terça-feira, 21 de maio de 2013


 MORRE O JORNALISTA 

JULIANO MORGADO



O amigo Juliano Morgado (foto a esquerda), jornalista, policial, pescador, faleceu na última terça-feira, dia 13 de maio. Com sérias complicações renais, provocadas pela diabetes, Morgado foi internado e depois de alguns dias não resistiu.  Os corações de seus filhos, netos e de sua esposa, a bondosa e simpática D. Maria não estão desolados, vazios... Eles aprenderam o respeito, o amor, a honestidade e a dignidade desse grande Homem. Estarão sempre prontos para multiplicar seus ensinamentos, tenho essa certeza, principalmente sobre a filosofia espírita que ele acreditava e escrevia sempre as sextas-feiras nesse blog e colocá-los em crescente processo de construção a serviço do povo mais humilde. Essa foi a sua maior missão na terra, porque seu coração nasceu grande, procurando ajudar os mais necessitados e pregando a caridade. Apaixonado pelo jornalismo, seu pseudônimo, Garcelan, tornou-se conhecido ao escrever suas crônicas no Jornal Diário do Grande ABC, sobre turismo e pescarias que realizou por esse mundo afora. Na semana passada, seu coração parou de bater, deixando em nossos corações, amigos que aprendemos a admirá-lo e respeitá-lo, uma enorme lacuna.
Da esquerda para a direita: Dona Maria - J.Morgado e filha

Juliano e D. Maria estiveram em minha casa faz uns dois anos, pouco mais, talvez. Insistiu para que eu o visitasse em Mongaguá. Prometi que faria isso e não cumpri. Problemas outros de saúde, minha e envolvendo familiares acabaram me impedindo de gozar mais algumas horas ao lado desse amigo tão estimado.
Todos os anos, assim que amanhecia o dia 17 de maio o telefone tocava em minha casa e do outro lado a voz querida desse amigo cumprimentando-me pelo aniversário. E não ficava por aí, enviava e-mails maravilhosos parabenizando-me pela data. Este ano não recebi seus e-mails e nenhum telefonema. Percebi que alguma coisa séria havia acontecido e telefonei para sua casa. D. Maria atendeu. Com a voz embargada pelo choro que custava a conter, transmitiu-me a triste notícia da partida de seu companheiro de mais de 50 anos. Explicou-me que tentou falar comigo por telefone mas não me localizou. Conseguiu falar com o amigo Waldir Paludeto que, minutos depois, também me passava essa triste informação. Fiquei mais triste quando soube, ainda pela D. Maria que, a grande paixão de Juliano era que eu continuasse esse blog. Nesse espaço ele fez muitos amigos e amigas e adorava escrever suas crônicas que eu editava e publicava com carinho. Uma semana antes, sem saber que J. Morgado estava com sérios problemas de saúde, eu havia resolvido reabrir esse blog, publicando o texto abaixo, no Dia das Mães. Enviei e-mails a ele que, claro, não os respondeu. Desencarnou, expressão que ele certamente aprovaria, sem saber que o blog estava a espera de seus textos.

Comparei, certa feita, nossa vida a um intrincado labirinto, em que caminhamos por entre o emaranhado de inúmeras passagens, à procura de uma saída. Atrás de nós, segue a morte, nos procurando para nos levar. Viramos para um lado, imbricamos por outro, fazemos zigue-zagues para cá, para lá, até que, em determinado momento, que não temos a mínima condição de saber quando será, cruzamos com nosso implacável carrasco. E então... Adeus aos sonhos e ilusões! O que foi feito, muito que bem. O que não, jamais será realizado por nós. É preciso ter sempre em mente (e, por mais óbvio que seja, relutamos em admitir) o tempo é o nosso mais precioso capital, que não podemos desperdiçar. Uma esteira rolante, diante da qual estamos, num determinado ponto da sua passagem. A parte que já passou por nós de forma alguma vai voltar. O que está à frente, o futuro, a cada piscar de olhos ou bater de asas de um beija-flor se transforma em passado. E o que passa velozmente diante de nós, com tamanha rapidez que sequer o percebemos, é o presente, fugaz, invisível e volátil. E isto enquanto pudermos permanecer diante da esteira porque, num determinado prazo, que não temos a mínima possibilidade de conhecer qual é, teremos de sair definitivamente dali.

