quinta-feira, 7 de maio de 2009

CAREQUINHA, O TERROR DO ABC PAULISTA

Edward de Souza
*
Um capeta em forma de gurí

No final dos anos 70, a Vila Luzita, em Santo André, Região do ABC Paulista, estava em pleno crescimento. Muitos terrenos baldios espalhados, mas também existiam casas bem construídas, árvores que durante a primavera se coloriam de frutas e algumas ruas sujas e sem asfalto manchavam o nome do bairro de classe média e envergonhavam seus moradores "Alguém devia remover esse monte de ladrões", diziam os bem apessoados moradores do bairro. Alguns diziam que aquilo era uma maloca e a prefeitura deveria varrer "aquela sujeira". Ali nasceu Carequinha. Aos 11 anos de idade o menino já era temido por todos no bairro. Carequinha nunca quis estudar, nunca quis trabalhar, nunca foi à igreja, nem conhecia Deus! Só sabia roubar e fazer maldades. O pai estava preso e ele nem sabia o porquê. Vivia apenas com a madrasta e outros cinco irmãos. A viatura encostada naquela rua indicava o que já se esperava e lá se ia o carequinha entrando no camburão. Nunca era levado à Delegacia, muito menos ao Juizado de Menores. Sempre para as margens da Represa Billings, onde acabava levando uma bela surra dos policiais. Voltava para casa dolorido e cada vez mais revoltado. Aquele menino franzino, de cabeça raspada, ao completar 13 anos ficou conhecido da mídia. Numa sexta-feira eu estava na redação do Diário do Grande ABC, quando fui informado que um menor de idade havia entrado no pátio do 1º Distrito Policial de Santo André, onde delegados, investigadores e carcereiros guardavam seus carros. O menino, aproveitando de um descuido, entrou no carro do delegado Tiossi Bernardes, titular daquela delegacia e fugiu em alta velocidade pelas ruas da cidade. Com o carro do jornal acompanhei a perseguição policial. Até tiros foram dados para o alto, mas nada fazia aquele garoto parar. Ousado, atravessava semáforos com sinal fechado, provocou acidentes entre veículos, até que, depois de mais de duas horas, perdeu o controle do carro e chocou-se contra um poste. Com pequenas escoriações saiu do veículo e tentou fugir, mas foi detido pela Polícia. Levado ao 1° DP foi feito o boletim de ocorrências e Carequinha foi conduzido para uma pequena cela onde ficaria à disposição do Juizado de Menores. Quando conversei com aquele menino na delegacia, confesso, fiquei com pena. Uma criança indefesa, tímida. Seu olhar transmitia desconfiança e tristeza. Nesse dia Carequinha chorou, lembrando-se do dia em que, sem nada para comer em casa, roubou uma banana de um comerciante e levou uns bons tabefes do milico que o pegou. Deixei o Distrito Policial pensativo, principalmente quando soube que, naquela idade, sua ficha policial de furtos e roubos já passava de 3 metros de comprimento.
Foi a primeira vez que Carequinha saiu nas páginas policias do Diário do Grande ABC. Sua foto, de costas (menores não podem ter o rosto publicado), ilustrava a manchete policial daquele dia: “Carequinha rouba carro de delegado e provoca o caos no trânsito”. Dias depois ele estava nas ruas e voltava a atormentar a polícia. Usando um revólver de brinquedo, Carequinha invadiu um estabelecimento comercial no centro de Santo André, rendeu os funcionários da loja e se apoderou do dinheiro que estava no caixa. Quando tentou a fuga, foi perseguido por populares e acabou sendo detido. Mais