João Colovatti, O COMEÇO
Parte VI
Idos de 1962/1963. O Grande ABC, particularmente Santo André, iniciava um ciclo de modernização, construíam-se escolas, o movimento cultural se intensificava, novos estabelecimentos comerciais se abriam. Na Rua Bernardino de Campos, proximidades da estação, funcionava a sede do News Seller, que se transformaria no Diário do Grande ABC. Do outro lado da rua, bem em frente, foi inaugurada uma lanchonete moderna para a época, especializada em cachorros quentes, alguns outros sanduíches, sucos, refrigerantes etc. Na esquina, já na Rua Carlos de Campos, havia a sucursal do jornal Última Hora. Um pouco acima, a dos Diários. E na Oliveira Lima, surgia o jornal O Repórter. A imprensa fervilhava, cobria tudo, política (o primeiro impeachment no Brasil, do prefeito Oswaldo Gimenez, de Santo André), sindicalismo, que iniciava intensa movimentação, poluição em seus primórdios. Enfim, temas para inúmeras pautas. A violência ainda estava adormecida. João Colovatti atendia na lanchonete. Atencioso, gentil, logo se tornou amigo dos jornalistas que frequentavam o estabelecimento. Ficou íntimo do jornalista Geraldo Cunha, excelente fotógrafo, profissional que atendia tanto o jornal Última Hora quanto a Polícia Técnica, além de grande boêmio. Laços fraternais solidificados, Colovatti passou a acompanhar Cunha noite adentro, frequentando delegacias de polícia. Muitas vezes carregava as câmaras do Cunha. Com ele aprendeu as artes do ofício. Inteligente, descobriu os mistérios das boas imagens jornalísticas, movimentadas, com iluminação adequada, bem como os segredos de sair na frente, furar. Na época havia uma guerra em torno de notícias policiais, uma batalha aguerrida entre Última Hora e Diário da Noite e A Hora. Nomes se projetavam: Nelson Gato, Cabral. Quando o News Seller se transformou no Diário do Grande ABC Colovatti estava preparado para assumir o mister e se destacar. A partir daí sua trajetória ascendente é conhecida na história da imprensa brasileira.
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Guido Fidelis é jornalista, escritor e advogado, amigo de longa data. Convidado, escreve hoje o que deveria ser o primeiro artigo dessa série que iniciamos sobre histórias das redações de jornais. De qualquer forma, para muitos que conheceram ou trabalharam com João Colovatti, essa figura folclórica, que tirou sarro anos atrás do metalúrgico Lula, atual presidente do Brasil, ao fotográ-lo com uma surrada cueca cor de rosa num hotel onde participava de uma convenção de trabalhadores, um surpreendente relato sobre o começo de sua carreira. Essa série ainda terá mais João Colovatti, falecido em 2001, aos 56 anos, depois outras histórias sobre os tempos das velhas máquinas de escrever.
*Edward de Souza - Blog
Com essas explicações do Guido Fidelis, sabemos agora porque o Colovatti adorava a "Mardita". Trabalhava de atendente de boteco (rsssssssss....). Revelação realmente surpreendente, que acredito, poucos sabiam.
ResponderExcluirValeu!
Ricardo
Coitado do Colovatti, gente! O Ricardo não leu direito o artigo do Fidelis. No texto, ele diz que nessa lanchonete onde o Colovatti trabalhava, serviam sanduíches, sucos e refrigerantes. Bom... Tem o etc., então fica a dúvida. Deixando isso de lado, está cada dia mais interessante essa série e eu estou adorando.
ResponderExcluirThalita - Santos
Interessante esse relato do Guido Fidelis sobre a trajetória profissional de João Colovatti. Percebe-se que, em nossas vidas, tudo tem a mão de Deus. Estava nosso personagem numa lanchonete, trabalhando, quando surgiram jornalistas e fotógrafos que passaram a frequentar o local. Colovatti se encantou com a magia das fotografias, fez amizade com um grande fotógrafo e, a partir de então, sua vida mudou. Tornou-se esse grande profissional que todos nós, que trabalhamos com ele, sempre respeitamos. Saudades de Colovatti!
