quarta-feira, 10 de junho de 2009

" QUANDO CHEGO A ESTA CIDADE..."

Milton Saldanha
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Capítulo inédito do livro “Periferia da História”
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A política sempre esteve presente na minha vida. Curiosamente, nunca me tornei militante de carteirinha de nenhum partido. Mas já fui simpatizante do antigo PTB (favor não confundir com o atual) – Partido Trabalhista Brasileiro, fundado por Getúlio Vargas e que teve líderes como Jango e Brizola. A campanha para o governo, de Brizola contra Perachi de Barcellos, um coronel da Brigada Militar aposentado e que na ditadura se tornaria governador biônico do Estado, foi com certeza a mais acirrada da História do Rio Grande do Sul. Não existia TV e o próprio rádio tinha seu alcance limitado. Para se captar uma rádio de outra cidade era preciso um rádio potente, dos mais caros, e mesmo assim o som chegava com chiados, interferências, quedas de onda. Conforme o dia e horário, como nos domingos à noite, a recepção ficava um pouco melhor. Só Porto Alegre tinha rádios potentes. No interior nenhuma chegava muito longe. Não existia também horário eleitoral gratuito. As campanhas eram na raça. Os candidatos percorriam cidade por cidade, mesmo as menores, apresentando-se num comício a cada noite. Contratavam uma ou duas rádios locais, que transmitiam tudo. Ficavam roucos daquela gritaria diária, às vezes subiam no palanque com a barba de dois dias, paletó surrado, e isso lhes conferia um certo charme de heróis, que se sacrificavam naquelas marchas para libertar o povo. “Chego cansado a esta cidade” – berrou com rouquidão um dos candidatos famosos, na nossa Santa Maria. Era Fernando Ferrari. Como se estivesse fazendo uma grande declaração. “Mas, amanhã de manhã, a primeira coisa que vou fazer será ir à Igreja da Medianeira para humildemente depositar flores aos pés da Virgem Nossa Senhora”. Medianeira é a padroeira da cidade.
Demagogias baratas como esta pontilhavam os discursos, e eles só tinham que tomar cuidado para, no cansaço, não trocar o nome da cidade onde estavam, o que seria uma gafe irreparável. O bairrismo municipal, em qualquer lugar, era forte. Durante muito tempo gostei de gozar dos políticos imitando Ferrari. Sempre começava algum “discurso” com a saborosa frase “chego cansado a esta cidade...”, imprimindo o mesmo tom dramático que ele usara.
A disputa de Brizola com Perachi foi impressionante. Brizola, do PTB, enfrentava uma coligação de partidos conservadores, entre eles o PL – Partido Libertador, que de libertador não tinha nada, e visto de hoje era muito folclórico. Os caras, todos brancos, com predominância dos gringos, usavam lenços vermelhos no pescoço, o símbolo do partido. Eram visceralmente contra tudo que pudesse cheirar a algum tipo de reforma, principalmente agrária. Com aqueles lenços ridículos e botas de cano longo, os membros do PL representavam também o papel de machões. Alguns gostavam que seus revólveres na cintura, bem polidos, fossem percebidos sob o paletó. Tentavam personificar aquelas lendas, adoradas pelos gaúchos mais velhos e tradicionalistas, sobre revolucionários “machos, barbaridade”, que não se intimidavam nunca e saiam peleando onde fosse preciso.