uma vez na delegacia e depois ao Juizado de Menores. Desta feita, o menino, já com 13 anos, foi encaminhado à Febem no Tatuapé (na época a responsável pela guarda de menores). Tudo indicava que a população teria sossego por um bom tempo. Ledo engano. Em menos de uma semana Carequinha estava nas manchetes de todos os jornais de São Paulo e do ABC. Comandou uma fuga em massa daquele estabelecimento penal de menores, não sem antes ter ateado fogo nos colchões e provocado um estrago de monta. Desapareceu por umas duas ou três semanas, até que, numa sexta-feira, mais uma vez fui chamado para cobrir uma ocorrência policial, no mínimo estranha. Um ônibus repleto de passageiros havia sido sequestrado por um menor, e ziguezagueava em alta velocidade pelas ruas de Santo André. Carros saiam da frente, chocavam-se contra outros, batiam em muros e o ônibus desgovernado continuava rodando pelas ruas da cidade, nessa altura com muitas viaturas da Polícia Militar, civil e dos bombeiros em seu encalço. Eu não tinha dúvidas. Sabia que Carequinha estava ao volante daquele coletivo. Depois de muito trabalho a polícia conseguiu cercar o ônibus, que se enfiou pela Travessa Lourenço Rondinelli, no centro de Santo André e ficou sem saída. Passageiros deixaram o ônibus em pânico, outros, revoltados, queriam linchar o autor dessa façanha, mas foram contidos pela polícia. Cheguei a tempo de ver Carequinha descer do ônibus sorrindo, arrastado por um bando de policiais. Consegui me aproximar do menino e assim que me viu, foi logo dizendo: “viu só, fui dar uma voltinha de ônibus e me prenderam novamente”. Eu já era, nessa altura, velho conhecido do menino. Para encurtar a história, deixei de relatar muitas outras detenções de Carequinha que culminaram em nossos encontros. De volta à Febem, desta feita o gurí estava bem vigiado. Ficou por lá alguns meses até fugir novamente. Ousado, Carequinha aprontou sua última façanha em Santo André, ao completar 14 anos. Tentou furtar um carro do Corpo de Bombeiros, mas foi detido antes que saísse com o veículo. Carequinha foi levado ao 1° DP de Santo André, na rua Xavier de Toledo e colocado numa pequena cela que sempre improvisavam para deixar pequenos infratores por algumas horas. Contou-me muitas histórias, sua triste vida sem carinho, sem apoio dos pais e a vontade enorme de não ter nascido. Talvez por isso desafiava a todos sem nenhum receio. Mais uma vez saí triste desse encontro. Foi a última vez que conversei com Carequinha. No dia seguinte ele foi encontrado morto na cela fria. Com um lençol se enforcou durante a madrugada.
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*Edward de Souza é Jornalista e radialista. Trabalhou nos jornais, Correio Metropolitano, Folha Metropolitana, Diário do Grande ABC e O Repórter, da Região do ABC Paulista. Em São Paulo, na Folha da Tarde, Gazeta Esportiva, Sucursal de "O Globo", Diário Popular e Notícias Populares, entre outros. Atuou nas Rádios: Difusora de Franca, Brasiliense de Ribeirão Preto, Rádio Emissora ABC, Diário do Grande ABC, Clube de Santo André, Excelsior, Jovem Pan, Record, Globo - CBN e TV Globo de São Paulo. Participou de diversas antologias de contos e ensaios. Assina atualmente uma coluna no Jornal Comércio da Franca, um dos mais tradicionais do interior de São Paulo.
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55 comentários:

