o medicamento Erbitux e, três semanas depois, sentia que não havia melhorado. Estava fraco, sem forças e quase sem esperanças de voltar a ter uma vida normal. O exame mais moderno de imagem que havia feito anunciava o diagnóstico: processo expansivo com epicentro na fosseta de Rosemüller e espaço retrofaríngeo esquerdos, e que se estende cranialmente por aproximadamente 4,2 cm, até a fossa média da base do crânio, onde promove destruição óssea da asa maior esquerda do esfenoide, do ápice do rochedo e côndilo occipital esquerdo. De todo esse diagnóstico, eu só entendi que o processo era expansivo e isso era o que mais me preocupava.
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Na próxima quarta-feira, o décimo sexto capítulo de Memória Terminal, do jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, falecido em 29/11/2008. O Prêmio Esso de Jornalismo é o mais tradicional, mais conceituado e o pioneiro dos prêmios destinados a estimular e difundir a prática da boa reportagem, instituído em meados da década de 50. (Edward de Souza/ Nivia Andres) Arte: Cris Fonseca.
___________________________________________ Os leitores (as) que participarem com seus comentários no capítulo desta quarta-feira, irão concorrer ao sorteio de dois livros, um para cada premiado, escrito pelo jornalista José Marqueiz, intitulado "Villas Boas e os Índios", edição raríssima que não pode mais ser encontrada em livrarias, brinde oferecido pela Ilca, esposa do jornalista. "Villas Boas e os Índios" é um livro constituído de reportagens e entrevistas com os irmãos Cláudio e Orlando Villas Boas, resultado do trabalho jornalístico de José Marqueiz na selva brasileira, que lhe valeu o Esso Nacional de Jornalismo. Participem e concorram. ( Edward de Souza).
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Bom dia amigos (as) deste blog...
ResponderExcluirEstamos apresentando hoje o 15º capítulo desta série inédita do jornalista José Marqueiz. A doença estava se manifestando de forma aguda e o jornalista sentia que suas forças diminuiam. Mas, continuou lutando, sempre amparado pela Ilca, sua companheira nas horas mais difíceis e resolveu ler um pouco, procurando entender o mal que o acometia. Começou seu relato brincando com o amigo "Jacaré", ao contar que nem mesmo a esposa sabia o nome do marido, apenas o apelido, para depois relatar todo o doloroso processo enfrentado para cuidar da doença que o dizimava a cada dia.
Hoje vamos distribuir dois livros escritos pelo José Marqueiz que bateram o recorde de vendas. Se estes livros existem foi porque a Ilca resolveu reservar alguns poucos e destes nos doou dois, com a promessa de outros dois para as próximas edições. Basta apenas você participar e deixar um comentário. Os articulistas deste blog, no final da noite irão escolher os ganhadores, que serão divulgados na edição de amanhã. Os livros serão enviados por sedex para o endereço fornecido pelos ganhadores, sem nenhum custo.
Neste livro que José Marqueiz publicou, está a série de reportagens feitas por ele em "O Estado de São Paulo", entre outubro de 1972 e fevereiro de 1973 e que mereceu o Prêmio Esso de Jornalismo. José Marqueiz, como se estivesse a erguer um roteiro cinematográfico neste livro, não se contenta em mostrar a caminhada na mata, um rio desconhecido e a chuva ininterrupta. O grande objetivo - que é o índio Kranhacãrore - tudo envolve, concentrando os sertanistas e o repórter nesta empreitada fantástica. Um livro precioso.
Um forte abraço a todos...
Edward de Souza
Edward, bom dia!
ResponderExcluirDe todos os capítulos que li até hoje desta série escrita pelo jornalista José Marqueiz, este sem dúvida foi o mais triste. Até a foto me deixou sensibilizada. Mas não posso deixar de admirar a força do jornalista tentando vencer a morte. Lutou, se apegou a revistas e livros que falavam sobre a doença, tentando entender ou, quem sabe, procurar exemplos de cura que o animassem a enfrentar o mal que o acometia. Emocionante!
