quarta-feira, 16 de junho de 2010



Em Manaus, fiz algumas boas reportagens. Uma delas, logo quando cheguei, era sobre a campanha do então deputado Ulisses Guimarães como o anticandidato à Presidência da República. O parlamentar se utilizava desse périplo pelas principais capitais do país para protestar contra o regime militar com o seu processo de nomear o presidente da República, impedindo a realização de eleições diretas, nem sequer para governadores, tendo ainda criado a figura do senador biônico. Uma farsa imposta pela hipocrisia característica de todas as ditaduras, de todos os regimes de força, com seus desmandos, com a sua violência e a severa censura aos meios de comunicação.

A viagem de Ulisses seguiria de Manaus para Santarém, já no Pará, em uma barcaça com capacidade para no máximo cinquenta pessoas. A maioria viajava em redes, enquanto alguns privilegiados usufruíam de pequenos abrigos, denominados apartamentos, com capacidade para duas pessoas, acomodadas em beliches para uma só pessoa. Para minha alegria, a “suíte” de Ulisses era a mais bem abastecida com bebidas alcoólicas, uísque de preferência. Nesse percurso, com mais de doze horas de duração, o parlamentar que passaria a ser chamado de “Senhor Diretas” – numa identificação por sua luta pelas eleições diretas em todos os escalões – se esbaldava e discorria com mais alento sobre a sua luta pelo retorno à democracia. Um beberrão de carteirinha, me identifiquei prontamente com o velho e bom político.

Mas quem se encarniçou comigo foi mesmo uma repórter paraibana, que vinha de Brasília acompanhando a comitiva responsável pela divulgação da campanha do anticandidato à presidência da República. Como não havia nenhum “apartamento” sobrando, o único meio de se manter relação sexual era nas redes, ao seu balouçar no embalo das ondas do rio Amazonas. Esse caso amoroso e rápido como uma estrela cadente, serviu para quebrar um pouco a monotonia da viagem.

Ao falar em público, para uma legião de ribeirinhos, Ulisses sabia poder se expor à vontade e criticar com veemência o regime militar. O que não ocorria quando era entrevistado por jornalistas de emissoras de rádio e televisão. A censura não permitia a exposição do parlamentar que ousava, insistia com sua campanha propondo a volta imediata ao regime democrático. Ulisses morreu em um acidente aéreo, junto com o então ministro Severo Gomes. Chegou a realizar parcialmente o seu sonho democrático e foi um dos responsáveis pela nova Constituição, a quem ele chamou de Cidadã. Ulisses deixou sementes que brotaram e florescem até os dias de hoje na mente dos que lutam pela permanência de um regime que, segundo uma definição, é o melhor dos piores.

Nesse mesmo período, cobri a vinda do general Ernesto Geisel, que substituíra o outro general, Emílio Garrastazu Médici, na presidência da República, para a inauguração do aeroporto internacional Brigadeiro Eduardo Gomes. Os jornalistas sequer podiam se aproximar do presidente e vi, então, que passados quase uma década a truculência dos agentes de segurança continuavam. Isso porque, em 1968, quando o marechal Arthur da Costa e Silva, o segundo militar a ocupar a presidência após o golpe de 1964, esteve em Santo André para a inauguração da Petroquímica, até os prefeitos da região, presentes ao evento, sofreram restrições para ficar perto do primeiro mandatário da nação.

Nesse dia, estava ao lado do fotógrafo João Colovatti, com quem fiz uma aposta: quem pediria o melhor prato? Eu, usando de esperteza, solicitei ao garçom o mesmo prato que fosse servido ao presidente, num gesto considerado de esperteza por mim. E, o Colovatti, na tentativa de ganhar a aposta, foi direto na lagosta, achando que esse seria o melhor prato. Quando o garçom, trouxe a refeição para o presidente, percebi de antemão a derrota. Como Costa e Silva encontrava-se sob dieta alimentar, pedira banana São Tomé assada. Colovatti, ao olhar o prato, começou a rir e, eu, com uma fome de dar inveja a cão abandonado, tive que me contentar com aquelas bananas, enquanto Colovatti saboreava a sua lagosta.

