quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


UM OLHAR SOBRE A

CAIXA PRETA DE MADONNA



A visita de Madonna, um dos maiores ícones internacionais, ao governador e presidenciável José Serra fornece apenas mais uma chance para que se discuta assunto que escapa da reflexão da maioria das pessoas. E há até algumas justificativas para essa omissão.

Diante de tantos escândalos, as atividades do chamado terceiro setor – encravado entre o Estado e empresas particulares – permanecem em uma espécie de limbo midiático. Pouco se comenta a respeito do que fazem e como agem cerca de 400 mil organizações não governamentais sediadas no Brasil e outras de origem internacional que aqui também desenvolvem suas operações.

O manto das causas nobres tem enorme poder de camuflar amplo leque de operações de entidades que não têm valor jurídico e são criadas com enorme facilidade. É tal sua importância que hoje contam até com operações financeiras transacionadas na Bolsa de Valores Sociais e Ambientais, instalada em São Paulo e destinada a negociar doações e aporte de recursos para as mesmas.Criadas originalmente no Exterior, as Ongs encontraram no Brasil amplo leque de setores para atuar, visto o histórico abismo entre as necessidades sociais e a atividade do Estado. Esse lado positivo, que reúne grupos da sociedade civil para agir em áreas nas quais o poder público se ausenta, é inquestionável bandeira de captação de recursos.

Criam Ongs desde simples cidadãos de alguma comunidade perdida sabe-se lá onde, até milionários, artistas, defensores de indígenas, gays e lésbicas, do ouriço preto, da perfuração de cisternas no agreste e até para festivais de teatro e cinema.

A lista de idiossincrasias e exotismos seria hilária, não fosse patrocinada com recursos públicos. Os mesmos que faltam para reajustes aos aposentados, honrar precatórios, à saúde, à educação e segurança do cidadão comum. O mesmo cidadão que colabora de coração aberto para tais entidades, algumas dignas do maior respeito e admiração. Mas uma grande parte, apenas aproveitadora das facilidades do sistema.

Assim, para que as coisas sejam colocadas em seus devidos lugares é fundamental que o governo – Executivo, Legislativo e Judiciário – acorde e trate de abrir essa caixa preta, mais uma das tantas que solapam a riqueza incalculável do país e insistem em manter as gritantes aberrações sociais que tanto nos envergonham perante o mundo.

Mas, principalmente, que quem doa recursos ou trabalho a entidades do terceiro setor, saiba bem com quem coopera e como tais recursos são empregados.
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*Virgínia Pezzolo é jornalista, advogada e bacharel em Ciências Sociais
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18 comentários:

  1. Bom dia, amigos e amigas!

    Na primeira manhã pós-carnaval, um olhar compromissado e inquiridor de Virginia Pezzolo, sobre as atividades quase nunca esclarecidas das ONG's que proliferam, no Brasil e no mundo, a título de servir, mas que, na realidade, se serevm, abundantemente, do dinheiro público, locupletando-se.

    A proposta é a abertura dessas caixas pretas, para vermos o que escondem.

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  2. Bom dia Virgínia!

    É preciso destacar que também existem ONGs sérias e cito a APAE como exemplo. O problema é que muitas destas organizações, como a própria APAE, perdem inteiramente a sua finalidade quando passam a ser sustentada pelo Estado e, com o dinheiro oriundo dos tributos, se transformam em entidades estatais.
    A APAE, poucos sabem, é de origem americana, e lá é sustentada inteiramente pela iniciativa privada.
    No Brasil, o mais grave é que a sociedade não sabe de nada e o mérito é todo daqueles que se dizem generosos e não da sociedade que é quem paga tudo. Fazer caridade com o dinheiro dos outros é ótimo. O Brasil é o único País no mundo onde organização não governamental é sustentada pelo governo. Vá entender. Gostei do seu texto sobre o assunto, Virgínia. Precisa mesmo ser debatido!

    Bjos,

    Liliana Diniz - FUABC - Santo André - SP.