*Abaixo, o companheiro jornalista, Édison Motta, escreve sua crônica falando um pouco mais desse amigo tão querido, que está em um plano bem melhor que o nosso, certamente.

FESTA NO CÉU

*Édison Motta

Édison Motta e Juliano Morgado

Os céus, ou aquilo que nós, frágeis passageiros humanos costumamos denominar de infinito cósmico, certamente estão em festa. Porque lá adentrou, na semana passada, um ser iluminado, dono de uma alma privilegiada.
A passagem do grande amigo e mestre Juliano Morgado (é assim que conhecemos o querido Garcelan) para a eternidade provoca, naqueles que o admiravam – como é o meu caso – um duplo sentimento. A satisfação da paz, muita paz que Morgado deve estar sentindo, e que serve de profícuo exemplo para nós que aqui ficamos. Mas recai-nos também a tristeza de não poder mais compartilhar de seu convívio, ao menos no trecho de estrada que ainda haveremos de percorrer.
Conheci o Morgado na redação do Diário do Grande ABC. Eram os anos 70, anos de chumbo. E o Morgado tinha, inclusive, dupla jornada. Dividia seu tempo entre os textos que preparava para serem editados na seção de turismo, no ainda incipiente jornal, e se dedicava ao trabalho na Policia Militar.

Maury Dotto - J. Morgado e Édison Motta

Com o passar do tempo fomos nos aproximando. Impossível não admirar o esforço daquele policial e jornalista que (soube depois) atravessava madrugadas teclando na máquina de escrever para poder entregar seus textos em tempo no Diário.
A amizade fluiu e se consolidou depois, quando decidimos empreender uma viagem pela Amazônia. Morgado, com seus conhecimentos sobre estradas e sobre os rincões desse país foi fundamental na preparação e em todos os detalhes que cercaram aquela aventura. Uma epopeia que se estendeu por trinta dias, em estradas de terra e asfalto, praticamente cruzando o Pais de Norte a Sul. Saídos da Rua Catequese, sede do jornal, atravessamos os Estados de São Paulo, Mato Grosso (ainda não existia o Mato Grosso do Sul), Rondônia e Amazonas. Praticamente inauguramos um trecho de mais de 700 km entre Rondônia e Manaus. De lá, descemos de navio até Belém e depois, descemos a Belem-Brasilia. Além de mim, também eram companheiros de Morgado naquela aventura o diretor do Diário, Maury Dotto e o amigo Zileval Bruscagin, também já falecido.
É no dia a dia, na divisão de simples tarefas cotidianas que se conhece melhor as pessoas. Morgado, sempre com seu refinado senso de humor e apurada observação, ia nos passando os conhecimentos adquiridos em tantas outras viagens que fez – sozinho, com sua mulher, Da. Maria ou com outros amigos – pelo País.
Tive o prazer e a honra de reencontrá-lo, bem depois, já aposentado em Mongaguá. Visitei-o algumas vezes. Agora ele se dedicava à pintura de belíssimos quadros, dos quais ganhei um que ocupa lugar de destaque no escritório de minha casa.
A imagem que vou guardar de meu prezado amigo tem as cores de seus quadros, acompanhadas das doces recordações de intensos momentos vividos. Na redação do Diário, na viagem e em nossos encontros posteriores.
Se alguém neste mundo pode servir de exemplo de retidão, caráter, generosidade e amizade, este alguém é Juliano Morgado. Mestre, amigo. Um exemplar farol a iluminar o caminho dos privilegiados que puderam compartilhar de sua companhia, amizade e aprender com ele.
Siga em paz, amigo Morgado. Muita paz...