Fiquei contente em saber que a Ilca deixou os livros do José Marqueiz para sorteio. Estou louquinha para ler esse exemplar. Como não tem a venda (eu compraria com prazer), quero me candidatar ao sorteio, tá bom, Edward? Quem sabe tenho sorte. Ficaria muito feliz!
Bjos a todos!
Gabriela - Cásper Líbero - SP.
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ResponderExcluirProfessor João Paulo, permita-me discordar. Fatos assim devem ainda mais nos aproximar de Deus. Não é por vontade Dele que isso acontece. O ditado é antigo e pode até parecer desumano citá-lo nesta oportunidade: "aqui se faz, aqui de paga". Perceba, não estou falando em vida após a morte muito menos em reencarnação, sou leiga neste assunto e temos no blog pessoas habilitadas para tratar deste assunto. José Marqueiz contou, em capítulos anteriores, que sua vida foi desregrada. Abusou do álcool e do fumo, enfim, descuidou-se do bem maior que é o corpo e pagou por isso, infelizmente. Diz a Bíblia que o salário do pecado é a morte, então, porque ser descrente quando se fala nisso? Eu, ao contrário, tenho mais fé em Deus e quero sempre acreditar em sua infinita bondade. Com doença ou saudável. A presença de Deus pode ser notada todos os dias, professor João Paulo. Basta abrir sua janela e ver o azul do céu, o cantar dos pássaros ou mesmo o rugir dos trovões e a chuva caindo. Sempre que me levanto já é uma graça Divina, estou viva e posso desfrutar de todas as belezas que a Natureza, com as mãos de Deus nos outorgou. Gosto muito da série que estou lendo, aprendo mais com os exemplos de força e coragem deste brilhante jornalista que, num momento de agonia, pediu à esposa que rezasse por ele. Isso está no capítulo anterior.
ResponderExcluirEdward, quero também participar do sorteio deste livro escrito pelo José Marqueiz. Obrigada!
Bjos a todos!
Talita - Unisantos - Santos - SP.
Amigas e amigos: o dramático relato do Marqueiz realmente é comovente e mostra como a vida humana nada vale perante os interesses comerciais mais mesquinhos dos planos de saúde. Não fosse a advogada, e seu destino seria imprevisível. Ele, como pessoa esclarecida, teve atitude. Podemos imaginar então quantas pessoas simples e desprotegidas acabam morrendo porque os bandidos que operam esses planos, ganhando fortunas, se recusam a cumprir suas obrigações. A linguagem e o objetivo deles é o lucro, não importa o quanto tenham que desrepeitar a vida para isso. Onde estão os legisladores, super bem pagos com nosso dinheiro, que não dão um basta nisso? Não precisam responder, eu mesmo afirmo: estão roubando, e só isso.
ResponderExcluirAbraços a todos!
Milton Saldanha
Talita, que maravilha ler seu comentário, menina! Fico feliz em saber que jovens como você tem bons pensamentos. Menos mal. Deixando de lado o quadro triste deste capítulo, sempre me apego no bom humor que José Marqueiz demonstrava ao escrever suas memórias. Em todos os capítulos teve alguma coisa engraçada escrita por ele. O começo do texto de hoje é uma prova disso, ao citar o caso do "Jacaré", que até a esposa desconheci que ele se chamava Severino. Foi muito boa essa. Tenho um amigo aqui em Votuporanga, que é assim. Nem seus familiares sabem o seu nome, só o chamam de "Mineiro". Esse "Mineiro" é pintor de residências. Outro dia me deu um cartão que continha seu número de telefone e em cima grafado: Mineiro - pintor. Curioso, perguntei-lhe seu nome e seco me respondeu: "Mineiro, uai"!
ResponderExcluirContinua formidável "Memória Terminal" de José Marqueiz, Edward. E sou um dos muitos que estão se candidatando a ganhar um dos livros do jornalista. Posso?
ABÇS
Birola - Votuporanga - SP.