O aeroporto de Santa Maria, na vila de Camobi, ficava a 11 quilômetros do centro. Um bom trecho era estrada, com alguns barrancos altos nas margens. Estou falando de 1959. Quando chegava um candidato o partido organizava isso que hoje chamamos de carreata. Os machões do PL costumavam vir amontoados, em pé, em carrocerias de caminhões. Numa dessas ocasiões nossa turma de garotos resolveu ovacionar a turma do PL. Roubamos todos os ovos possíveis das cozinhas das nossas mães e fomos esperar a comitiva deitados no alto de um barranco. Quando o primeiro caminhão repleto de lenços vermelhos passou rente ao barranco, em curva, lá veio a chuva de ovos. “Quem são os filhos da puta?”, berravam espumando de ódio os caras, enquanto puxavam seus revólveres cromados e retribuíam com balas de verdade aquela ovação toda. Mas a molecada já tinha se mandado e sumido no mato, na maior correria, explodindo de rir.
Ainda sobre o PL ficou uma história engraçada, contada por um amigo, o Moacir Santana, já falecido, que foi intelectual, ex-diplomata, e que se tornara uma espécie de guru da nossa turma de amigos adolescentes. Um dia Moacir estava comprando picolé da carrocinha de um ambulante, negrão. Começaram a conversar e o cara se declarou eleitor do PL. Pode? Moacir não resistiu: “Porra cara, eu sou branco, não empurro carrinho de picolé no sol, ganho bem, e mesmo assim sou PTB e torço para o Colorado. Só falta você, que é negão, pobre e fudido, além de PL ser também gremista”. O cara era.
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Milton Saldanha, 63 anos, gaúcho da fronteira, é jornalista profissional, com mais de 40 anos de atividades. Começou em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 1963. Foi repórter e exerceu cargos de chefia em alguns dos principais veículos do Brasil, como Rede Globo, jornais O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde, Diário do Grande ABC, revista Motor 3, Folha da Manhã (RS) e outros. Foi repórter em Última Hora, trabalhando com Samuel Wainer. Já assinou artigos e reportagens em mais de uma centena de publicações de todo o Brasil. Trabalhou também em assessoria de imprensa, para empresas e entidades públicas, como Ford Brasil, Conselho Regional de Economia e IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas. É autor do livro “As 3 Vidas de Jaime Arôxa”, pela Editora Senac Rio, e participou como cronista da antologia “Porto Alegre, Ontem e Hoje”, pela Editora Movimento, do Rio Grande do Sul. Assinou também orelhas de diversos livros sobre dança e música, de autores brasileiros. Um ano antes de se aposentar, quando era editor-chefe do Jornal do Economista, em São Paulo, fundou o jornal Dance, que em julho completa 15 anos. Tem novo livro pronto, ainda inédito. É “Periferia da História”, onde conta de memória 45 anos da recente história brasileira. Trabalha em novos projetos editoriais, como jornalista e escritor. Na área de dança, organiza uma coletânea com os melhores editoriais publicados no Dance. Atualmente prepara um livro sobre Maria Antonietta, grande mestra da dança de salão carioca, que morreu recentemente. Apaixonado por viagens conhece quase todo o Brasil e já visitou cerca de 40 países. Por hobby e paixão é dançarino de tango.
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27 comentários:

  1. Olá Milton

    Ovos e tomates, uma recepção digna para os políticos de ontem e hoje. Você e seus amigos merecem uma medalha.
    Naquela época, esses chupins sacavam suas armas. Hoje, usam óleo de peroba para enfrentar e usar a ignorância de nosso povo a favor deles.
    Quando será que isso vai mudar?
    Travessuras terroristas no entender dos antidemocratas!
    Conta mais meu amigo. Conta mais...

    Um abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  2. Bom dia Milton Saldanha e amigos (as) deste blog.
    Lendo seu texto viajei no tempo e lembrei-me dos velhos políticos que visitavam as cidades do interior no final dos anos 50 e 60.
    Éramos crianças e aquilo tudo uma festa. Lembro-me da banda, do som, dos panfletos-com-foto-de-homem que viravam aviõezinhos ou uma bela guerra de bola-de-papel amassado. Tinha ainda o palanque montado no meio da rua, o alto-falante, cadeiras nas calçadas, e o cheiro das pessoas reunidas. Pra mim aquilo tudo era um grande teatro (mesmo sem que eu soubesse, naquela época, o que era teatro). Aliás, o palanque foi o primeiro palco que eu vi na vida. E acho que já tava vendo muito para a minha pouca idade.

    Era uma festa na cidade a chegada dessa comitiva de políticos. A molecada adorava. Certa feita, em Franca, no começo dos anos 60, foi armado na Praça central da cidade um palanque, onde à noite estariam Jânio Quadros, candidato à presidência, Carvalho Pinto, ao Governo de São Paulo e Auro de Moura Andrade para o Senado Federal. Antes do horário programado a praça estava lotada, não havia espaço pra ninguém. Calcula-se que mais de 10 mil pessoas compareceram ao comício. Nem Orlando Silva, que dias antes se apresentou em Franca, na época o cantor das multidões, conseguiu levar tanta gente à praça.

    Eu e minha turma de moleques nos aproximamos do palanque central e fomos premiados. A assessoria de Auro Moura Andrade distribuia miniaturas de peneiras para serem presas ao paletó ou à camisa. Ainda tenho todos em casa, eram cor de chumbo. Assessores de Carvalho Pinto distribuiam pintinhos amarelos em formato de broches e os de Jânio Quadros a famosa vassourinha. Enchi os bolsos com aqueles brindes e misturei-me ao povo, para ouvir os discursos.

    O mais esperado da noite era o de Jânio Quadros, que acabou se elegendo Presidente da República. Assim que chegou, saudado pelo público como um grande ídolo, Jânio deixou à mostra seu paletó preto, onde facilmente se enxergava caspas para todos os lados. Era uma estratégia para se mostrar um pobre coitado e igualar-se à gente do povo, fiquei sabendo mais tarde.

    Assim que segurou o microfone, outra jogada de mestre. Sem nenhuma cerimônia, alegando cansaço, pediu a um assessor que atravessasse a rua e comprasse para ele um sanduíche de mortadela, num boteco qualquer. Seu pedido foi atendido e, na frente dos estupefatos eleitores, interrompeu seu discurso para comer o "peito de perú". Delírio total. Sua simplicidade(sic) acertou o alvo, Jânio foi aplaudido durante minutos, deu autógrafos e saiu da cidade como um herói popular.

    Bons tempos em que o povo era enganado e não sabia. Hoje sabe que é enganado, mas se esquece e vota no mesmo cidadão que o roubou ou que lhe oferece uma cômoda bolsa disso ou daquilo. E assim caminha nosso Brasil...
    Parabéns pela crônica Milton, deu saudades dos velhos e bons tempos.

    Edward de Souza

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  3. Ôi Milton, Está uma delícia o blog. Comecei rindo do seu texto e continuei, ao ler o que o Edward escreveu. Ovos e tiros de um lado, caspas e mortadelas do outro, muito engraçado. Pelo visto, nossos políticos sempre foram matreiros, cada época uma forma de agir e enganar os pobres eleitores. Mesmo tendo o poder do voto, somos sempre as vítimas...
    A D O R E I.........

    Lidiane ( Santos ) Metodista de SBC

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  4. Olá Milton!
    A estratégia dos políticos hoje em dia mudou muito, mas os trouxas continuam os mesmos, traduzindo em miúdos o que disse acima minha colega Lidiane. O que me assustou foram os disparos de revólveres. Credo! Poderiam acertar uma criança. Nem isso pensavam? Hoje é comum ovos e tomates na passagem de políticos. O que não se vê mais são os antigos palanques montados para comícios. Para enganar a gente hoje os métodos são avançados, temos a TV, emissoras de rádio, Internet, mas as promessas, creio, são as mesmas.
    E o Edward com as histórias dele, que graça... Gostei!
    Beijos a todos vcs,