Menos de dois meses sozinho em Manaus, decidi vir para Santo André e buscar a Eva, que permanecera na casa dos avós. Contei com o apoio do Calderaro, que me adiantou um salário. Começava a me endividar. A nossa casa, alugada, ficava quase no centro da cidade, a poucos quarteirões do Teatro Amazonas. No primeiro dia de sua estada na Zona Franca, Eva fez questão de visitar a primeira igreja que viu, a de São Benedito. Entrou e fez uma promessa pedindo para ser feliz na nova cidade, ao lado do marido.

Levei a Eva, no início, a conhecer os balneários locais. A viagem mais longa, em sua companhia, eu fiz em uma barcaça, de Manaus até Santarém – o mesmo percurso feito pela comitiva liderada por Ulisses Guimarães. Só que desta vez não era política e sim uma pauta do Jornal do Brasil para o suplemento de turismo, mostrando pormenores de como fazer um passeio de barco no Amazonas e ir conhecendo as cidades ribeirinhas. Não demorou muito e começaram os desentendimentos. Eu, com conhecidos no governo Enock Reis, conseguia passagens aéreas e vez ou outra estava embarcando para Santo André e a Eva sabia: era para me encontrar com a Ilca.

Foi no intervalo de uma dessas viagens, que ela tomou uma decisão que iria marcar as nossas vidas para sempre: quando regressei, ela tinha adotado uma criança e pedia para registrá-la como filho legítimo. Ainda atordoado, sem saber o porquê a levara a adotar o menino, fiz o seu registro e, mais por desatenção do que por vaidade, o registrei apenas com o meu sobrenome. Assim, passei a ser pai de Marcelo, Marcelo de Marqueiz, porque sempre achei que o “de” entre o nome e o sobrenome dá um ar de superioridade à pessoa, assim como o alemão usa o Von e o sueco o Mac.

Não sei como, mas acabei convencendo a Eva a voltar para Santo André. Lembro-me até hoje ela partindo com uma criança de apenas dois meses no colo. O avião, ao decolar rumo a São Paulo, pareceu-me levantar vôo levando um pouco a pureza e o verdadeiro amor – tanto o carnal como o maternal. Cheguei a chorar nesse dia, talvez por arrependimento, talvez por remorso. Fizera tudo para que ela abandonasse Manaus e me deixasse só, pronto para receber outra mulher – a Ilca que, para vir ao meu encontro, precisava ainda terminar o curso colegial e fazer um acerto com a empresa onde trabalhava. Era uma questão de meses, que envolvia as festas do final de ano de um homem só.

Ao voltar para casa, encontrei uma carta sob a mesa. Esta carta, que li amargurado, serviu depois para que eu me baseasse no meu primeiro livro, a novela Ilha Humana, que ficou em terceiro lugar em um concurso literário promovido pela Prefeitura de Manaus. Aproveitei cada parágrafo para escrever um capítulo, técnica que não soube explorar muito bem, talvez por falta de experiência em uma narrativa mais longa e minuciosa a exigir certa distância da pessoa envolvida. Essa carta merece ser divulgada na íntegra pelo seu sentimento de paixão, pela certeza de sua partida representar a perda do marido e a decretação de sua vida à solidão. Só que, agora, ela tinha alguém sempre ao seu lado. Tinha um menino, tinha um filho.

A carta:

Quando tu tinhas dezoito anos, conheci um rapaz bonito e inteligente e de boa família... Ele era muito simpático. Namoramos dois anos. Para mim, foram dois anos de alegria e satisfação, porque pela primeira vez eu me sentia amada por alguém. Casamos no dia dezessete de setembro. Foi uma cerimônia simples, apesar do meu nervosismo. Ele estava todo elegante de terno marrom. Fizemos uma pequena recepção em nossa própria casa. Logo depois, saímos para a nossa lua de mel, que, na verdade, só foi lua. De mel, eu não vi nada. Ele, muito cansado, dormiu no sofá da sala e eu tive que acordá-lo para que fosse dormir na cama. Foi aí que começaram as decepções. Eu, como toda moça, sonhava com a verdadeira noite de núpcias, com muito amor e felicidade.

Ficamos apenas quatro dias e voltamos para casa, olhamos os presentes, a casa, tudo novo e limpinho. Tive uma sensação maravilhosa, apesar dos fracassos anteriores. Logo que chegamos, ele saiu. Depois dessa vez, ele não parou mais em casa. Sempre com desculpas do seu trabalho, ele me enganava. Eu sofria minha solidão. Tinha vontade de passear, dançar, colocar para fora tudo que eu tinha sufocado dentro de mim. Mas era impossível, porque o seu egoísmo era demais. Enquanto ele vivia, dançava, cantava, amava, esquecia-se que lá, bem longe disso, existia uma mulher que desejava muito ser amada e que ele não se lembrava de amar.