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ResponderExcluirEdward, Milton e Cris, também fiquei aflita com o capítulo de hoje e revoltadíssima, quem não fica, quando li que foi preciso a intervenção de uma advogada para que ele, José Marqueiz, pudesse ter o medicamento adequado que seu plano de saúde se recusava a cobrir. Dificilmente algum usuário está satisfeito com os serviços pelos quais ele paga. Exames x e y não estão cobertos; doenças anteriores ao plano também não; procedimentos mais modernos estão fora da cobertura e assim o plano termina servindo apenas para que você encontre um leito e acabe contraindo uma infecção hospitalar, pois tudo o mais terá de ser bancado pelo cliente que já amarga mensalmente com prestações exorbitantes. Ou então apelar para a Justiça morosa. José Marqueiz teve sorte em conseguir a ajuda desta advogada que mexeu rapidamente com os pauzinhos. Que mundo é esse, meus Deus!
ResponderExcluirBjos,
Andressa - Cásper Líbero - SP.
Caro amigo Edward e leitores dos belos, bem humorados e às vezes tristes capítulos de Memória Terminal, do amigo José Marqueiz. Muito triste esse capítulo de hoje, mesmo o Marqueiz mantendo seu bom humor no texto. Lembro que o Marqueiz gostava do romance, “Os Miseráveis”, do escritor Victor Hugo. Por influência dele, comprei e li duas vezes esse romance e ainda o tenho em minha biblioteca.
ResponderExcluirQuase no final deste capítulo, onde ele fala das novas descobertas científicas para a cura do câncer, lembrei-me da minha mãe Carolina, que contraiu essa doença em um dos seios, extraído por cirurgia, o que lhe proporcionou uma sobrevida de mais cinco anos, mas acabou falecendo com pouco mais de 50 anos, porque a terrível doença já havia atingido outros órgãos, segundo explicaram os médicos.
Obs. Se por acaso eu for escolhido ou sorteado para ganhar o livro Villas Boas e os Índios (documento), do José Marqueiz, pode repassá-lo para outro leitor ou leitora, porque já possuo a obra, autografada pelo Marqueiz, em agosto de 1978.
Enviei um e-mail ao professor João Paulo de Oliveira ontem, cujo endereço encontrei no rodapé do seu texto, cumprimentando-o pela “Epístolas Paulianas”, escrita em homenagem ao saudoso amigo e companheiro José Marqueiz.
Saudações, Hildebrando Pafundi - escritor e jornalista.
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ResponderExcluirCompartilho do mesmo pensamento do professor João Paulo. Quem é antigo aqui no blog já sabe. E não vejo qualquer razão para celeumas. Não é ofensa nem agressão aos crentes a gente revelar que não acredita. Jamais fizemos isso de forma ofensiva. Mas alguns reagem como se tivessem sido agredidos. Não foi o caso hoje aqui, mas já aconteceu antes. Nunca entendo porque tanto espanto. Será falta de hábito com a diversidade de pensamento? Ser ateu é apenas um livre direito. Ou não?
ResponderExcluirAbraços a todos!
Milton Saldanha
Penso que o direito é livre sim, Milton, porém ser ateu ou crente não devia nunca ser ostensivo. Se o é, merece resposta. Também acho que cada um com sua fé ou com sua descrença. Usar a crença ou o ateísmo como troféu e achar que é o dono da razão, jamais.
ResponderExcluirBjos,
Talita - Santos - SP.
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ResponderExcluirBoa tarde, amigos e amigas!
ResponderExcluirCada capítulo de MEMÓRIA TERMINAL é um achado. Marqueiz, ao revelar os meandros de sua enfermidade e uma rotina de sofrimentos infindos, aborda assuntos que dizem respeito a toda a sociedade. Qual a família que não enfrentou uma doença, que não teve dificuldades para manter o tratamento de um genitor ou de um filho? Como é terrível saber que a Justiça (sempre tão morosa...) precisa intervir para que uma pessoa possa ter tratamento adequado! E aqueles que não têm acesso nem aos serviços de saúde mais básicos? Estamos, todos, expostos a uma dor diária, que não tem fim...
Aliás, essa dor pode ter fim, sim, no dia em que o povo brasileiro parar de ser tão omisso e aceitar, cabisbaixo, os crimes que são cometidos por quem tem o dever de representá-lo e não o faz...