    Karol ( São Paulo ) Cásper Líbero

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  5. Olá Milton... Papai tem tantas e tantas histórias sobre esses velhos políticos que mata a gente de rir. Ele conta sobre Adhemar de Barros, Jânio Quadros e outros. Meu pai está agora com 64 anos. Sou a filha mais nova, entre outros três irmãos. Lembro-me que ele dizia que Jânio e Adhemar de Barros não podiam se cruzar que era briga na certa. Segundo meu pai, foi o Adhemar que lançou na Jânio na política e a caça virou-se contra o caçador. Bom ler relato como esse seu no blog, Milton...
    Bjos,

    Larissa - São Paulo - ( Cásper Líbero)

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  6. Queridas amigas e amigos
    As lembranças do Edward sobre o Jânio, o rei dos demagogos, merecem acrescentar um episódio que mostra a sagacidade dele. Ele adorava viajar para a Europa, principalmente Londres, sua cidade modelo. Certo dia, num comício, alguém pertinho do palanque perguntou: "Seu Jânio, com que dinheiro o senhor viajou para a Europa?". Jânio olhou para o cara, fez uma pausa teatral, e se dirigiu ao público:
    --Estou com vontade de fumar. Alguém pode me oferecer um cigarro?
    Imediatamente centenas de mãos se ergueram com cigarros e maços. E Jânio:
    --Meu caro senhor, foi assim que eu viajei!
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  7. Meu querido Milton Saldanha, você precisa publicar logo esse livro. Essas amostras com as quais você tem nos brindado estão aguçando o apetite pela leitura integral de suas memórias.

    Eu não joguei ovos em políticos, mas atirei grão de bico em um investigador. Escrevi a respeito no meu blog. Quando tiver um tempinho, aproveite para espiar.

    Beijos!

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  8. Milton, esse seu colega, o Moacir Santana, não apanhou do negão não? Teve coragem (rssssss...). Legal a crônica de hoje......
    Beijinhos pra todos vcs,

    Martinha - Santo André - (Metodista)

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  9. Larissa
    Sobre Jânio e Adhemar reamente existem centenas de histórias, é um manancial imenso. Figuras que representaram fortemente o populismo,iludindo as multidões. Até hoje têm admiradores, pessoas que acreditaram naqueles ladrões. A frase "rouba mas faz", que hoje define o Maluf, na verdade era do Adhemar. Eles foram verdadeiros artistas da arte de enganar pobres coitados, mas também ricos imbecis.
    Beijo!
    Milton Saldanha

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  10. Estou de volta porque lembrei-me, lendo o comentário do Milton Saldanha acima, de outra passagem engraçada sobre o Jânio Quadros, quando Prefeito de São Paulo, no final de sua carreira, acredito que nos anos 90. Eu trabalhava na Globo-CBN, de São Paulo. Certo dia os guardas municipais foram enviado pelo Jânio para intervir numa desapropriação de uma enorme área em São Paulo, onde existiam centenas de barracos construídos.

    Houve reação violenta por parte dos moradores. Durante o entrevero, um dos guardas municipais, apanhando muito, sacou de uma arma e disparou, matando um morador. A Imprensa caiu de pau em cima do Jânio e da Guarda Municipal. Sem que ninguém esperasse, Jânio Quadros apareceu no local do conflito e foi cercado pelos repórteres. Eu estava entre eles.

    Uma jovem estagiária da TV Globo, que não me lembro o nome, microfone em punho, câmaras focadas em Jânio, partiu para a pergunta de uma forma agressiva:
    - Então senhor prefeito, como se explica, um dos seus guardas matar a tiros um pobre coitado?
    Impassível, Jânio encarou a repórter e sapecou:
    - A senhorinha gostaria que a morte se efetivasse com um cacete?
    Com diz o Lavrado. Nada mais foi dito e nem perguntado.

    Abraços pessoal, vou cuidar da vida, se não continuo contando histórias sem parar aqui, entusiasmado com esse gancho que o Milton nos deu hoje.