  1. Mais uma história magistralmente contada pelo repórter policial Edward de Souza. Como venho dizendo (ou escrevendo), além de escrever bem, é necessário ter algo mais. E Edward sabe fazê-lo como ninguém. Coloca sua sensibilidade naquilo que descreve ou relata. Suas emoções, pode se sentir nas entrelinhas de seus escritos, fazendo com que os leitores também se emocionem.
    Amigão, Carequinha foi uma lenda no ABC. Um produto do meio. Outros da mesma idade, como Bispinho, Pixote, etc., aprontaram muito na Região.
    Bispinho (14 anos), foi um terror. Depois de matar um policial, ficou foragido por algum tempo. Dias depois, a polícia conseguiu prendê-lo juntamente com seus comparsas.
    A culpa de tudo isso? Nós, com nosso preconceito, com nossa indiferença... O governo é constituído por pessoas do povo que ao chegarem ao poder, esquecem-se das comunidades e vivem somente para a sua comunidade particular, ou seja sua família! E, enquanto isso não mudar, carequinhas, pixotes e bispinhos, etc. vão proliferar.
    Obrigado Edward, por mais esse alerta.

    Muita Paz

    J. Morgado

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  2. Ôi Edward!
    Concordo com o Morgado. Seu texto é realmente brilhante. Não vai direto no menor deliquente, mas cita as causas que o deixaram marginalizado. Decididamente ele não gostava de viver e vc com propriedade percebeu isso nos contatos que manteve com essa criança. De uma forma ainda mais triste, ele se despediu da vida. Até quando vamos ignorar esses problemas de nossos pequenos marginalizados, meu Deus?
    Beijos e saiba que me emocionei lendo essa história do Carequinha!

    Karina - Campinas - SP.

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  3. Nossa Edward, dificil de acreditar que um menino de 13 para 14 anos possa ter feito tudo isso. Mais uma prova da falta de um lar, do abandono a que muitas das nossas crianças estão hoje sendo submetidas. Carequinha é um verdadeiro espelho de tudo isso.
    Maravilhoso e emocionante seu relato.
    Bjos,

    Andressa - (Metodista) - SBC

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  4. Caro Edward, a historia desse menino é igual a de muitos outros meninos e meninas,que num meio sem recursos e por circuntâncias várias, acabam tornando-se infratores. Quando conseguem chegar à maioridade, continuam sua carreira no crime, terminando de forma quase sempre trágica.
    Como bem disse o J. Morgado, politicas socioeducativas nas comunidades carentes, é quesito básico para a formação e reitegração social desses menores e suas familias.
    um grande abraço.
    Cristina-- SP.

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  5. No final dos anos setenta eu estava fazendo um trabalho com crianças carentes da grande são Paulo, foi quando eu conheci o carequinha. Quando criança eu fui embalado pela canção do carequinha famoso que era mais ou menos assim: “O carequinha não faz xixi na cama, o carequinha não faz malcriação”. Mas aquele carequinha que eu acabava de conhecer, era o avesso de tudo. Com o tempo o menino carequinha pegou confiança em mim, e me revelou que, aos dois anos de idade roubou um carrinho de brinquedo do primo, depois já grandinho com quatro anos roubou a primeira bicicleta e se converteu ao corinthianismo. Com oito anos roubava motos de 125cc, com nove anos motos de 500cc, depois partiu para carros, carro de policia, aos doze tentou roubar um caminhão de bombeiros, aos treze anos de idade roubou um ônibus. Ele me disse também que ia roubar um computador, e ia instalar o “Flight Simulator” para aprender pilotar aviões. Seus planos eram mais audaciosos, queria roubar um Boeing da Varig. E comentou comigo que queria saber mais da estratosfera, por que no futuro pensava em roubar a nave norte americana Challenger. Mas esses sonhos foram interrompidos pela morte prematura. Nós brasileiros não damos valor no talento nacional. O que esse menino precisava era de um patrocinador. O Brasil já poderia ter o primeiro astronauta bem antes do Marcos Pontes.

    Padre Euvidio.

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  6. Edward, se vc me permite,gostaria de citar o site da CRÊSER (www.cresersp.org.br).
    Ong que desenvolve um trabalho com menores e familias em situação de vulnerabilidade.
    Ações que devem ser prestigiadas e imitadas, para que muitos outros menores tenham uma historia de vida diferente da que teve o Carequinha deste tocante artigo.
    Grata..
    Isildinha- Osasco.

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  7. Ai...Ai...Ai... Lá vem o padre com suas histórias malucas. O senhor anda bem rodado, né padre? Estava no vôo de Goiânia, com o Edward e Lavrado, nas escadarias da Praça da Sé, ajudou a vacinar crianças com meningite com o Édison Motta e agora conheceu o Carequinha com dois anos de idade. Só não esteve na vernissage de J. Morgado. Desculpe-me a pergunta, sacerdote, quantos anos o senhor tem?
    Quanto ao relato, caro Edward, impressionante todas essas peripécias feitas por um só menino.
    Abraços,

    Laércio H. Pinto - São Paulo - SP.