De outra parte, compartilho do pensamento do Professor João Paulo e do Milton Saldanha. E sigo a máxima "Viva e deixe viver"! Cada pessoa é livre para externar o seu pensamento, crer ou não crer. Por isso, não pode ser criticada - deve ser respeitada em suas convicções!
Um abraço a todos e aproveitem o dia!
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ResponderExcluirEdward e Nivia, um capítulo emocionante e que acaba também nos revoltando com tantos descasos dos tais planos de saúde. Não sei se perceberam, mas neste capítulo o José Marqueiz, antes de falar sobre a intervenção precisa da advogada para que ele recebesse tratamento adequado, ou o tal medicamento alemão que estava sendo receitado, que acredito deve custar uma nota altíssima, escreveu que estava com infecção hospitalar, mais revoltante ainda. Sabemos nós que infecção hospitalar nada mais é que desleixo destes hospitais. Com excessão de poucos, o Einstein está entre eles, a maioria lida com esse problema, eliminado sabem com quê? Água e sabão! Isso... Higiene é preciso na grande parte de nossos hospitais. Hoje os médicos pedem encarecidamente para os pacientes sairem dos hospitais, mesmo depois de cirurgias delicadas, com receio de que bactérias piorem o quadro do doente. E são inúmeras as bactérias que pululam nos corredores destes hospitais. Algumas podem tirar a vida das pessoas em poucas horas, tal o seu poder maléfico de ação. Infelizmente. A série escrita pelo José Marqueiz nos dá a oportunidade de debater esse assunto gravíssimo, sugestão de pauta para nossos brilhantes jornalistas deste blog abordarem.
ResponderExcluirEdward e Nivia, quero participar deste sorteio. Seria a maior alegria poder ter e ler esse livro do jornalista José Marqueiz.
Bjos a todos!
Tânia Regina - Ribeirão Preto - SP.
A coragem de José Marqueiz não foi apenas escrever todas essas suas memórias. Também se deixou fotografar quando estava em tratamento e pela imagem, em estado bem delicado de saúde. Essa foto me fez chorar, porque imaginei todo o sofrimento que o jornalista enfrentava naquele instante. A cada capítulo fica mais emocionante a série que ele escreveu com muita fé e competência.
ResponderExcluirGostaria também de me inscrever para o sorteio de um dos livros de José Marqueiz, Edward e Nivia. Quem não quer ler essa obra que rendeu um Prêmio Esso de Jornalismo ao José Marqueiz?
Beijos
Giovanna - Franca - SP.
Acompanho sempre emocionada todos estes capítulos da série de memórias do jornalista José Marqueiz, embora muitas vezes me faltem forças para tecer algum comentário. Tenho, com o de hoje, os 15 capítulos impressos e bem guardados. Quanto sofrimento, com uma doença destruindo aos poucos a sua vida, José Marqueiz ainda enfrentou uma infecção hospitalar. E a Tânia, que se não me engano é nutricionista, vi um comentário dela a esse respeito, deve conhecer a fundo esta questão, porque certamente trabalha, ou trabalhou, em hospitais. Disse a Tânia, apenas uma questão de higiene.
ResponderExcluirQuero deixar meu nome para o sorteio dos livros, ou de um deles. Adoro ler e uma preciosidade destas, mais ainda.
Priscila - Metodista - SBC
Edward, eu estava tão revoltada com o relato do José Marqueiz, quando citou a necessidade de uma advogada para poder ter um tratamento humano adequado que o plano de saúde não cobria, que até me esqueci de dizer que também quero participar deste sorteio para ganhar um dos livros de José Marqueiz, pode ser?
ResponderExcluirObrigada!
Andressa - Cásper Líbero - SP.
Depois de ler o capítulo desta quarta-feira, fiquei com a sensação que a série está terminando, ou estou errado? Senti que o jornalista, muito debilitado, começa a prever o fim de sua vida. O Edward e a Nivia não anunciaram nada, está apenas explicado que vamos ter o 16º capítulo na próxima semana, mas o quadro triste de hoje me fez imaginar que isso possa acontecer. Se bem que em capítulos anteriores o jornalista José Marqueiz também relatou alguns quadros dramáticos que passou, deu a volta por cima e nos brindou com fatos surpreendentes.