    Edward de Souza

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  11. Bom dia Milton Saldanha!
    Chama o Edward de volta, não deixe ele ir embora. Você e ele estão fazendo a graça do blog hoje. Quase caio da cadeira de tanto rir. Deixe-me fazer uma pergunta. Você se lembra de um chargista da Folha da Tarde que sempre sacaneava o Jânio? Se não me engano se chamava Otávio, corrija-me se estiver errado. Era um sarro. Em todas as charges que fazia na Folha da Tarde, acho que foi extinto esse jornal do Grupo Folhas, não sei, aparecia o Jânio com um copo de cachaça com limão e um cachorrinho vira-latas bebâdo, aos seus pés, lembra-se? Eu pergunto, o Jânio era mesmo chegado a uma cachaça com limão? Pelo menos essa é a voz corrente até nos dias de hoje, caro Milton.

    Abração...

    Paolo Cabrero - Itu- SP.

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  12. Olha Milton Saldanha, o que pude perceber é que os políticos de ontem e os de hoje só trabalham com uma única intenção. Fazer a nós, leitores, de trouxas. Pior é que temos a arma mais poderosa do mundo, que é o voto, e não sabemos exercitá-la. Vc cita aí em seu relato de hoje o Fernando Ferrari. Um fazdor de média como nossos políticos de hoje. Até a santa entrou na roda. Uma vergonha, diria Bóris Casoy.
    Bjos, Milton, seus artigos sempre são ótimos.

    Cindy - São Caetano - (Metodista)

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  13. Existe sim uma diferança entre a atuação dos políticos de ontem e os de hoje. A Imprensa dos novos tempos é muito mais participativa, bem mais atuante, haja visto os escândalos que vieram à tona, um deles o mensalão. Vcs, jornalistas com mais experiência que nós, ainda estudantes, hão de concordar com isso. Os políticos de hoje estão mais espertos e sabem que suas falcatruas, se não forem bem feitas, serão denunciadas. Agora, que continuam roubando nosso dinheiro, não há como negar.
    Beijos a todos,

    Ana Paula - Franca -

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  14. Ôi pessoal!
    O Milton saldanha e o Edward estão inspiradíssimos hoje. Morri de rir.
    Quanto aos políticos, Ana Paula, pra mim todos iguais, farinha de um mesmo saco.
    Beijusssss,

    Thalita ( Santos)

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  15. Olá!!!
    O que eu mais gosto são essas "tiradas" de políticos, mais os de antigamente, como Brizola, Jânio, Adhemar de Barros,Ulisses Guimarães e agora o palhaço-mor, Lula. Abre o bico, sai besteira. A última dele foi sobre esse acidente da Air France, viram? Primeiro que nosso presidente estava passeando, como sempre, no exterior, enquanto todas as autoridades do mundo estavam acompanhando esse triste acidente. Para justificar, lá da Turquia, sei lá, abriu a boca e saiu bobagem. Disse ele: "Se nós conseguimos furar poços de petróleo com mais de dois mil metros no oceano, porque então não iremos conseguir resgatar um avião?"
    Besteira demais para um líder de um País como o Brasil, concordam? Nada tem a ver furar poços de petróleo com encontrar avião sinistrado no mar, oh! Deus! Misericórdia.....
    Adorei sua crônica de hoje, Milton.
    Beijos pra todos...

    Fernanda - Rio

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  16. Comício numa cidadezinha do interior de São Paulo na década de sessenta: “Esta cidade não tem praias e nem mares, se eleito eu for, trarei praia e mares pra cá”.

    Padre Euvidio.

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  17. Esta consciência, que faz de todos nós covardes.

    William Shakespeare

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  18. Olá Milton...
    Perceba, os políticos dos tempos antigos eram mesmo cheios de demagogia, sem dúvida. No entanto, quando chegavam a uma cidade eram recebidos com fogos e davam autógrafos. Pareciam ídolos da música pop, o Edward mesmo confirmou isso, contando o caso do Jânio, Carvalho Pinto e Auro de Moura Andrade em sua cidade. Para a época que ele conta, mais de 10 mil pessoas era uma praça cheia, e todo mundo fazendo festa para os políticos. Hoje em dia um político, apesar da pompa que ostenta, já não é bem visto pela população. No caso do seu relato, Milton, a molecada se incumbiu de atirar ovos neles, mas a população do seu tempo, certamente fez a festa, não foi? Será que os antigos eram igênuos ou a população de agora está com os olhos mais abertos em relação aos políticos? Até porque, mesmo com a fama de pop star, também, no tempo antigo, tinham a de ladrão, como hoje.
    Abraços, meu amigo!