Sempre sonhei com um homem carinhoso e que me amasse muito. Mas, como sempre, continuava sozinha e sem amor, e não tinha coragem de amar também... O medo de passar tudo novamente era imenso. Então, eu ficava ali, tentando fazer com que ele gostasse um pouco de mim, ou que pelo menos, ele deixasse que eu o amasse da minha maneira. Mas ele não me permitia nem isso. Talvez ele não tivesse culpa. As recordações de coisas tristes que aconteciam com a gente me atormentavam demais.

Ele tinha muitas mulheres. Nunca ficou só comigo. Cansava de uma e logo depois arrumava outra. Eu sabia de tudo. Agradeço a Deus não ter sabido de mais coisas Eu sofria muito. Ficava horas e horas na frente de uma televisão esperando que ele chegasse. Ás vezes, ele chegava uma hora da madrugada, quando não, mais tarde. E eu ali, firme. Mas morrendo de fome, cansada, com sono e terrivelmente deprimida. Porque eu sabia que vinha mais uma mentira. Às vezes, eu fazia que acreditava e às vezes eu não aguentava e então começavam as discussões. Ai acabava eu para um lado e ele para o outro, como sempre. Muitas vezes, ele chegava em casa, me olhava e me dizia palavrões, saia e, às vezes, ficava horas ou dias fora de casa e eu nunca fiquei sabendo porque ele fazia isso. Que ele não gostava de mim, eu sabia. Agora, não sei por que ele me humilhava tanto. Acho que meu único defeito era querer ser amada por ele.

Passaram-se cinco anos assim, lutando terrivelmente para conservar o nosso casamento e para que a minha família não soubesse de nada. Eu mentia e ele fazia na frente de todos. Eu era apenas uma coitada para os outros, aquela que era enganada, humilhada e desprezada pelo marido. Muitas vezes eu quis acabar com tudo, mas eu pensava no meu pai, na minha querida vovó, que me criou, e até na própria mãe dele que queria que a gente vivesse bem e que fossemos felizes. E nesse tempo eu só pensei nos outros e esqueci de pensar em mim.

Mas, agora que tudo terminou e depois de cinco anos de solidão, despertou em mim uma nova vontade de viver. Agora, eu tenho algo muito lindo e que precisa muito de mim. Eu preciso tornar a viver e esquecer tudo de mal que me fizeram para poder fazer de meu filho um grande homem e para ensiná-lo a amar e a ser amado. Não me importa mais o que os outros irão pensar ou dizer, eu quero apenas viver, viver como meu marido viveu nos meus longos anos de solidão.

OBS: se servir para alguma coisa, fique à vontade. Se não servir, guarde como recordação da única mulher que te amou e que talvez te ame para o resto da vida. Eu só quero que você seja feliz, para um dia fazer o nosso filho feliz... (continua no próximo capítulo).
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Na próxima quarta-feira, o décimo capítulo de Memória Terminal, do jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, falecido em 29/11/2008. O Prêmio Esso de Jornalismo é o mais tradicional, mais conceituado e o pioneiro dos prêmios destinados a estimular e difundir a prática da boa reportagem, instituído em meados da década de 50. (Edward de Souza/ Nivia Andres) Arte: Cris Fonseca.
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Juninho e Fabiana acertaram o resultado do jogo de ontem, terça-feira, Brasil 2 x Coreia do Norte 1 e vão receber uma camisa oficial da Seleção Brasileira de futebol. Juninho, que se encontra na África do Sul e Fabiana, aluna da Metodista de São Bernardo, já entraram em contato com o blog e vão receber, via sedex, os brindes, que já foram enviados hoje para suas residências.