ResponderExcluirTambém quero participar do sorteio de um dos livros, ou homem está proibido, Edward? Se estiver, tire o Birola e o professor fora (hahahahaha). Brincadeira!
Um abraço e obrigado!
Miguel Falamansa - Botucatu - SP.
Vocês nem podem imaginar a correria para chegar em casa um pouco mais cedo e ler esse capítulo desta quarta do José Marqueiz. O trânsito não ajudou em nada, estava um horror. Fiquei chocada e muito triste com o relato do jornalista. Mais ainda ao ver a foto e seu semblante abatido. Um tio faleceu com esta doença terrível e ajudei no que pude minha tia a cuidar dele, por isso sei como é doloroso todo este tratamento que, no final das contas, não leva a nada. José Marqueiz, com a ajuda da advogada conseguiu o medicamento importado, com certeza muito caro, senão o convênio médico possivelmente nem importaria. E não passou de mais uma cobaia para testes contra esse mal terrível. Tanto que José Marqueiz conta que o médico oncologista Ulisses Nicolau lhe deu alta e agradeceu a sua contribuição pela descoberta de uma nova espécie de vacina. Somos apenas cobaias, nestes hospitais. Propensos ainda a adquirir uma bactéria que nos tira a vida.
ResponderExcluirEdward, quero o livro e vou começar a rezar baixinho agora para ser a premiada. Eu e a Carol fomos as que mais brigaram para a Ilca nos oferecer o mimo literário, plagiando o professor João Paulo. Não se esqueça. Obrigada, Ilca, Edward, Nivia e demais amiguinhos do blog.
Beijinhos pra vcs!
Tatiana - Metodista - SBC
Querida Talita: existe um colossal complexo de comunicação despejando pregação religiosa (de todas as correntes) 24 horas por dia na cabeça da população. Aí, quando vozes isoladas explicam sua descrença, sem proselitismo, você chama isso de "ostensivo". Pense no assunto.
ResponderExcluirAbraço carinhoso!
Milton Saldanha
Sempre me preparo quando venho ler a série "Memória Terminal", de José Marqueiz. As emoções são fortes e instantes atrás vi que haviam 11 pessoas online, coisa incrível numa quarta-feira no período da tarde. Com tanta gente assim e bem acompanhada, perdi o receio e li o capítulo de hoje. Meu coração bateu mais forte de cara, ao ver a foto principal que ilustra o texto desta quarta. Mesmo achando engraçadíssimo o caso do "Jacaré", terminei a leitura muito triste, sentindo na pele a dor que o jornalista tentava transmitir ao contar todo o sofrimento que passou enquanto se tratava desta doença terrível. Muito triste o capítulo de hoje.....
ResponderExcluirEdward e Nivia, a Taty disse certinho. Eu, ela e a Gaby (que eu lembrei agora e a Taty não), fomos as que mais lutaram para a Ilca sortear livros do José Marqueiz, principalmente porque traz a série dos índios gigantes que lhe deram o Prêmio Esso de Jornalismo. Não se esqueçam de colocar meu nome para o sorteio, por favor!
Bjos,
Carol - Metodista - SBC
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ResponderExcluirMeu prezado Miguel Falamansa! Nem mesmo com a bola de cristal da Madame K. Dent você acertaria os capítulos que faltam para terminar esta série. Mas, lhe adianto, você passou longe, muito longe. Tem chão ainda e estamos mais ou menos na metade dos capítulos postados. O jornalista José Marqueiz ainda vai nos emocionar e trazer muitas surpresas ao blog.
ResponderExcluirO capítulo desta quarta-feira voltou a agitar o blog, já com mais de 300 visitas e com quase 30 comentários. Se bem que, felizmente, o blog já é agitado por natureza, sempre com a presença de muitos leitores e leitoras. Um conselho formado por jornalistas deste blog vai escolher, logo mais a noite os dois felizardos (as) que vão receber um livro escrito pelo jornalista José Marqueiz, relato sobre a expedição dos Irmãos Villas Boas ao Xingú e o encontro do índios gigantes, que lhe valeram o Prêmio Esso de Jornalismo. Estou gostando da choradeira das meninas, a Carol, Tatiana, todas querendo ganhar o livro escrito pelo Marqueiz. Vou torcer pra todas vocês, tá bom? Se eu tivesse, juro que daria um para cada leitor deste blog, merecem, mas...