    Laércio H. Pinto - São Paulo

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  19. Ô Milton,
    Todos nós brincamos e damos risadas dos nossos políticos, sejam eles da velha ou da nova geração e alguém acima definiu bem: tudo farinha de um saco só. Mas a pergunta é: um País pode ficar sem políticos? A resposta será não, óbvio. Essa a questão. O que é preciso se fazer para moralizar a classe política? Ou isso não tem mais jeito, é um mal que se alastrou por todos os cantos? Criticar políticos, difamar políticos é uma coisa, mas apresentar soluções, poucos, ou nenhum.
    Abçs

    Isabella - Universidade Federal de Juiz de Fora - MG

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  20. Olá, amigos!

    Que maravilha, Milton Saldanha, suas recordações "políticas"!

    Jornalistas têm sempre muito a contar, acerca dos políticos, já que faz parte da nossa profissão, acompanhá-los. Também tenho algumas histórias hilariantes sobre o assunto.

    Abraços a todos!

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  21. O Brasil já viveu sem políticos, quando os militares tomaram o poder. Cuba vive até hoje sem políticos. Acontece que, quando a ditadura se instala, todo mundo chia, grita, esperneia e pede a volta da democracia. Pronto, de volta a velha roubalheira e os velhos políticos de sempre. Porisso, Isabella, é melhor nos contentarmos com a farinha do saco mesmo, não tem outro jeito. Ou aguentar os militares de novo.
    Beijinhos...

    Magalí - São Paulo - Cásper Líbero

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  22. Boa noite a todos.
    Que bom, somos brindados com fatos tão ricos e hilário.
    Ao que vejo os políticos, não mudaram muito ( apenas roubam mais, e na maior cara de pau)
    Muitas pessoas dizem que Brasileiro não sabe votar, estou começando a achar, que não é verdade,o fato é que não existem políticos honestos, e se forem, são corrompidos logo no início, entra na panelinha.
    Beijos a todos.
    Ana Célia de Freitas. Franca/SP.

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  23. Consegui !!
    Muito engraçado o artigo do amigo Milton Saldanha. Politicos são Politicos até hoje, mas os de hoje roubam mais e nem se envergonham, e também nem pédem cigarro para o povo,a fim de demonstrar de onde vem o dinheiro,não é Milton ?
    Eu particularmente tenho aversão a politicos e se aqui no Blog houvér algum, que me desculpe.
    Mas relembrando Janio, nos idos de 1950, em uma campanha do mesmo, houve um comicio dele no bairro onde eu morava (Vila Ré) periferia de São Paulo,(eu éra garoto) com farta distribuição de vassourinhas, que éram o simbolo de sua campanha "varre varre vassourinha " (relembrando o Edward)
    Éra nescessario um caminhão, de cuja carroceria o candidato (Janio)faria seus discursos
    Nesse tempo papai (Janista como toda a familia) possuia alguns caminhões, e cedeu um para a direção da campanha.
    Quando da chegada da comitiva, percebia-se que Janio, aparentava estar um pouco "alto" pois já vinha de outro local onde discursara.Mas o povo queria ouvi-lo.
    Discurso inflamado, aplausos muitos e de repente, lá se vai Janio para o chão. Ao cair, foi seguro por populares que o aplaudiam, retornou a carroceria do caminhão e para explicar a quéda alegou que havia enroscado o pé em um buraco nas tábuas da carroceria. Mais aplausos e a vólta aos discursos.
    Quando tudo terrminou, Janio acompanhado de acessores e demais politicos, a convite de papai e mais alguns populares, foi ao Bar da D Maria e tomou um "mé", dizendo estar com a garganta sêca, por causa dos discursos, agradeceu o pessoal e partiu .
    Só no dia seguinte é que verificando a carroceria do caminhão, papai constatou que NÃO havia nenhum buraco e deduziu que o tombo havia sido por causa de "forças ocultas" (MÉ)que dele se apossaram já antes do comicio.
    Coisas de Janio !(que ganhou aquéla eleição)
    Parabéns ao Milton Saldanha pelo artigo Abraços ao Edward pelo Blog e abraços a todos participantes.