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RESULTADOS DOS JOGOS DESTA QUARTA-FEIRA (16-06) PELA COPA DO MUNDO NA ÁFRICA DO SUL:
CHILE 1 HONDURAS 0
ESPANHA 0 X SUIÇA 1 (Esse resultado ninguém esperava)
ÁFRICA DO SUL 0 X URUGUAI
3
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34 comentários:

  1. Sinceramente? Nesse aspecto o J. Marqueiz foi horrível. Fiquei com pena dessa mulher honesta e apaixonada e que recebeu em troca apenas a indiferença de um coração egoísta. Mas pelo que me parece, foi uma fase de sua vida, da qual mais tarde ele teve remorsos. Espero, também, que ela tenha alcançado a paz e felicidade, posteriormente.
    João Batista

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  2. Que me desculpem as pessoas que pensarem diferente mas essa é a impressão que me passou o texto. E como digo, é apenas a impressão do momento pois somente quem o conheceu e sabe de toda sua trajetória poderia avaliar melhor.
    Abraços
    joão

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  3. Sabe, João Gregório, vc não deixa de ter razão, mas minha impressão é que, ao revelar essa passagem de sua vida, José Marqueiz reconheceu que não agiu corretamente. Não estava apaixonado pela esposa e foi um casamento que não deu certo. Leia essa parte do seu texto: " Ao voltar para casa, encontrei uma carta sob a mesa. Esta carta, que li amargurado...". Percebeu? Leu a carta com pesar, sentiu que estava magoando a mulher que havia escolhido para ser sua esposa, embora não pudesse retribuir o amor que recebia. Mais uma confissão corajosa, uma "mea culpa" que assumiu ao escrever sobre isso. Pouco acima em seu texto, José Marqueiz confessava seu amor pela Ilca, com quem viveu até o fim dos seus dias.

    Carol - Metodista - SBC

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  4. Olá Marqueiz

    Bom dia

    De todos os capítulos narrados até agora, esse foi o que mais me comoveu. Poucas pessoas no mundo foram fundo em seu “mea culpa” como você.
    Essas confissões íntimas arrancadas lá do fundo de seu coração, provavelmente foram passaporte para o “paraíso”.
    Sonia Nabarrete, Santarém, gaiolas com suas redes... Lembranças que também são minhas.

    Um abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  5. Não compete a um psiquiatra julgar essa ou aquela atitude de um homem.
    Na visão da ciência, eu diria que o cérebro do Marqueiz em algumas situações, mandava informações alteradas para o organismo de forma que a anfetamina era em quantidade superior ao permitido.
    A queima dessa substancia teria que ser de imediata, por que a euforia poderia causar danos cerebral futuros.
    A melhor forma encontrada pelo psiquismo para queimar essa energia, era através de envolvimentos sexuais.
    A ciência ainda não achou explicação eficaz por que o individuo (a maioria do sexo masculino), não consegue queimar essa energia com um relacionamento duradouro.
    Algumas substancias produzidas em larga escala em organismos jovens, ainda estão em estudos para ver com exatidão a influencia delas nos distúrbio sexuais.
    De qualquer forma foi uma experiência fantástica a leitura de hoje.

    Dr. Sebastião Honório. Psiquiatria. C.R.M- 9991

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  6. Olá meus amigos e amigas deste blog...
    Quando começamos a postar a série escrita pelo jornalista José Marqueiz, prometemos não excluir nenhum trecho do que foi deixado por ele em suas memórias, mesmo que às vezes possa conter frases fortes ou momentos vividos e relatados por ele que choquem nossos leitores e venham até a provocar polêmica. Dias desses recebi um e-mail da Ilca comentando exatamente sobre isso. Mesmo contendo relatos que poderiam ser omitidos, disse-me ela, está valendo a pena essa postagem. Essa foi a sua vida e quis ele que assim fosse mostrada, sem máscaras nem remendos. O blog atende seu último pedido.

    Neste capítulo de hoje, vocês devem ter lido, é citado pelo Marqueiz, outro saudoso amigo, protagonista de várias crônicas que escrevi. Um dos melhores fotógrafos que conheci e tive o prazer de trabalhar, João Colovatti. Já que estamos vivendo as emoções de mais uma Copa do Mundo, Colovatti cobriu uma delas, como fotógrafo de "A Gazeta Esportiva", onde trabalhei um ano, em 1970, no México e voltou orgulhoso, com suas fotos premiadas e o tri-campeonato conquistado pelo Brasil.

    Memória Terminal vai continuar e outros relatos surpreendentes, até para os amigos e amigas mais chegados, serão apresentados, nada será excluído, em respeito ao que nosso querido amigo deixou escrito. Hoje, abrilhantamos a página com uma foto de José Marqueiz com a querida amiga Sonia Nabarrete, com quem trabalhamos muitos anos na redação do Diário do Grande ABC e por quem temos o maior carinho e amizade.