Um abraço a todos...
Edward de Souza
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ResponderExcluirO IBIRAPUERA É NOSSO!
ResponderExcluirEdward, Nivia, Cris, demais articulistas e a todos os participantes do Blog: leiam na Folha de S.Paulo de hoje, na capa: O tal de Conpresp - órgão da Prefeitura para o patrimônio (de quem?) estuda liberar construções maiores em seis quadras ao lado do Parque do Ibirapuera. Com isso, segundo a Folha, poderia haver prédios de 54m (18 andares). Hoje, o gabarito prevê o máximo de 10 metros.
Sabem o que isso significa, se acontecer? O nosso principal parque vai desaparecer no meio dos imensos espigões. O pouco que ainda se vê do parque sumirá completamente. Até do avião se verá apenas um buraco verde,no meio do concreto, sem aquela atual "profundidade de foco", tão bela aos olhos.
Minha proposta a vocês: mobilizar o blog numa campanha contra, buscando adesões. Os moradores do entorno, claro, são contra. Isso cheira a maracutaia grossa, para mais gente enriquecer na especulação imobiliária. E a cidade e sua populaçãio que se dane, pensam os "espertos".
Estamos ainda vivos. Vamos reagir!
O que acham?
Abraços!
Milton Saldanha
Minha irmã lutou durante sete anos ontra a leucemia e o quie fez toda a diferença foi a vontade que ela para viver . Apesar de todo o sofrimento , ela ainda encontrava motivos para sorrir , ela tinha um senso de hummor incrivel , fazia todo mundo rir , se divertir ...
ResponderExcluirNós aprendemos muito com ela .
Lendo o relato de José Marqueiz , pude perceber que esta parte de seu tratamento , foi bastante severa ...
Peço desculpas aqui ao Edward e Nivia pela minha brusca intervenção acima. Cheguei de Joinville, amanhã vou para Floripa, correria, e ainda não tinha lido os jornais, por falta de tempo. Quando vi essa sacanagem contra a cidade de São Paulo não me contive, indignado. E aqui no blog somos já uma familia, unida em torno das boas causas. Comparando, é parecido com o escândalo de Porto Alegre, onde querem construir condominios de luxo nas margens do rio Guaiba, hoje livres. Querem privar a população do direito à paisagem. E, aqui, inclusive, à livre circulação do vento e aos raios de sol sobre o parque. A associação dos moradores da Vila Nova Conceição e o Movimento Defenda São Paulo são contra a mudança. Minha proposta é que a gente se junte a eles, ampliando a campanha.
ResponderExcluirAbraços!
Milton Saldanha
Memória Terminal.
ResponderExcluirAntes do comentário sobre a obra do Marqueiz, devo dedicar espaço ao amigo JPO, autor de inúmeras cartas aqui publicadas para agrado geral. Hoje culminou com análise profunda do homem jornalista, sua coragem, seu valor na escrita e sua capacidade gestante de uma história de tanta comoção levando a muitos as lágrimas. “Epístolas Paulianas” consagram sua qualidade de bom preceptor.
Imagino que o Marqueiz arquitetou deixar aos pósteros comprovação de sua qualificada criatividade primorosamente jornalística. Foi investigando, reportando, em desenvoltura redacional, colocando no relatando fatos, todos os temperos absolutamente necessários a uma boa literatura avolumada do desejo famélico de prosseguir degustando-a.
Como jornalista competente subiu a escada da curiosidade para estudar sua doença, os medicamentos utilizados em seu tratamento, a diversificação deles e sua adequada aplicabilidade em cada tipo de caso. Mergulhou-se no mundo quase secreto da medicina para transcrever com verossimilhança, efeitos e nomes das drogas a que se submetia.
