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*Oswaldo Lavrado é jornalista/radialista radicado no Grande ABC
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Como nos Estados Unidos tudo é diferente, “bullying” virou tema de estudo, matéria de psicólogos e sociólogos que tentam explicar como esses “bad-boys” podem levar os mais fracos a atos extremos de violência como matar colegas e professores naquelas chacinas escolares bem ao gosto dos americanos e que a gente assistia pensando que nunca chegaria aqui. Como sempre o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil, o “bullying” chegou às nossas escolas, provocando revolta dos humilhados que recorrem à rede da internet para fazerem suas ameaças veladas de revolta e vingança. Recentemente um garoto de treze anos foi atacado, encharcado de gasolina e virou uma pira humana. As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
Quando a brincadeira chega a esse ponto de assustar pais e alunos, deixa de ser brincadeira e passa a ser delito, tentativa de assassinato, coação ou qualquer outro nome do vasto repertório jurídico nacional. E, como tal, deve ser combatido com forças para que não finque raízes em nossas escolas nem termine por levar a vítimas fatais. Triste País este, que fez de nossa Educação um arremedo de fonte do saber. Impor limites e fortalecer laços de amor e solidariedade são imprescindíveis na difícil missão de criar filhos e com eles os valores necessários e tão escassos neste milênio. É inadiável a reconstrução da família, sob pena de derrocada total.
O FIM DE UMA GERAÇÃO
A continuar assim, dentro de alguns anos faltará uma geração no Brasil, uma geração que se perdeu na droga, no crime e na repressão policial. Diariamente os jornais e televisões nos mostram centenas de adolescentes mortos pela periferia das cidades brasileiras, meninos que oscilam entre 13 e 16 anos e que encontram a morte em briga de quadrilhas, ajustes de contas ou em enfrentamento com as forças policiais. Essa geração que poderia e deveria ser o futuro brasileiro é um imenso cemitério de cruzes brancas marcando o nosso desprezo por toda uma juventude. Esses meninos morrem porque temos uma perversa distribuição de renda, bolsões de pobreza, mas e principalmente porque não lhe acenamos com outras oportunidades que não o crime e a droga. Eles não encontram nos bairros onde moram educação e motivação para frequentar escolas e assim são atraídos pelo crime, mais lucrativo, mais urgente e mais glamoroso.
Crônicas e artigos especiais de renomados jornalistas, alguns "Prêmio Esso de Jornalismo", sob o comando do jornalista, escritor e radialista Edward de Souza.