domingo, 12 de maio de 2013

UM ANJO CHAMADO MÃE


Hoje o calendário reverencia a mais importante e preciosa presença de nossas vidas: a sublime figura da Mãe. Aquela cujos dias deveriam ser tão somente envoltos pelos abraços mais calorosos e os beijos mais ternos de seus filhos. Não apenas por ter lhes dado a vida, mas por fazer de sua vida o ancoradouro seguro onde eles possam sempre, seja em qualquer idade, jogar a âncora de suas agruras, receios, decepções... E no colo de sua Mãe , sentir o mesmo calor, a mesma segurança, o mesmo carinho, como nos tempos de criança. No mundo da extraordinária evolução da tecnologia digital, em que produtos e serviços incríveis desafiam a mais iluminada das mentes, como faz falta o colo de mãe. Aquele abrigo aconchegante, sempre disponível e acessível. Generoso em afeto, orientação, sabedoria, ensinamentos.
Confessionário, onde se pode contar tudo, sem segredo, sem restrição, sem medo. Fonte intermitente de luz e bênção de onde sempre conseguiremos uma orientação sábia, uma palavra amiga, o conforto do gesto, a indicação do caminho. Onde podemos olhar para cima sem nos sentir rebaixados e humildemente podemos pedir tudo, sem ficar devendo. O encanto do colo de mãe é que nele sempre seremos crianças. Frágeis, sensíveis, sinceras, como limitados seres humanos que somos.
Por que será que as mães são essas criaturas tão especiais? Talvez seja porque elas têm o dom da renúncia. Não importa cor ou credo... Rica ou pobre... Mãe é sempre mãe. Mãe é como uma flor... É carinho, cuidado, proteção, compreensão, doação, perdão... Mãe resume tudo o que é amor! Uma mãe consegue abrir mão de seus interesses para atender esse serzinho indefeso e carente que carrega nos braços. Mas as mães também têm outras características muito especiais. Um coração de mãe é compassivo. A mãe sempre encontra um jeito de socorrer seu filho, mesmo quando a vigilância do pai é intensa. Ela alivia o castigo, esconde as traquinagens, defende, protege, arruma uns trocos a mais. Sim, uma mãe sempre tem algum dinheiro guardado, mesmo convivendo com extrema necessidade, quando se trata de socorrer um filho. Mães são excelentes guarda-costas. Estão sempre alertas para defender seu filho do coleguinha "terrorista" que quer puxar seu cabelo ou obrigá-lo a emprestar seu brinquedo predileto. Quando a criança tem um pesadelo no meio da noite, e o medo apavora, é a mãe que corre para acudir. As mães são um pouco fadas, pois um abraço seu cura qualquer sofrimento, e seu beijo é um santo remédio contra a dor. Para os filhos, mesmo crescidos, a oração de mãe continua tendo o poder de remover qualquer dificuldade, resolver qualquer problema, afastar qualquer mal. No entender dos filhos, as mães têm ligação direta com Deus, pois tudo o que elas pedem, Deus atende. Se você tem mãe aqui, cuide bem dela. Se não tem, como eu, pense nela com amor, carinho e gratidão.
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*Edward de Souza é Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou nos jornais, Correio Metropolitano, Folha Metropolitana, Diário do Grande ABC e O Repórter, da Região do ABC Paulista. Em São Paulo, na Folha da Tarde, Gazeta Esportiva, Sucursal de "O Globo", Diário Popular e Notícias Populares, entre outros. Atuou nas Rádios: Difusora de Franca, Brasiliense de Ribeirão Preto, Rádio Emissora ABC, Diário do Grande ABC, Clube de Santo André, Excelsior, Jovem Pan, Record, Globo - CBN e TV Globo de São Paulo. Participou de diversas antologias de contos e ensaios.
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL SACANEIA OS POUPADORES

A Caixa Econômica Federal anunciou, no final de 2011, que todos os seus clientes poderiam apostar em jogos da loteria, inclusive na Mega da Virada, utilizando o Internet Banking CAIXA – IBC. Os poupadores, milhares com acesso ao Internet Banking e que depositaram bilhões de reais só no ano que terminou recentemente, foram barrados.
Com conta poupança na Caixa há alguns anos, senti-me discriminado e enviei um e-mail a Ouvidoria da Caixa Econômica. Como resposta recebi a informação que minha reclamação seria enviada ao SAC da Caixa, por ser essa a primeira manifestação sobre o assunto.
Incrível, não? Neste universo que engloba milhões de poupadores, apenas eu senti-me discriminado e reclamei... Nesta quinta-feira pela manhã recebi a resposta do SAC, que transcrevo na íntegra, leiam:
Prezado Senhor Edward de Souza:
Em atenção à reclamação apresentada junto ao nosso sistema de Ouvidoria, informamos que a CAIXA disponibiliza apostas na Mega Sena para correntistas de conta corrente por meio do Internet Banking CAIXA – IBC, e que representa a primeira fase da implantação de apostas das Loterias Federais pela internet, que está permitindo o acompanhamento de todo o processo visando elaborar melhorias antes de ser expandido.
Está em desenvolvimento uma segunda versão a ser implantada ainda neste ano, quando deverão ser incluídas apostas para todas as loterias de prognósticos e outras funcionalidades, ampliando também o universo de apostadores.
Quanto à disponibilização das apostas pelo IBC para clientes de conta poupança, informamos que não é possível tendo em vista a natureza da conta, que se trata de poupança e não pode ser utilizada como uma conta corrente, por orientação do Banco Central do Brasil. Agradecemos seu contato e seu interesse pelas
Loterias CAIXA.Atenciosamente,Gerência Nacional de Apoio a Produtos Lotéricos - GEALO - Caixa Econômica Federal..