Não se pode questionar sua serenidade ou profunda preocupação a assomar-lhe o pobre espírito em tremenda inquietação, no entanto, há que se creditar-lhe: coragem e alta dose de controle, com dignidade e fé, somente aos fortes concedidas.
A Talita de Santos quero aplaudir pelo ensinamento de fé e esperança quando recomenda otimismo as pessoas de boa vontade.Abraços do Garcia Netto
O ponto final sempre chega. Mas quando ele chega por meio do câncer, é perverso demais. Sofre o paciente, com dores físicas atrozes, e sofre quem o ama porque não pode fazer nada, a não ser chorar escondido. Pobre Marqueiz, que depois de tanto nos alegrar com a sua inconfundível risada, precisou enfrentar tanta dor.
ResponderExcluirMinha ex-mulher e eterna amiga, Ignez, mãe dos meus dois filhos, não sentia nada, até que surgiram as primeiras dores na coluna. Quatro meses depois estava morta. O câncer vinha se espalhando sem sintomas, traiçoeiro, e quando mostrou sua cara nada mais foi possível fazer. Foi muito doloroso para nossa família. E aí fico pensando nessa farra que vão fazer com imensa fortuna para a Copa do Mundo no Brasil, roubalheira anunciada, com apoio irresponsável do governo. Se metade dessa grana fosse aplicada na saúde, pesquisa de combate ao câncer e equipamento de hospitais...
ResponderExcluirMiton Saldanha
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ResponderExcluirDepois de ler mais esse capítulo escrito pelo jornalista José Marqueiz, dei uma passada pelos comentários, como sempre faço. Primeiro a Marisol, depois a Sonia Nabarrete, por fim o Milton Saldanha e outros amigos e amigas, com histórico desta doença terrível em família. Muitos já enfrentaram, outros ainda lutam contra ela. Os homens continuam investindo em tecnologia, lançam foguetes ao espaço, fabricam e vendem armas nucleares para tirar a vida do semelhante, mas muito pouco na cura do câncer. Vez ou outra surge um falastrão gritando que enfim descobriu a cura do câncer. E um grande laboratório, que sempre está por trás de tudo isso joga na praça uma droga caríssima, que só serve para deixá-lo ainda mais rico, enquanto nós pranteamos nossos mortos. O jornalista José Marqueiz é um exemplo e mostrou que foi também mais uma cobaia desta droga alemã Erbitux, que lançaram no mercado para outra finalidade, que não quero entrar agora no mérito, para não me alongar, e que depois, para faturar alto, divulgaram que era a cura para o câncer. Esta série de José Marqueiz, corajosa, é admirável e estou aplaudindo mais uma vez!
ResponderExcluirClaro, também quero participar do sorteio deste livro, uma maravilhosa recordação deste brilhante jornalista e, com certeza, uma leitura extraordinária.
Bjos!
Daniela - Rio de Janeiro
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ResponderExcluirProcurei não ler os comentários para não sentir influenciado pelos demais.
ResponderExcluirEu simplesmente queria descrever o que o meu coração solidário estava sentindo na hora que eu acabara de ler a mais um capitulo de “Memória terminal”.
É muito difícil entender o sofrimento de alguém estando do lado de fora da agonia que um portador dessa moléstia.
Por alguns momentos eu me pergunto: Como seria a minha atitude se eu estivesse em uma situação dessas?
Resposta: Deus me livre, eu não quero nem imaginar!
Parece que o ser humano foi projetado para lidar com as mais complexas situações, independente da gravidade.
A nossa luta em relação à sobrevivência, é uma das maiores forças que temos enraizada dentro do nosso próprio eu.
Talvez essa força invisível fosse o combustível que dava coragem para o marqueiz seguir em frente com esses relatos tão significativos para o nosso aprendizado com relação ao sofrimento, para que nós pudéssemos entender sem ter que experimentar essa doença maldita que sacrifica a alma do ser.
Valentim Miron- Franca S.P.
Joãozinho, você sempre encontra uma solução maravilhosa! E perfeita: "o melhor é levarmos nossas vidas na base da retidão, bondade e alegria!"Não é preciso dizer mais nada!
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