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  3. A quem interessa abrir as fantásticas caixas pretas das ONGs? Quase todo político brasileiro possui a sua, muitas vezes geridas pelas mulheres, pelos filhos ou por laranjas. Vide Arruda, com sua ONG Amigos do Arruda (ou do dinheiro?)O Judiciário continua mais lerdo que tartaruga. Como todos preferem fechar os olhos, imitando a Justiça, que tem seus olhos vedados, o festival prossegue. O MST, por exemplo. Não tem personalidade jurídica, mas usa e abusa das ONGs para receber montanhas de dinheiro. Curioso é que não faltam recursos para as ONGS, dinheiro que falta para a educação e para a segurança, para citar apenas dois graves problemas. Assim, é muito bom o alerta feito pela Virginia. Talvez ecoe, talvez possa ser reproduzido. Um dia, quem sabe, a nação acorda.

    Guido Fidelis

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  4. Virgínia Pezzolo, com admirável objetividade jornalística e clareza de idéias, toca numa questão, como ela disse, que a mídia prefere desconhecer. Não por ingenuidade, mas certamente porque a questão envolve os mais variados beneficiados a ela ligados. Essa farra com o dinheiro público está enriquecendo muita gente. E não é só no Brasil. Há duas semanas estava atracado no porto do Rio de Janeiro um navio grande de uma Ong japonesa. Eles correm o mundo fazendo "trabalho social". Que bela maneira de fazer turismo com doações oficiais e particulares. Até eu que sou mais bobo fiquei pensando em me alistar como voluntário. É claro que as vagas estariam esgotadas.
    Aqui no Brasil já proliferam ongs que encobrem todo tipo de falcatrua. E o pior: determinadas entidades, tidas como sérias, também servem de ninho para espertalhões sem escrúpulos. Conheço histórias de arrepiar.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  5. ANA CÉLIA DE FREITAS.quarta-feira, 17 fevereiro, 2010

    Boa tarde Virgínia Pezzolo e amigos do blog.
    Assunto sério e bastante pertinente.
    Sem dúvida tem mais sujeira escondida através dessas ONGS do que imagina nossa vã filosofia,é óbvio que existem ongs sérias,mas sempre existiu e existirão aquelas por debaixo dos panos.
    Mas infelizmente acho que essa caixa preta ficará lacrada para sempre,afinal os que lucram através da mesma são pessoas muitas vezes influentes e poderosas.
    Parabéns pelo tema,muito bem lembrado.
    Beijosssssss.
    ANA CÉLIA DE FREITAS.

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  6. "Às vésperas do primeiro turno das eleições de 2006 a "notícia" revoltou muita gente e com justa razão. Uma ONG (Organização Não Governamental) teria sido criada em Brasília para defender o retorno de Plutão à condição de Planeta.Seria apenas uma ONG a mais não fossem os privilégios de cada um dos seus 800 diretores. Isso mesmo: oitocentos diretores.
    Cada um desses oitocentos privilegiados diretores receberia vinte mil reais por semana. Isso mesmo: vinte mil reais por semana. Oitenta mil reais por mês. Novecentos e sessenta mil reais por ano.

    E mais: cartões de crédito institucionais para enfrentar despesas pessoais de hospedagem, alimentação, vestuário e transportes. ... O presidente da entidade, diz a "notícia", é um ex-líder sindical, filiado à CUT e ao PT, amigo íntimo do presidente Lula.Haja revolta...
    E de onde vem essa dinheirama pra pagar tanta mordomia? Vem da 'viúva', uai:
    O Diário Oficial publicou a liberação de 7,5 milhões de reais para estimular as primeiras ações da nova ONG, que também celebrará convênios de publicidade com a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e os Correios.
    Mais revolta! Enquanto verbas para pesquisas são reduzidas...
    E algumas perguntas:
    - qual o nome dos diretores da entidade?
    - qual o local de funcionamento?
    - qual a data do Diário Oficial que publicou a liberação dos 7,5 milhões de reais?"
    A notícia ou asunto continua.
    Esta aberração está na internet. Basta colocar Sociedade dos Amigos de Plutão e terão toda a história.