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

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  24. Que legal Milton. Suas histórias são realmente envolventes. Passei o dia todo na correria torcendo para chegar a tempo de postar meu comentário no Blog.
    Conheci o Jânio pessoalmente, quando ele saiu do recolhimento e começou a ensaiar sua volta à política para ser candidato a prefeito de São Paulo. Certa vez, num almoço em São Bernardo, tasquei a ele a pergunta inevitável: "Por que o sr. renunciou à Presidência?". E ele, impassível: "Meu jovem, porque não gostava da comida do Palácio da Alvorada". Perguntar mais o que?
    Ainda criei coragem e saquei uma segunda: "O que o sr. acha do Lula?" E ele: "Espero que este moço jamais decepcione os trabalhadores que ele representa".
    Mais tarde, eu era editor-assistente do Estadão e o Jânio prefeito. Jamais houve outro político que tanto pautava a imprensa. Ele inventou de multar motoristas que avançavam sobre as faixas de pedestres; proibiu homossexuais no Balé do Teatro Municipal; pendurou chuteiras no gabinete do prefeito; detetizou-o assim que ganhou a eleição e por aí afora.
    Certa vez, ele tinha um comicio em Vila Maria, seu reduto, já na campanha de prefeito. Chegou para o almoço - uma feijoada - na casa de uma familia correligionária. Mandou ver na capirinha e depois do almoço foi dormir. Pediu para ser acordado meia hora antes do comicio. Foi o que fizeram. Já de saída, perguntou à anfitriã se tinha uma banana em casa. Prontamente, a senhora providenciou uma. Ele colocou-a no bolso do paletó e foi para o comício. Lá, a certa altura, pediu um pouco de paciência aos milhares de ouvintes porque precisava "jantar". Disse que não teve tempo sequer de almoçar porque passou o dia visitando os amigos do bairro.
    Outra do Jânio, na Prefeitura. Ao ser perguntado por uma jovem e atraente reporter quais eram suas comidas prediletas ele respondeu: Prezada senhorita, fosse eu mais jovem come-la-ia;porém a esta altura de minha idade comoeloá. Eloá era o nome de sua esposa.
    O Maluf atacou de "estupra mas não mata", o Brizola respondeu a uma amiga minha, em Campo Grande, MS, ao ser perguntado se era verdade que fugiu do pais com roupas de mulheres: -Sim, disse ele, usei as suas calcinhas.
    Hoje em dia o Lula anuncia obras que não existem - cadê o PAC? - não se vê qualquer melhora na saúde, educação, segurança. Mas o homem desfila soberbo, no alto de 80% de popularidade. Este é o Brasil.

    Obrigado Milton e Edward por brindar-nos com essas fantásticas histórias. Bom feriado a todos.