ResponderExcluirRosana - Ex- Diário
Olá Guido
ResponderExcluirMuito boa a lembrança sobre o Colovatti como dono de “buteco”. Um exemplo de como pode surgir um profissional vocacionado.
Obrigado por nos brindar por mais esse pormenor sobre o saudoso e querido amigo João.
J. Morgado
Mongaguá -SP
Gostei desse artigo do Guido, nos carrega pra tempos longinguos, quando nosso ABC despertava para se tornar a potência que é hoje. E traz esse relato desconhecido, pelo menos para mim, sobre João Colovatti, amigo que aprendi a respeitar e admirar. Acim de tudo, um dos melhores profissionais da fotografia que vi em ação.
ResponderExcluirBons todos os artigos e continuem, por favor!
Roberto - Santo André
Legal saber disso. A história de um homem simples que soube aproveitar a chance que a vida lhe deu, expressando na fotografia o seu talento.
ResponderExcluirUm exemplo de como uma vida pode ser transformada, com ajuda amiga e um olhar atento.
Cristina- SP.
Também sou estudante de jornalismo e estou aqui pela primeira vez, por indicação de amigas. Estou encantada com todos os artigos postados. Esse blog já adicionei em meus favoritos, para segui-lo sempre. Ele é de grande ajuda pra nós, principiantes. Todos os textos que li, de Édison Motta, Edward de Souza, Lavrado, Guido Fidelis e de Morgado, nos arrebatam, são especiais, pela forma de escrever e conduzir um assunto. Temos muito que aprender com vocês, bons e "velhos" jornalistas.
ResponderExcluirObrigada!
Juliana S. Bernardes
Edward muita Paz! Uma águia voando pousa neste interessante e maravilhoso espaço. Confesso que gostaria de visitar com mais freqüência, ocorre que as atividades só me permitem fazer no final de semana. Cada vez que retorno me sinto melhor e mais familiar. Parabéns pelo excelente trabalho desenvolvido. Gostei do tema. Na oportunidade quero de coração agradecer a todos que nos visitam, comentam e seguem, por tudo isto sinto-me honrado e entre amigos. Muito obrigadoooooo.... Estou esperando você e antecipo volte sempre! Votos de grandes realizações e prosperidade. Que as bênçãos divinas nos protejam e ilumine. Tenha um alegre e festivo final de semana. Deixo um abraço fraterno.
ResponderExcluirValdemir Reis
Estou adorando todo essa série. Estudo jornalismo na Metodista, aqui em São Bernardo e meu sonho é um dia trabalhar no Diário do Grande ABC. Nesse blog estou conhecendo o seu passado e os grandes nomes que por lá passaram. Você deve ter muitas outras histórias pra nos contar, não Edward? Então continue. Você e seus amigos jornalistas, está ótimo. Estou levando o link do seu blog para minhas amigas na Metodista, elas vão adorar. Tem muitas que seguem diariamente suas postagens.
ResponderExcluirBjos
Karina G, Parzewsky
Acabo de ler esse relato do Guido Fidelis, bom, por sinal, e o rodapé, assinado pelo Edward chamou minha atenção. Essa do Colovatti ter fotografado o Lula de cueca cor de rosa eu pago pra ler. Quando vai ser publicada?
ResponderExcluirJúlio Nogueira - Mauá -SP.
Excelente a revelação do grande Guido Fidelis, um dos melhores jornalistas e escritores que já conheci, sobre a origem do Colovatti. Nem eu mesmo sabia disso como, garanto, poucos a conheciam.