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  8. Prezados amigos e amigas deste blog. Esse caso verídico de Carequinha acabou sendo postado tarde demais nesta quinta-feira. Muitos vieram mais cedo e não puderam acompanhar essa história. Voltarão depois, com certeza. O Padre Euvídio é um brincalhão, exagerou um pouco nas travessuras de Carequinha, mas faz parte de todas as suas participações nesse blog. Tem dias que está mais comedido, outros mais inspirado, como hoje, poucos dias, ranzinza. Depende da qualidade e da safra do vinho, não é Padre? Meus agradecimentos ao amigo J. Morgado pelo comentário, foi o primeiro a acessar o blog já com a matéria sobre Carequinha postada e outro agradecimento à Isildinha, de Osasco, que deixou aqui o e-mail de uma entidade que cuida de menores desamparados. Todo esse relato sobre Carequinha pode ser encontrado nos arquivos do Diário do Grande ABC e muitos outros. Conforme destaquei na matéria, escrevi apenas alguns fatos ocorridos com esse menino, existem muitos outros. Havia na redação até uma brincadeira, quando faltavam notícias policiais. Logo alguém gritava: "escreva sobre o Carequinha, tudo que colocar sobre ele, se não fez, irá fazer." Teve um triste fim.
    Abraços a todos!
    PS: acabo de receber um e-mail do padre perguntando se o blog poderia publicar uma história que ele está escrevendo. Olha, padre, passando pelo nosso crivo, se tiver qualidade postaremos com prazer, pode enviar. Obrigado.

    Edward de Souza

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  9. Graaande amigo e irmão Edward,

    Deus que te ilumine, dê vida longa, paz, saúde e energia para prosseguir nesse trabalho missionário.

    Trazer à luz fatos reais, que continuam acontecendo,cotidianamente, em nossa sociedade é missão divina.

    Infelizmente, também conheci vários "carequinhas". De todos, recolhi a sensação de que seriam vidas brilhantes caso encontrassem alguma chance.

    Neste mundo materialista, egoista e perverso onde vivemos, raros nascidos na pobreza têm oportunidade de romper barreiras e se entrosar naquilo que chamamos de sociedade. Na maioria dos casos, quando não partem diretamente para o crime, acabam massacrados, à deriva, sem rumo e nem prumo. Terminam alcoólatras, mendingos, em farrapos.

    Provavelmente o carequinhua, antevendo o futuro escuro, preferiu abreviar a vida. Porque não encontrou nela qualquer estímulo para prosseguir.

    Seu artigo emociona. É uma contribuição à reflexão das pessoas. Que mundo é esse no qual vivemos?

    Grande abraço,

    édison motta
    Santo André, SP

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  10. Querido Pe. Euvidio.
    Com todo respeito, o sr como pároco bem informado, voador no tempo e no espaço e pastor de ovelhas, deveria montar uma oficina de motos aí na sua paróquia, para ensinar menores carentes e tb formar uma escola para motoboys e pilotos.
    Assim estaria tirando muitos menores da delinguência, formando-os numa atividade profissional e e realizando sonhos.
    Mas longe do vinho, é claro..rsss
    sua benção .
    Isildinha- Osasco

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  11. Queridas amigas e amigos
    Não vou emitir aqui adjetios para a crônica do Edward de Souza porque isso já ficou redundante e pode ate pegar mal. Apenas dizer que ele tem arsenal para um livro de pequenas histórias policiais e das redações que seria realmente não apenas gostoso de ler, mas principalmente um documento para preservar essa memória, que não pode sumir. Durante anos fui Brizolista, mesmo me irritando de vez em quando com algumas atitudes políticas dele, porque o velho Leonel tinha uma verdadeira obsessão pelo ensino das crianças e adolescentes. Isso me encantava nele. Quando governou o RS construiu 5 mil escolinhas rurais, em beira de estradas. O governo seguinte, de oposição, despediu as professoras e sucateou todas. Quando governou o Rio ele construiu os famosos Cieps, planejados pelo humanista Darci Ribeiro, que previa estudo, alimentação e atividades em tempo integral na escola, inclusive esportes. Foram também sucateados. Imaginem quantos garotos seriam salvos da marginalidade e do crime. Pena que não foi presidente. Hoje, que político pensa dessa maneira em educação? É desolador.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  12. Edward, eu fui uma das que vieram pela manhã, nada vi postado e estranhei. Agora voltei e li a história incrível do Carequinha. Esse caso do ônibus, como pode ele entrar num coletivo lotado de passageiros e sair pela cidade? O motorista onde estava, Edward? Imagine só o sufoco daquele povo dentro do ônibus. Não podiam fazer nada. Se avançam contra ele o ônibus poderia bater e matar alguém. O jeito era mesmo esperar ajuda. Do jeito que ia esse menino, não teria mesmo futuro, uma pena!