    Um forte abraço a todos...

    Edward de Souza

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  7. Edward, José Marqueiz mostra também neste capítulo de hoje que não era assim tão indiferente em relação ao seu relacionamento com a esposa. Tanto que transcreveu, na íntegra, a carta de despedida que guardou. Seria interessante também se pudéssemos ouvir o depoimento da Eva, vc não teria um contato com ela? Lembro-me que no primeiro ou segundo capítulo, a Eva deixou um comentário no blog. Continuo gostando muito desta série, onde nada foi ou está sendo camuflado. Meus parabéns pela postagem, Edward.

    Beijos,

    Tatiana - Metodista - SBC

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  8. O capítulo de hoje traz também uma revelação que, até então, penso, é desconhecida da maioria da população. Ulisses Guimarães, político que lutou pela volta da democracia no Brasil era chegado num bom uísque. José Marqueiz conta que usufruiu das mordomias do "velho cacique" de nossa política, se esbaldando com as bebidas encontradas na "suíte" dele, no interior da chamada, pelo jornalista, de barcaça. Uma série para não se perder nenhum capítulo, está ótima!

    Abraços,

    Laércio H. Pinto - São Paulo - SP.

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  9. Eu fico curiosa para saber maiores detalhes e minhas perguntas são inevitáveis, Edward. Pode até ser que José Marqueiz ainda venha a tocar no assunto que me intrigou, ao ler esse capítulo de hoje. Ele, José Marqueiz, apenas deu o sobrenome ao menino que foi adotado pela então esposa, a Eva? Teria ele participado da vida do menino, hoje com certeza um homem? Pela forma como escreveu, não deu a entender isso, apenas que sentiu-se obrigado a assumir a paternidade dessa criança, pelo menos foi isso que eu entendi. Se não for a Eva, pode até ser a Ilca a esclarecer essa dúvida, não sei.

    Bjos a todos!

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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  10. Caríssimos: a cada capítulo fico pasmo de ver a coragem que Marqueiz teve em abrir sua intimidade. Não nos compete julgar nada, creio. Ninguém está acima do bem e do mal para isso. A força do texto e da narrativa reside justamente nessa crueza. Em alguns momentos me passa a impressão que chocar foi sua intenção. O que choca marca. Já um texto bonzinho, bem comportado, todo mundo esquece meia hora depois, se tanto. A presença do sexo em tudo vejo como parte natural da vida das pessoas normais. E pobre de quem não tiver boas e fortes memórias nesse plano. Só que ficar alardeando conquistas sempre me soa como algo estranho. Necessidade de provar o quê? O nivel de consciência política do Marqueiz tem sido outra grande novidade para mim. Sempre imaginei que ele fosse indiferente a isso. Jornalista de verdade, não de araque, tem que ter visão crítica. Percebo agora que ele tinha, e cresceu no meu conceito.
    Abraços!
    Milton Saldanha

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  11. Ulisses Guimarães foi um opositor conciliador e tolerado pelo regime repressor. Prova: nunca foi cassado, ao contrário de outros, como Mário Covas, que perdeu o mandato de deputado federal e ficou dez anos sem poder fazer política. O sonho da sua vida foi a presidência da República, e só alcançado interinamente, por poucos dias, o equivalente a nada. Assumiu a luta pelas Diretas Já porque sua idade avançava e sabia que sem mudanças jamais tentaria seu projeto. Nunca foi um líder de massas. Quando concorreu, teve votação ridícula e muita gente sequer sabia que ele era candidato. Bem ou mal, reconheço, prestou alguns serviços à causa democrática. Mas está longe de ter sido um herói dessa luta. A exemplo também de Tancredo Neves, este sim o maior cara de pau da História, que subiu nos palanques e depois foi articular nos bastidores a derrota parlamentar da Emenda Dante de Oliveira, que restabeleceria as eleições diretas.
    Abraços!
    Milton Saldanha