Inconformado, rebati essa resposta. Confiram o que enviei à Caixa Econômica Federal:- Grato pelas explicações, não convincentes, claro! Afinal, quem na realidade movimenta todo o setor financeiro da Caixa Econômica e do Banco do Brasil? São os correntistas, que abusam do cheque especial e cartão de crédito? Ou são os poupadores que aplicaram, só neste ano que terminou recentemente, bilhões de reais? Qual o motivo então dos poupadores terem acesso ao Internet Banking e terem seus cartões para pagar suas contas? Um detalhe: contas pagas com dinheiro em caixa, sem empréstimos e sem uso de cartões de crédito. Isso, senhores, é discriminação sim. Como jornalista, farei de tudo para divulgar para todo o País, essa atitude mesquinha da Caixa, que se intitula "Banco do Povo", mas na realidade, é "Banco dos Poderosos". Farei o meu papel, a começar pelo blog que conduzo, com mais de mil visitas diárias. E usarei a rede social e a ajuda de muitos amigos jornalistas e radialistas que comigo militaram muitos anos na grande imprensa e ainda estão em atividade, para mostrar que os senhores discriminam os usuários menos poderosos, esses que até hoje os mantém em pé.
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Minutos depois recebi nova resposta, mostrando que a Caixa Econômica Federal adora o jogo de "empurra-empurra". Devolveram minha resposta acima para a Ouvidoria, e pediram prazo de cinco dias para a resposta, conforme podem acompanhar abaixo:."Prezado(a) Senhor (a)Recebemos sua manifestação feita através do site da CAIXA. Por tratar-se da sua primeira demanda sobre o assunto, ela foi registrada no SAC CAIXA. Esclarecemos que a Ouvidoria é responsável pelo atendimento às reclamações que não foram solucionadas de forma adequada no SAC e coloca-se à disposição pelo 0800 725 7474, que funciona de 8h às 18h, horário de Brasília, em dias úteis. Aguarde retorno da área responsável. Por favor não responder esta mensagem. Número da ocorrência: 2035631. Prazo de dias úteis para atendimento da ocorrência: 5
E vou esperar, deitado... Sentado, posso me cansar. Não que eu morra de amores pela Mega Sena, cuja credibilidade nas apurações é constantemente colocada em xeque, muito menos por outros jogos da Caixa. No entanto, são os poupadores que guardam seu dinheirinho nessa instituição bancária, recebendo menos de 0,6 por cento ao mês, enquanto a Caixa empresta esse dinheiro a mais de 10 por cento ao mês, que transformaram o banco num dos maiores do País. Devem ter se esquecido disso, ao discriminar os poupadores. Uma coisa tenho eu a certeza. Nenhuma solução para o caso será apresentada e não acredito que os gênios que comandam a Caixa irão entrar nesta briga. Virá mais "oba-oba" e o caso será encerrado. Esse o País em que vivemos. Mas vou continuar cutucando, gosto de lutar pelos meus direitos e compro com prazer essa briga de lambarí contra tubarão.