    Luciana Martins - Andradina - SP.

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  13. Volto aqui para fazer coro aos sempre brilhantes comentários do amigo Milton Saldanha. É por aí, não basta apontar os erros: é preciso indicar soluções.
    O único herdeiro de Brizola com alguma visibilidade nacional é o ex-governador do Distrito Federal, senador Cristovam Buarque. Tem sido um paladino na luta pela educação. No entanto, não consegue nem mesmo legenda de seu partido para levar sua tese à população. Triste sina de nosso país. Ele foi ministro de Lula, no primeiro mandato, e despedido por telefone quando se encontrava no exterior.
    As coisas só começarão a mudar quando o povo - essa massa ignara, como dizia o Enéas - começar a colocar como representantes pessoas comprometidas com a Educação.
    Grande abraço,

    édison motta
    Santo André, SP

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  14. Ôi Edward,
    olha, respeito muito a opinião do Milton Saldanha e do Édison Motta, mas não creio que é só por esse lado (educação) que se vê o problema da delinquência. Existem outros fatores. Conheci um desses garotos aqui em Santos que tinha a melhor educação do mundo, mas aos 16 anos enveredou-se pelo mundo das drogas e acabou morrendo cedo. Era quase vizinho de uma casa que temos no Guarujá, filho de médico e sua mãe, dona de casa, cuidava de todos os seus passos. Se ele estivesse vivo, chamava-se Elivelton, teria a minha idade hoje, 22 anos. Esse menino do seu relato de hoje Edward, o carequinha, sensibiliza sim, mas pergunto: seria a falta de um berço a culpada das loucuras que ele fazia? Tem tantos como ele que engraxam sapatos, catam papelões e viram gente, entende? Está em cada um, ser ou não gente, penso eu.

    Bjos,
    obrigada!

    Thalita - Santos - SP.

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  15. Boa tarde amigos desse blog....
    Permitam-me discordar de Édison Motta e Milton Saldanha. A Thalita, no comentário acima, chegou perto do que vou dizer. Talvez teve receio em rasgar o verbo. farei por mim, por ela não tenho procuração para isso. Meu finado avô dizia: "pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto". Esse menino Carequinha, pelo que li no brilhante texto do Jornalista Edward de Souza, já nasceu da pá virada. As aprontadas que ele dava eram dignas de um maluco. Que tipo de ducação poderia se dar a um pequeno marginal como esse? Se não se matassse, acabaria morto pela Polícia, mais cedo ou mais tarde. E não me venham dizer que bem educado ele seria outro. Não acredito nisso.
    Abraços a todos!!!

    Paolo Cabrero - Itú - SP.

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  16. Louvores ao texto do Edward, como sempre. Mais ainda, porque ele nos faz pensar. Crianças criadas soltas, na miséria, só encontram sobrevivência na marginalidade, porque não há quase ninguém que as atenda, cuide e encaminhe. E sabemos que a vida na margem é curta - droga, doença, morte. Os governantes, mais preocupados com o seu umbigo, esquecem de que somente com educação se muda um país. A educação é prima-irmã da justiça social e do desenvolvimento. Não adianta existir o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) se não temos uma rede social de apoio às crianças e adolescentes infratores. São infratores porque deixamos, porque só lhes restou esse caminho. Sem lar, sem escola, sem futuro. Era previsível o fim do Carequinha, já naquela época, como é, hoje, o de tantas crianças abandonadas à sua própria sorte(?).

    Tenho certeza de que cada um que frequenta este blog faz alguma coisa para minorar o sofrimento de alguém que precisa de conforto, de um prato de comida, de uma palavra de apoio. Todos participamos da campanha do agasalho, todos contribuímos quando há uma catástrofe. Louvável. Mas ainda é muito pouco. Contribuiríamos de maneira mais efetiva pressionando as autoridades com a força da cidadania, para que essas injustiças cessassem. Nossa contribuição seria mais efetiva se votássemos melhor, fazendo escolhas racionais, elegendo políticos honestos e capazes. O país seria melhor se tivéssemos coragem de dizer "não". Há pouco, estava escrevendo um texto sobre o Bolsa Família, horrorizada com uma auditoria feita pelo TCU, que flagrou milhares de ilícitos na distribuição dos recursos. Tem gente propritária de carro de R$ 100mil que é beneficiária! Onde está o controle? Cadê a fiscalização? quem realmente precisa não consegue se habilitar... e por aí vai...