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  12. Uma vez, em Brasília, acho que no restaurante Piantella, tive a oportunidade de jantar com algumas autoridades da época e o Dr. Ulisses estava conosco (eu era seu fã de carteirinha).O vinho rolou à vontade e realmente, o grande e corajoso político bebeu todas. Lembro-me que a reunião demorou tanto que minha esposa veio até a porta do restaurante para levar-me para casa (sempre ciumenta,rsrs).
    Não sou de condenar atitudes ou de criticar comportamentos.
    Escrevi aquele comentário acima, num impulso de compaixão pela infeliz mulher, muito embora entenda melhor, agora, o sentido ou propósitos das publicações.
    Abraços a todos
    João

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  13. “Memórias Terminais”
    È natural que as pessoas coloquem sentimento naquilo que lê. Os próprios autores de ficção misturam nela algum sentimento pessoal e real. Daí entender-se não ser raro, que todas as pessoas em algum momento, revelem seu secreto.
    Fui certa feita, ofendido por alguém sem motivo e local errado. Suportei como cavalheiro, mas, confesso não ter evitado sentimento de mágoa. Anos depois o ofensor procurou-me para desculpar-se. O gesto me fez apreciá-lo até hoje pela qualidade da atitude que não me canso em reconhecer como humildade em tempo.
    Poderíamos citar o fato de um incrédulo que ao sucumbir, em reflexão, confessa os pecados cometidos, por arrependimento e fito de remir-se.
    Não tenho foro para julgar o José Marqueiz.
    Não posso misturar sua arte de escrever com hábitos e procedimentos pessoais. Ficarei restrito a análise do seu trabalho jornalístico e correção na escrita para não poupar-lhe elogios. Garcia Netto

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  14. Espero que o Professor João Paulo de Oliveira não entenda esse meu comentário como ofensivo, pelo contrário. Penso apenas que, tanto o João Batista, quanto o Milton Saldanha, articulistas deste blog, tem o direito de se expressarem como quiserem. Afinal, José Marqueiz, conforme explicou o Edward de Souza, colocou sem máscaras o relato de sua vida, e assim ela está sendo mostrada nesta série que o blog publica. Da mesma forma que o jornalista nos conta particularidades, algumas polêmicas, outras até chocantes, também os comentários podem e devem seguir a mesma sintonia, não vejo nada de mal nisso. Não se trata de julgar uma pessoa, mas sim opinar sobre essa ou aquela atitude tomada pelo jornalista, que pode não ter agradado a um dos leitores ou mesmo articulistas que acompanham a série. João Batista chocou-se com a indiferença de José Marqueiz em relação a sua esposa apaixonada e o Milton Saldanha não entende a razão do jornalista sempre alardear suas conquistas. Por isso a série é ótima, pelas polêmicas e pelo texto forte e corajoso escrito por José Marqueiz. Estou gostando de ler e acompanhar a série, por tudo isso citado.

    Obrigada,

    Bruna - UFJF - Juiz de Fora/MG

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  15. Edward e Nivia, desculpem-me pela intromissão, mas desde ontem o marcador que registra os comentários na página em que o texto está postado, a inicial, está retardado. Deve estar ocorrendo algum problema. Neste momento temos 16 comentários e só 10 são mostrados.

    Obrigada,

    Bruna

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  16. Bruna, na minha tela de comentários, aparecem todos os 16.
    Aproveito para dizer-lhe que você é uma mineirinha muito bonita, sensível e inteligente. Às vezes, nós, mais velhos temos a tendência de não darmos devida importância aos comentários dos jovens. Seria porque achamos que nossa experiência de vida dá-nos a autoridade do conhecimento ou porque temos inveja da juventude, rsrs
    Aqui neste espaço, tenho motivos de sobra para contestar essa falácia. Vocês todos(as)são providos(as) de mentes brilhantes e de grande capacidade argumentativa.
    Parabéns e abraços fraternos
    João Batista

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  17. Edward, um abraço, meu irmão!
    Dei boas risadas quando li o ocorrido entre Marqueiz e o nosso querido e saudoso Colovatti. Até imagino a cena. O João comendo uma bela lagosta e, com aquele olhar cínico dele, tirando o maior sarro do Marqueiz, obrigado a comer uma banana São Tomé assada. Essa história eu não tinha ouvido ainda. Apostinha sinistra essa entre os dois. Gostei da foto da Soninha com o Marqueiz, um beijão pra ela. Um abração também para o nosso Morgado, sempre firme. Ando com saudades do Morgado, logo vou bater em sua porta, lá em Mongaguá. Outro abraço ao Milton Saldanha. Só não encontro mais por aqui o Édison Motta, anda fugido? Continue firme com essa série, meu irmão, está fazendo grande sucesso também entre nossa turma de jornalistas que conheceram e conviveram com o Marqueiz.