    Parabéns Virgínia por esse grito de alerta.

    Paz. Mujita Paz.

    J. Morgado

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  7. Gastar o dinheiro que não é seu é fácil não precisa nem saber quanto e para quem simplesmente gastam, mas não generalisa tem ongs querendo fazer um trabalho sem depender de dinheiro público apenas passar informações para as pessoas quem nem imaginam o que acontece...paz.

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  8. Paz? O que significa isso? Silêncio? Ongs realmente sérias, que não usam dinheiro público, só podem apoiar a denúncia da Virginia Pezzolo e os protestos de todos nós. Paz coisa nenhuma. É guerra sim! Guerra contra o roubo do nosso dinheiro!
    Milton Saldanha

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  9. hello, dear, un abrazo sincero, y aunque tengo que traducir tus entradas, em agrada leerte, besitos muackk

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  10. Boa noite!
    Infelizmente, nosso país é um país da vergonha onde sempre se arruma um jeito para a corrupção. Não é à-toa que se diz que o Brasil é o país do jeitinho. Este jeitinho tanto pode ser o jeitinho que o brasileiro luta para sobreviver, como também é jeitinho que o brasileiro dá para burlar as leis e roubar.

    Nós que atuamos no Terceiro Setor - acredito que a maioria das entidades – e somos honestos, precisamos passar por uma burocracia imensa para regularizar a entidade e assim, ficar na esperança que possa receber uma contribuição financeira do governo, já que na verdade, somos seus auxiliares no que tange a diversas áreas sociais, culturais, etc. No entanto, mesmo dentro das normas, das regulamentações que é pedido pelo Estado, ficamos com o pires vazio na mão.

    Agora começamos a ver a mídia vindo trazer a tona – aliás aquilo que nós todos que atuamos no Terceiro Setor sabemos – as falcatruas que existem, onde ongs são criadas, não percorrem o tempo, nem a burocracia necessária e nelas são depositadas inúmeras quantias em dinheiro para a corrupção. Infelizmente, esta realidade da corrupção existe e já passei por esta experiência a qual quero relatar.

    Sou filiado a um partido – estou desfiliando deste partido e não vou filiar a mais nenhum – e já fui candidato a vereador em 2002. Certo dia, recebi uma ligação de um dirigente do partido me fazendo uma proposta, sem saber que eu era diretor de uma entidade. Na verdade me fez duas propostas, uma para que eu assumisse a presidência do diretório municipal do partido em minha cidade, outra que saísse como candidato a vereador novamente e, para que tivesse a eleição garantida me pediu que fundasse uma ONG para ajudar os pobres. Em sua conversa me disse que tinha muitos amigos no governo, e assim poderia repassar verbas com facilidade. Disse ainda que no governo não falta dinheiro para as entidades o problema é que, se não tiver alguém infiltrado lá dentro não consegue nada. Adiantou também que devido as leis atualmente, sair recursos para pessoas físicas não é possível, no entanto, para ongs a coisa é o mais simples possível. Como não concordei, ele não voltou a entrar mais em contato.

    Narrei isto para dizer que esta é a realidade das ongs. O que ocorreu comigo, ocorre com várias entidades e muitas delas cedem a estes bandidos por dois motivos. Um, talvez porque estão em busca de interesses pessoais, outro porque é a forma que conseguem para poder tocar adiante suas ongs, porém, com um detalhe, acabam vendendo a alma para o diabo vivendo presos à estes políticos e no final se corrompem também.

    Finalizando, esta é a triste realidade. Enquanto 90 por cento das ongs que são honestas e sérias vivem sob fiscalização, sob a interminável burocracia apenas alimentando a ilusão de receber algum tipo de recursos governamentais, outras vivem mamando no governo e servindo-se de laranja para a corrupção.

    Abraços,

    Ataíde Lemos

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  11. Ôi Virgínia, oportuno seu texto!