    Parabéns, Edward! Garanto que todos os leitores pensaram um pouco quando leram este texto.

    Um abraço.

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  17. Flávia Cortes da Luzquinta-feira, 07 maio, 2009

    Prezado Jornalista Edward de Souza...
    A infância deveria ser a etapa mais feliz e segura para nossas crianças. Entretanto, nem sempre é assim. Muitos se situam, desde cedo, em lares desestruturados, pais violentos e mães descuidadas, num ambiente social hostil e inóspito.

    O ambiente familiar e a boa ou má receptividade com relação à criança, que se inicia desde a vida intrauterina, são fatores marcantes na formação de sua personalidade, tornando-a feliz, aberta ao convívio com outras crianças, ou insegura, triste, fechada cm seu mundo, apresentando conflitos perturbadores.

    A criança mal amada, parece-me ser o caso de Carequinha, padece violências físicas e psicológicas, vê o mundo e as pessoas através de uma visão óptica distorcida, as suas imagens estão focadas de maneira in­correta e, como conseqüência, causam-lhe pavor. Ademais, os comportamentos agressivos daqueles que lhe partilham a convivência, atemorizando-a mediante ameaças de punições e castigos de qualquer natureza, fazem-na fugir para lugar e situações vexatórios, nos quais o recolhimento oferece qualquer mecanismo de defesa, deixando-a abandonada.

    Atitudes deste teor e situações que lhe imprimam insegurança e medo marcarão profundamente sua vida e constituem fatores causais da agressividade infantil.

    Esses comportamentos agressivos na infância nem sempre têm a intenção de causar danos ou atacar violenta­mente as pessoas. Muitas vezes, esclarecem os estudiosos do assunto, são hostís visando, principalmente, a contrariar ou magoar aqueles que não correspondem aos seus anseios.

    Existem fatores sociais e inter-pessoais que afetam a tendência infantil de se comportar agressiva­mente. As formas e graus da agressão que a criança exibirá dependem de muitos fatores: a intensidade de sua motivação hostil, o grau de frustração ambiental ao qual está sujeito, os reforços recebidos por comporta­mento agressivo, sua observação e imitação de modelos agressivos e o nível de ansiedade e culpa associado à expressão da agressão.
    Ótimo seu artigo, caro jornalista. Ele propiciou todo esse debate saudável que ora acontece em seu blog. Parabéns!

    Flávia Cortes da Luz - Psicóloga - Porto Alegre/RS

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  18. Zéquinha do paiolquinta-feira, 07 maio, 2009

    ôia gente quando eu era meninu, fazia artes quase iguais essas do tar de Carequinha, só não pilotava onibus dos outros porque não sabia dirigir nem a carroça do meu pai.

    Matava passarim, roubava fruitas dos vizinhos e levava cada tunda de duer. I num é que virei gente???
    Tenhu um alambirques aqui em Minas, um buteco no centro da cidade e um sítio com criaçaõ, num tá bom?
    Inté nessa internte eu entro com a ajuda da minha fia. Meus dois meninu tão istudando e um vai sê doutô. Essi carequinha era do mar mermo tá na cara e Deus resorveu levá eli mais cedo. Já foi tardi

    Zequinha do paiol de Araguari

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  19. Ôi edward. Senti muita pena desse menino. Vc prende a gente de tal forma no que escreve que ao chegar ao final da leitura e ver que ele se matou, comecei a chorar. Pobre criança. Fazer o quê? Gostaria de saber. Discutir o sexo dos anjos? não leva a nada, pelo menos para esse pobre Carequinha, pequeno ainda, buscar a morte como única saída para seu desespero. Triste demais, muito triste.......
    Bjos,

    Ana Paula - Franca - SP.