    Abraços, vou ver se ligo hoje pra você.

    Renato Campos

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  18. Então, Professor João Paulo e Bruna, por isso endosso as palavras do Milton Saldanha, no primeiro dos seus dois comentários de hoje. Um texto comportado, bonzinho, todos esquecem. Fascinante nesta série é exatamente o texto irreverente de José Marqueiz. A cada capítulo traz novidades, como essa passagem do jornalista com Ulisses Guimarães, a cômica aposta que fez com o fotógrafo, que o levou a comer banana assada (arghhh) e a carta que divulga, muito pessoal, de sua primeira esposa. Estou gostando e não perco nenhum capítulo.

    Bjos!

    Andressa - Cásper Líbero - SP.

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  19. Olá Renato

    Boa tarde

    Aguardo com ansiedade sua visita.
    O João Colovatti! O gordinho com um sorriso “sinistro”. Gozador, um tirador de sarro.
    Grande cara.
    Quando chegava de minhas pescarias era o primeiro a buscar seu peixe.
    Deu-me ótimas aulas de fotografia.
    Paro por aqui senão...

    Um abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  20. Como sempre o Marqueiz nos surpreendendo. Adorei a história com o João Colovatti, bem no estilo dele. Abraços.

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  21. Boa noite Crianças.
    Essa série está cada dia melhor,não cabe a mim,pobre mortal julgar ninguém,entendi muito bem a colocação do João,até porque em um primeiro momento,acho que a grande maioria pensou como ele, e o Professor sempre sensato,tenho certeza,falou por ele,e não de forma crítica.
    Cada capítulo fico perplexa com as confissões,principalmente da vida pessoal,sou uma leitora voraz, e não me lembro de ter lido algo tão verdadeiro e corajoso,por isso reafirmo:Essa série deve se transformar em um livro, não pelo poder aquisitivo que iria gerar,mas para as pessoas conhecerem um jornalista dedicado e talentoso, e por que não,conhecer um pouco da sua vida pessoal.
    Beijossssssssssssssssss.

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  22. A lealdade que Marqueiz dispensava aos amigos não era vista nas suas relações com as mulheres. Uma delas, jornalista com quem convivi, saiu tão ferida do relacionamento com ele que nunca mais conseguiu se envolver com qualquer outro homem. Acho que ele só encontrou a maturidade emocional com Ilca. Com ela, aprendeu que o amor exige dedicação, exclusividade, respeito, essas coisas que o fazem infinito, pelo menos enquanto dure (como diria Vinícius de Moraes).

    Sonia Nabarrete

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  23. Gostei desse depoimento da jornalista Sonia Nabarrete. Como amiga que foi de José Marqueiz, nota-se pela foto, não teve receio de abrir o jogo. Valeu Sonia. A série continua excelente e prendendo a cada capítulo minha atenção. Muito engraçada a aposta que o jornalista fez com o fotógrafo. Comeu banana assada, achando que seria servido caviar ao presidente, mesmo prato que escolheu. E perdeu a aposta, afinal não tem como trocar bananas assadas por lagostas.

    Abçs

    Miguel Falamansa - Botucatu

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  24. Memória Terminal de José Marqueiz é um relato realmente imperdível. Ao invés de contar bravatas e somente as coisas boas que realizou em vida, o jornalista rasga o verbo, mostra o homem com suas perfeições e imperfeições, assim como todos nós somos, resultando numa leitura emocionante a cada capítulo. Continuo acompanhando até o final da série, torcendo para se prolonguem os capítulos, tão boa está a leitura.

    Tânia Regina - Ribeirão Preto - SP.

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  25. Edward, eu estou gostando muito dessa série, mas fiquei profundamente emocionada hoje ao ler a carta que a primeira esposa de José Marqueiz escreveu e que ele acrescentou em suas memórias. Impossível ficar insensível diante da dor que aquela mulher sentia quando escreveu aquelas linhas apaixonadas. Não a conheço, mas espero sinceramente que depois de tudo o que passou, tenha encontrado alguém que soube retribuir o imenso amor que por muitos anos ficou preso em seu peito. E que seja muito feliz. Merece!