ResponderExcluirConvém ressaltar que o lado brincalhão do João era uma caracteristica que animava nosso dia-a-dia na redação. Ele tinha comichões: enquanto não emplacasse o apronto do dia não sossegava. Porém, como profissional, o João era, antes de tudo, humano. E revelava esse humanismo através de suas fotos, sempre com expressões de crianças, gente pequena ou grande, envolvida nas mais diferentes situações do cotidiano. Ele captou rápido a alma do bom repórter e auxiliava seus colegas, na rua, com suas sugestões.
Quantas vezes, comigo, aconteceu de mudar o enfoque da matéria em função das observações do João. Que eram perspicazes e coerentes com o que deve ser o bom jornalismo: revelar a alma humana que está por traz dos fatos.
Quanto à história do Lula, eu a conheço. Na verdade, o João não chegou a fotografá-lo porque estavam, ambos, num ambiente digamos assim, intimo: os alojamentos de um congresso de metalúrgicos, na cidade de Lins, em 1979. O mesmo congresso onde Benedito Marcílio, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, acompanhado de outro diretor, José Cicote, lançaram e conseguiram a votação de uma moção especial sugerindo a criação de um Partido dos Trabalhadores.
Quem pode contar essa história repleta de detalhes é outro jornalista: Valdenizio Petrolli, ex-professor da Metodista, que ficou com o João e o Lula no mesmo alojamento.
Édison Motta - Santo André
Uai, anônimo por que, se publiquei o nome? ehehehe.
ResponderExcluirAbraços,
édison motta
Santo André, SP
Olá! Tudo bem?
ResponderExcluirPassei aqui para tomar um cafezinho da tarde.
O papo tá ótimo, tanto que acabei virando seguidora.
Abraços,
Débora Martins
olá meu amigo...
ResponderExcluirAdoro ler essas histórias, que só você sabe contar, mas estou curiosa para ver essa do lula de cueca cor de rosa, deve ser muito hilário, Sucessoooooooooooooo.
Ana Célia de Freitas. Franca/SP.
essa olivetti eu fiz ate curso
ResponderExcluirja que esse era hidreletrica, tinha que fazer a força, e depois a eletrica , hoje a molequada nem sabe o que isso
essa olivetti eu fiz ate curso
ResponderExcluirja que esse era hidreletrica, tinha que fazer a força, e depois a eletrica , hoje a molequada nem sabe o que isso
Edward
ResponderExcluirParticipei disso que o Guido Fidelis escreveu. Eu trabalhava no News Seller, na Bernardino de Campos e depois o Guido me convidou pra trabalhar na Última Hora (cujo patrão era o inesquecível Samuel Wainer). A UH tinha um jeep azul e branco e, além da coluna social, eu saia com o fotógrafo Cunha para cobrir política e esportes e o que mais houvesse para fazer. A lanchonete era do Liberti Cassetari, tio do Duilio Pisaneschi. Nosso diretor de redação da sucursal de UH era o Alexandre Moreira Germano. O Colovatti foi trabalhar na UH como office boy – na época ele era muito jovem, magrinho (quem diria!?), mas os incríveis olhos verdes dele sempre foram enormes e expressivos. Nós tínhamos a página de colunas sociais do Interior (já que a nossa UH tinha edição do Interior). Assim, minha coluna ficava na mesma página em que estavam as colunas de Santos (não me lembro o nome do colunista), de São José do Rio Preto (quem assinava era o Amaury Jr.), de Bauru (da Baby Garroux, que depois virou atriz e atualmente é mãe-de-santo muito procurada por artistas) e Campinas (cujo colunista era Orestes Quércia, ele mesmo, o Quércia que, graças à coluna, elegeu-se vereador, depois prefeito de Campinas e seguiu polêmica carreira política a partir de então). A UH tinha um time de colunistas de fazer inveja aos concorrentes – Tavares de Miranda, Giba Um, Juca Chaves, Ricardo Amaral, Alik Kostakis e outros.
Bjs
Claudete Reinhart