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  20. Agostinho Freitas (Moleque Sací)quinta-feira, 07 maio, 2009

    Sêo Edward, sua história foi muito bem contada, arrepia a gente. Só que eu entendo que para esses tipos de pequenos bandidos, só mesmo uma bala de 38. Sei que vão cair em cima de mim, mas é fácil falar como muitos falam aqui no seu blog sobre educar, ensinar, dar de mamar para esses coitadinhos e coisa e tal. Dificil, sabe o que é? Ver um irmão morto por um menino de 15 anos, 1 a mais que esse Carequinha. Nessa hora, a gente não pensa nisso que quase todos falam não. Faz isso uns 12 anos, meu irmão tocava um bar aqui em Pinda, em sociedade comigo. Numa noite três moleques entrarm para roubar. Meu irmão não reagiu, quis enfiar a mão na gaveta pra dar dinheiro pra eles. Levou um tiro a queima roupa e morreu na horinha. Deixou dois filhos sêo Edward, e a mulher. Sabe o que virou desse moleque? nada. soltaram ele pra roubar e matar mais. Tem um aí em cima que falou; "pau que nasce torto, num tem jeito, morre torto". Concordo!!!
    Obrigado pela oportunidade de desabafar.

    Agostinho Freitas (Moleque sací)
    Pindamonhangaba -SP.

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  21. Olá Edward,
    acabei de ler seu artigo sobre Carequinha e senti dó sim. Não apenas dele, mas de milhares de outras crianças espalhadas pelo Mundo nessa situação. Estão certos os jornalistas Édison Motta, Milton Saldanha e Nivia Andres. É preciso se olhar com mais atenção os problemas desses menores abandonados, jogados à própria sorte. Necessário se faz uma política correta de edução, do contrário a tendência é se criar, a cada dia, milhares de Carequinhas. Não posso concordar com o Senhor Agostinho, que prega a violência, mesmo entendendo a dor que sente. Violência só traz violência, Senhor Agostinho, não vai melhorar nada, pelo contrário, a tendência é piorar. Nesse momento de dor e revolta é que devemos elevar nosso pensamento a Deus e pedir consolo, com certeza Ele dará paz e nos ensinará um outro caminho que não seja o da vingança.
    Beijos no coração de todos!

    Liliana G. Prado(Cásper Líbero) SP.

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  22. Edward, todos os dias venho ao seu blog, quem sabe um dia eu consiga escrever como você, tão fácil. Gosto muito de ler o que vc escreve. Hoje tentei entrar no site do jornal que vc escreve sua coluna, mas não consegui pela manhã, parecia fora do sistema, não sei. Depois tento novamente. Lindo seu relato, triste a história de Carequinha.
    Beijinhos.....

    Juliana ( Cásper Líbero) SP.

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  23. Olhe Edward eu já disse isso uma vez e repito. Juntando todas essas histórias daria um livro maravilhoso. A cada dia um caso inimaginável, como o de hoje, desse garoto, o Carequinha. Vocês formam uma equipe poderosa, imbatível em blogs desse gênero na Internet. Quero dar um alô para a Nivia, outra linda jornalista que se juntou ao grupo. Beijos a você, Nivia, vc é maravilhosa!

    Ana Caroline Ribeirão Preto - SP.

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  24. Senhores jornalistas deste blog,
    antes que alguém sugira aqui a pena de morte para menores delinquentes como o Carequinha, do relato do Edward de Souza, uma pergunta: o que pensam sobre a maioridade penal no Brasil?

    Boa noite a todos,

    Hamiltom Alessandro Bastos - Curitiba/PR

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  25. Caros Thalita e Paolo Cabrero
    Democracia e liberdade de pensamento é isso, cada um opinar e ter o direito de discordar. Respeito suas opiniões, mas quero apenas acrescentar que nem eu, nem o Édison Motta, jamais achamos que simplesmente a educação formal é a varinha mágica para tudo. Não se trata disso. Há universitários que se tornam bandidos. E há bandidos de gravata em cargos públicos, ou navegando de lancha na praia com o dinheiro que surrupiaram das necessidades sociais. Vamos com calma, por favor. A educação não é solução para tudo, mas que reduz amplamente o problema isso ninguém, de bom-senso, poderá negar.
    Abraços,
    Milton Saldanha