OUTRAS FALCATRUAS

Desde quando Lula assumiu a Presidência da República e também agora com Dilma Rousseff, várias rodovias foram privatizadas, com isso, aumentando os produtos dependentes do transporte rodoviário. A Constituição Federal prevê no seu artigo XV: "é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens." A cobrança do IPVA não é aplicada aonde deveria, os cofres públicos estão abarrotados de dinheiro e o povo cada vez mais sendo lesado com vários tributos. As ruas da cidade, rodovias estaduais e federais já causaram milhares de acidentes tirando a vida de trabalhadores e de famílias inteiras devido à sua péssima conservação. O proprietário além de pagar pelo automóvel continua pagando uma "prestação" por fora com esse imposto, e o governo nada bobo, arrecada duas vezes. É só fazer as contas: só no Rio de Janeiro 63% da frota está como imposto atrasado, por causa da ganância, cobrando 4% de alíquota, enquanto que em outros Estados a alíquota é de apenas 1%.
Ou o governo extingue as praças de pedágio ou extingue o IPVA, o que é mais fácil, porque já demonstrou ser incompetente para administrar as rodovias, além de ser desonesto e cobrar duas vezes pela mesma coisa. Pagamos imposto na hora da compra do veículo, em torno de 42%; pagamos imposto do combustível e lubrificantes; pagamos imposto na hora de fazer a manutenção; pagamos Imposto de Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). E ainda querem privatizar mais estradas? Chega de cobrança... Tudo é cobrado pelo governo e continuamos a mercê desses dirigentes que faz muito pouco, ou nada, com o que é arrecadado. Lembram-se da CPMF?
Vamos unir forças para acabar com essa ditadura disfarçada de democracia, onde o cidadão brasileiro só tem o direito de pagar. É muito mais justo pagar pelo pedágio quando for usar a rodovia, do que pagar este imposto onde não se vê melhoria nenhuma. Precisamos fazer uma corrente para chegar ao Congresso nacional solicitando a extinção da cobrança do IPVA. Vamos nos unir como fazem outros países que, com o poder do povo, conquistou sua soberania e seu direito de
cidadão.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Ao cabo de 2011, sem exceções, perguntamo-nos como serão nossas vidas nos 366 dias de 2012, um ano de dia bissexto, que nos permitirá um mês de fevereiro com 29 dias. Muitos crêem que esse fato - que ocorre de quatro em quatro anos - traga consigo fortuna adversa ou energias negativas, tanto que antigas civilizações entendiam que o mundo acabaria em um período com tais características.
Previsões à parte, o que mais importa são os aspectos que dizem respeito à confiança inata ao ser humano em conseguir o que deseja: a esperança. A esperança de que nossos governantes e políticos passem a acertar mais do que errar; de que se reduzam as vidas arrebatadas no trânsito a cada final de semana; de que se minimize a fome dos que ingerem sopa de água de rio com pedaços de folhas de jornal; de que se reduzam os textos veiculados na mídia a respeito das rotineiras tragédias que assolam o planeta; de que se multipliquem as ações públicas que devem dar guarida às combalidas comunidades indígenas; de que tenhamos, continuadamente, a manifestação da expressão "por qué no te callas" perpetrada a todos os arrogantes; de que definitivamente se invista em educação, permitindo, então, o fortalecimento dos programas de prevenção às drogas; de que se reduza o número cada vez maior de refugiados devido a guerras, tensões étnicas e terrorismo; de que a solidariedade não ocorra, simplesmente, nas festas natalinas, e que se estabeleça em cada ser humano a ampliação de seu espírito de caridade, latente muitas das vezes na imensa maioria.
Nesse viés, como complemento da encíclica "É na Esperança que Fomos Salvos" - e disposto a sensibilizar os líderes políticos de todo o mundo - , o papa Bento XVI apelou para que os mesmos se municiem de "sabedoria, coragem e força, para buscar e encontrar soluções humanas justas e estáveis", observando nas entrelinhas que a esperança equivale à fé, sinônimo de adesão e anuência pessoal a Deus.

Que nesse ano de dia bissexto tenhamos, por via de consequência, a condição de registrar positivamente a execução deste imenso rol de virtuais promessas e de contundentes apelos.
Escolha uma estrela. Uma qualquer entre tantas, e se deixe guiar. Viaje numa aventura. Navegue ao fluir do pensamento. Ao transpor o portal de mais um ano, sinta todo o encanto da vida. Ela se irradia com a luz, esperança no florescer de um tempo de fraternidade e justiça.