    Bj

    Talita - Unisantos - Santos - SP.

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  26. Prezada Bruna: parabéns por suas ponderações. Quem escreve memórias, fatos reais (meu caso, que tenho até livro disso), ao contrário da ficção, fica exposto ao crivo dos leitores. Ou cale-se para sempre. Só que acho interessante quando isso ocorre com algum esforço de isenção. O ser humano é imperfeito, ponto final. Alguns aqui, fascinados com justa razão pelos textos, tentam transformar o Marqueiz no mito que ele nunca foi. Nossa turma toda, daquele tempo, sabe que a realidade não foi nada disso. Basta ler a revelação acima da nossa insuspeita colega Sonia Nabarrete. Eu próprio, certa vez, na Sucursal do Estadão, tive que dar um chega pra lá no Marqueiz porque ele ia lá, sem há anos ser funcionário, e usava e abusava do telefone fazendo interurbanos para Manaus. Eu tinha um cargo de confiança da empresa, não podia permitir isso, ali não era a casa da sogra. Ele ficou furioso comigo, sem nenhum esforço para entender minhas responsabilidades. Depois de uns tempos voltou e ficou tudo bem. Pelo menos é o que parecia. O grande problema da gente comentar sobre ele, e sobre o que deixou escrito, é que não está mais aqui para réplicas e tréplicas. Então a gente tem que pegar leve, porque seria covardia aprofundar determinados debates. Foi um grande jornalista? Sem dúvida! Cometeu erros? Sem dúvida! Foi um ser humano? Total!
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  27. Caríssimo Renato Campos: obrigado, retribuo o abraço, com imenso carinho. Você deve ter um arsenal de grandes histórias, da experiência como repórter e depois editor de polícia. Foi da "escolinha" do Diário, é um dos poucos que sempre lembra isso. Escreva!
    Milton Saldanha

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  28. Bom dia, amigos e amigas!

    Por motivo de trabalho, só agora tive um tempinho para participar.

    Cada vez mais interessante o texto de José Marqueiz, introduzindo algumas passagens que mostram o lado contraditório do ser humano. Humano, demasiadamente humano, como escreveu Nietszche no título de uma de suas obras. Marqueiz tem se desnudado inteiro, a cada capítulo, com suas virtudes e defeitos. E como bem frisou o Milton, é isso que torna a narrativa mais rica, profunda, interessante e factível.

    Um abraço a todos!

    Logo, pela manhã, não percam A COPA NO BLOG, com a participação do Professor João Paulo de Oliveira, cada vez mais supimpa em suas intervenções!

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  29. Bom dia, apenas hoje pude vir ao blog para ler mais esse capítulo de José Marqueiz. Acredito que a maioria, além dos textos postados, lê os comentários também, como acabo de fazer. Não critico esse ou aquele, essa ou aquela, apenas creio que certos fatos ocorridos quando José Marqueiz estava entre nós, principalmente presenciados por seus amigos, fatos que denigrem sua imagem, poderiam ser evitados. Não vejo necessitade de citar defeitos e depois dizer que ele era um jornalista excepcional, um ser humano maravilhoso. Jogar pedras, atacar quem já morreu e para encobrir seus ataques buscar elogiar a pessoa atingida que não pode se defender é covardia. Desculpem-me. Como esse blog preza pela democracia, não podia me calar. Tem alguns que devem ter sido sim, amigos de José Marqueiz, mas da onça. Ou seria dor de cotovelo por nunca terem conseguido um Prêmio Esso de Jornalismo?

    Um bom dia!

    Alessandra - Cásper Líbero - SP.

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  30. Olá, pessoal, o capítulo despertou muita polêmica. E não terminou, tem muito mais. É claro que foi um ser imperfeito, como todos nós somos, e a morte nada redime. Mas, não passou em vão pela vida.
    Meu carinho para todos vocês e um beijo especial para a Soninha.

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  31. Não consegui acessar o blog ontem, falta de tempo, mas não perco nenhum desses capítulos escritos pelo José Marqueiz. E a Ilca nos anima ainda mais a prosseguir na leitura, ao afirmar que tem muito mais. Ora polêmico, muitas vezes engraçado, texto franco e corajoso, quase sempre comovente, está uma delícia ler a Memória virtual de José Marqueiz.

    Bjos a todos!

    Giovanna - Unifran - Franca - SP.

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