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  26. Tudo bem, Edward?
    Credo, que caso mais estranho desse garoto! Tem uma coisa, sabe. Perto dos moleques de hoje, o Carequinha era um santo. Em seu relato, li que ele assaltou uma vez uma loja com revólver de brinquedo, depois as peripécias dele querendo dirigir carro de delegado, ônibus lotado, e a tentativa de sair com um caminhão dos bombeiros, não foi? Tudo que ele não teve na infância, carrinhos pra brincar. Hoje, garotos da idade dele estão matando, veja o exemplo do irmão do Senhor Moleque Sací, acima. Isso quando não estão espancando professoras, como ocorre todos os dias. Aqui no Rio, uma menina de 12 anos foi repreendida pela profesora e deu uma surra nela. Carequinha era santo perto da cambada de hoje.....
    Beijos, Edward. Adorei ler as peripécias desse gurí!

    Fernanda - Rio de Janeiro

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  27. Edward, deixe-me dar um recadinho ao Milton Saldanha, por favor. Milton, vc não leu meu comentário direito. Eu disse que não é apenas com a educação que se conserta um delinquente infantil, e que existem outros fatores, nada mais que isso. Disse ainda que respeito a opinião de vcs. Quem discordou de vc e do Édison foi o Senhor Cabrero. Isso, tá bom?
    Bjos pra todos!!!
    Thalita ( Santos)

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  28. Não fosse esse final trágico Edward, eu diria que o Carequinha era um moleque com senso de humor apurado. É de morrer de rir o que ele aprontava. É só parar e imaginar a cena. Um ônibus lotado e o moleque dirigindo aquele trombolho, em meio a gritos histéricos de homens, mulheres e crianças. Um bom gozador, esse Carequinha. Certamente estava dirigindo de pé, para poder alcançar os pedais (hahahahahahahahahahahahahaha). Eu pagaria para estar dentro desse õnibus, só pra ver a zuada do moleque. Valeu!!!

    Atílio Juanazzi - Campo Grande

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  29. Deixai vir a mim os pequeninos... E como tratamos esses pequeninos!
    Paz e Bem, Edward.

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  30. Bom dia amigos do blog!
    Tem pessoas que passam por esse mundo como um raio. Em sua trajetória rápida, deixa as marcas da destruição. Assim foi com Carequinha.

    Fátima - Ponta Grossa

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  31. O carequinha era boiola.

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  32. O tio dele tambem era.

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  33. Esse carequinha era du capeta.

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  34. Ele chamava carequinha por que eu rapei a cabeça dele.

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  35. Deixa que eu cuido dele.

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  36. Eu tamem vou cumer ele!

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  37. Parentes dos vermes.sexta-feira, 08 maio, 2009

    Nóis tamem vai traçar ele.

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  38. Esse minino ia ser presidente da republica se não matassem ele.

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  39. Eu não conheço esse menino!

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  40. Luiz Ignácio Lula da Silvasexta-feira, 08 maio, 2009

    Vou dar uma bolsa familia pro carequinha.

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  41. Dona Mariza, Primeira dama.sexta-feira, 08 maio, 2009

    Deixa ele morrer de fome.

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  42. To mi lixando por ele.

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  43. Se eu pudesse eu ensinaria esse menino lavar pinceis, por que é a parte mais fudida da pintura.

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  44. Eu colocaria esse carequinha na garupa da minha moto e dava um cavalo de pau só pra ver o diabinho rolar no chão.

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  45. Eu levaria esse menino pro jornal só para rolar bobina.

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  46. Eu pegaria esse guri só para dar-lhe uma tunda.

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  47. EParece que foi hoje. Mas eu recordo muito bem quando eu dei a manchete de chamada do jornal nacional. “O carequinha foi encontrado morto na cela”. A hora que entrou o comercial todos aplaudiram de pé. Eu fiz xixi nas calças de alegria.
    Afinal não é toda hora que um capetinha vai embora.
    CIDI MOREIRA. J.N.

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  48. Adevogado do diabo...sexta-feira, 08 maio, 2009

    Bandido baum é bandido morto.

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  49. Extra Extra! Noticia de ultima hora! O carequinha acaba de roubar o cavalo de são Pedro. A última vez que ele foi visto ele estava no blog do Edward. Cuidado esse menino pode roubar a sua bicicleta também.

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