    édison motta
    Santo André, SP

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  25. Queridas amigas e amigos
    Excelentes os comentários, obrigado e parabéns a todos pela lucidez.
    O Admir Morgado ajudou na resposta ao Paolo Cabrero, com a história do Jânio, ótima. O bicho era mesmo chegado numa pinga. Quando trabalhei no Estadão contavam a seguinte historinha: certa vez Jânio (não sei se prefeito ou governador) agendou uma visita ao Dr. Júlio Mesquita, diretor do jornal. Dr. Júlio, gentil, e que não bebia, mandou providenciar uisque e cerveja para ter o que oferecer ao ilustre visitante. Aí o diálogo foi assim, durante a visita:
    -- Dr. Jânio, aceita um uisque ou cerveja?
    -- Obrigado, dr. Júlio, mas só bebo leite.
    Dizem que dr. Júlio, já sabedor da fama de pinguço do Jânio, ficou furioso. Pediu licença e mandou buscar um copão grandão com leite gelado. Jânio naquela tarde bebeu leite na marra... Deve ter achado horrível.
    Ana Paula, falcatruas de políticos sempre existiram, desde a descoberta do Brasil. Não piorou nem melhorou, foi sempre igual. Isabella, são sim farinhas do mesmo saco. Mas a Magali tem toda a razão, ruim com eles, pior sem eles. Ditadura é algo insuportável, em qualquer ideologia. Só doente mental gosta de opressão. Fernanda, essa do Lula sobre as buscas ao avião foi mesmo dose. Ele então deveria tirar a FAB e a Marinha das buscas e mandar a Petrobrás. O cara não aguenta uma semana sem falar besteira. E é outro chegadinho numa lisinha, todo jornalista dos meus tempos e que foi (ou é) do ABC sabe disso. Muitas vezes a gente entrevistou o Lula líder sindical no balcão do boteco. Isso até pegava bem no meio da peãozada. Laércio H.Pinto, exceto no período da ditadura, quando a censura cortava tudo, em todos os tempos a imprensa denunciou as maladrangens dos politicos e dos empresários. A propósito, ninguém lembra dos empresários. São eles que fazem os trambiques com os políticos.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  26. Olá meus amigos!
    Essa eu não aguentei e tive que voltar, mal chegando em casa para assistir ao jogo Brasil e Paraguai. Agora, quem me fez rir foi o Admir Morgado. E eu disse que ele tem jeito pra coisa, logo se torna um escritor de mão cheia. Esse relato que fez do Jânio no caminhão do pai é de rachar o bico. E conduziu seu relato, o Admir, de maneira sutil, até dar o bote mortal, ao confirmar que nada havia no caminhão que fizesse Jânio tropeçar e cair... Para matar a cobra, Admir Morgado arremata: o tombo só pode ter sido provocado por forças ocultas. Valeu Admir......
    Depois dessa Jânio e a banana do Édison Motta, muito boa também. Era assim, banana, mortadela e o povão morria de dó...

    Abraços e vamos ao jogo Brasil e Paraguai....

    Edward de Souza

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  27. Beleza Milton, seu artigo demonstra que para alguma coisa nos servem os políticos: fazer rir.
    Jânio, Ademar, Ulisses, Brizolla, Costa e Silva (uma anta fardada) e, agora, Lula (asno barbudo e tagarela).
    Escrevi, agui neste espaço (acho que foi na segunda-feira), que um vereador de São Bernardo iria propor aos seus pares (ou impares) na Câmara a concessão do Título de Cidadão a um personagem nascido aqui. Lembrei ao nobre edil que se o cara nasceu aqui ele já era cidadão do município. O vereador nem ficou corado. Como plagiou-me o nosso Edward: nada mais foi dito, nem benedito, nem perguntado.
    Ainda sobre o Jânio, um repórter da CBN (não foi o Edward, eu garanto), perguntou, na base do baba-ovo, ao então prefeito de São Paulo: "Doutor, já que a Bienal do Livro faz tanto sucesso por que não é realizada uma vez por ano ?" A resposta veio curta e grossa: "Meu caro repórter, se for uma vez por ano, não é bienal". De novo, nada mais foi dito, nem perguntado.
    Mas a boa do dia partiu hoje do ministro Guido Manteca: " Ao emprestar dinheiro pro FMI, o Brasil estará ajudando os países emergentes". Quem ? Guidoooooo.

    Abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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