    Com raríssimas excessões as ONGs são criadas para desvio de dinheiro público, para "pagar" favores aos amigos e patrocinadores de campanha e até para preparar o "caixa 2" da próxima campanha. As investigações, seja pelos parlamentos ou pelo judiciário sempre resultam em "absolutamente nada". Quando o roubo é muito grande acabam as verbas para aquela ONG e ninguém devolve o produto do roubo e nem vai para a cadeia, simplesmente se cria outra ONG e continua a roubalheira. Uma vergonha!

    Beijos,

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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  12. Boa noite, Virgínia Pezzolo...

    Séculos atrás, o Marquês de Pombal teve que expulsar os jesuítas de Portugal, onde mandavam mais que o Rei. Tenho a impressão que um dia o Brasil terá que expulsar as ONG's.

    Bjusssss,

    Cindy (São Caetano) - Metodista - SBC.

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  13. Prezada jornalista Virgínia Pezzolo, desde que foram regulamentadas, a maioria das ONG’s são fachadas para desvio de dinheiro público e privado para o financiamento de caixa 2 de partidos políticos. Todas deveriam publicar balanço auditado por empresa de auditoria idônea. Oitenta por cento delas deixariam de existir no primeiro balanço. Meus cumprimentos pelo texto-alerta!

    Miguel Falamansa - Botucatu - SP.

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  14. Ôi Virgínia.

    Existem certos “movimentos sociais” que vivem disso hoje em dia. Exemplo: o MST. Eles tem “n” ONGs com a exclusiva finalidade de celebrar convênios milionários com o INCRA. Utilizam-se da seguinte sistemática: celebram um convênio e recebem uma bolada de dinheiro público. Não prestam contas ou as prestam com irregularidades. Em consequência, o Governo coloca, ainda que com um certo atraso, a entidade como inadimplente no SIAFI, o que a impede de receber recursos públicos.

    O que eles fazem? Criam outra ONG, com outros dirigentes (eles têm muitas pessoas dispostas a isso), e celebram outro convênio. E recebem outra bolada de dinheiro público. E não prestam contas ou as prestam defeituosamente. Enfim, é isso. Ou tem sido isso, nos últimos anos…

    Triste. Muito triste.

    Beijos,

    Andressa - Cásper Líbero - SP.

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  15. Olha, Virgínia Pezzolo, infelizmente num país com carga tributária próxima dos 40%, onde o povo associa a palavra “empresário” mais com “ladrão” do que com “empreendedor”, o sonho de toda uma geração é viver as custas do estado, como funcionário público ou como “onguista”. E nesta história toda, as raríssimas ongs sérias que existem sem depender do dinheiro público, pagam o pato.

    Meus cumprimentos pelo texto, Virgínia!

    Daniela - Rio de Janeiro

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  16. Prezada Virgínia Pezzolo:
    A proliferação desta malta de ONGS, sem fiscalização de gastos ou da ”ação cidadã”, revela a incompetência dos órgãos do Estado para cumprir o seu papel. E quem promove esta aparelhamento, claro, é o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro beneficiário destas células prototerroristas (ambiental, social, MST, Sem-Teto etc). O PT está ”minando” a sociedade com a força do ‘’seu” cofre. O que me deixa indignado é a inação do Ministério Público Federal. Estes procuradores estão com todas as evidências diante de seus olhos, MAS NÃO FAZEM ABSOLUTAMENTE NADA… Aliás, esta relação ”promíscua” entre ONGs e MPF, principalmente na área do ambientalismo, deveria ser motivo de CPI. Falam tanto do Parlamento, da roubalheira etc, mas a leniência, a desídia e a preguiça caracterizam muito bem a ação do Ministério Público Federal neste tempos em que Lula flana como Imperador.

    Abraços,

    Jaime Castro Pena - Porto Alegre/RS

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  17. Bom dia, Virgínia!

    ONG é, por sua própria definição, “Não Governamental”. Deveria ser proibido abrir uma ONG e utilizar-se de recursos do Estado.

    Nem se deve questionar se a ONG é eficiente ou não. Os recursos não devem ser do Estado e pronto.

    Bjos,

    Mônica Rangel - Curitiba/PR

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