Feliz Ano Novo e que 2012 seja de grandes realizações.

sexta-feira, 10 de junho de 2011


Nas três últimas décadas, o conceito de liberdade sexual entre os jovens se tornou para muitos, principalmente para os conservadores, uma aberração para lá de imoral. Roupas ousadas, crianças fazendo amor ao primeiro contato com o sexo oposto, gravidez indesejadas. Liberdade de ir e vir com o consentimento dos pais. Começo de namoro que hoje chamam de “ficar”, e lá vai à menina ou o menino dormir na casa dos genitores de um deles. Tudo com beneplácito de uma sociedade cada vez mais corrompida com os valores morais que sustentam a base dessa mesma sociedade que se chama FAMÍLIA. Haveria muito mais o que falar, mas vou atentar para uma frase escrita há muitos anos por um “idealista”, que ao final deste artigo citarei o nome. “Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual”.

A imprensa e os demais órgãos de comunicação, de uma maneira geral, estão corrompidos com a verdade. Muitos deles (a maioria) visando apenas o lucro, não se importando com o que publicam ou falam. Dia deste, assistindo o noticiário de um canal de televisão, pude notar que dentro de uma ocorrência policial, quando criminosos dinamitaram os caixas eletrônicos de um banco, o repórter não mencionou o nome do banco. Provavelmente proibido de fazê-lo pela direção da emissora. Afinal, seria merchandising! O interesse público não tem importância desde que consuma ou compre o objeto de desejo. O banco, como sempre, não informou a quantia surrupiada. Acredito que não é por boas intenções.

Divulgam moda e modismos totalmente em desacordo com a moral e bons costumes. Lembram-se das tais pulseirinhas? (foto). Dos sutiãs para garotinhas de 4, 5 anos ou mais... Sapatos de salto alto, maquilagem... E se não bastasse isso, programas onde o sexo é a atração maior.

- Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa. Outra frase de autoria do mesmo autor da primeira acima citada: “Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais”. Este é o terceiro item do decálogo. Sim decálogo! Afinal, ai está a agir os movimentos rurais a revelia da lei e da ordem. Sindicatos corrompidos (veja noticiários de jornais), bolsa família, ensino deturpado. Afinal pode-se falar agora que “Os livro...” Quem ousar discordar das orientações dos órgãos de educação do governo poderá ser enquadrado como discriminador linguístico.

Os políticos brasileiros estão completamente desacreditados. E parecem que fazem questão de não mudar isso. Alguns, indiciados em processos, são indicados para ocuparem postos de relevância. É só acompanhar os noticiários e todos poderão testemunhar. A imprensa não se aprofunda nessas questões. Mais um item do idealista de 1913: “Destrua a confiança de seu povo em seus líderes”.
A palavra “democracia” tem sido usada por todos os aventureiros que se dedicam a política. Afinal, quem acredita atualmente em Senado ou Câmara de Deputados?
“Fale sempre em democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo chegue à oportunidade, assuma o poder sem nenhum escrúpulo”. Este item completa o outro imediatamente acima. Aí está os escândalos (corrupção), a justiça lenta... A impunidade!


Desde há muito se vê construções faraônicas para servir os muitos departamentos nos três poderes da república. Um esbanjamento de dinheiro que não se justifica. E o pior de tudo é o desvio das verbas destinadas a essas construções. Lembram-se do “Juiz Lalau” (charge a direita), entre outros? Muitas outras obras são abandonadas por não ser do agrado dos sucessores do poder e ainda pela falência das construtoras. Se não bastasse isso, há ainda as verbas destinadas a uma série de ONGs que nada fazem em prol do bem estar dos brasileiros. Que tal a Sociedade “dos Amigos de Plutão” (SAP)? Essa é apenas uma das inúmeras que existem por aí.


Este parágrafo se integra ao sexto item do decálogo: “Colabore para o esbanjamento do dinheiro público”. Greves ilegais, não coibidas pelo governo. Greves que se estendem por meses. Principalmente em órgãos do governo – professores, bancários... Sabidamente dominados por partidos de ultra-esquerda.
“Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País”. Mais um item da famosa cartilha do “Pai do comunismo”, o de número sete. São vários os distúrbios que acontecem no país sob o olhar complacente dos governos, sejam eles federais, estaduais ou municipais. Ruas são tomadas por passeatas de protesto ou divulgação de idéias ou movimentos. Não importa o sagrado direito de ir e vir do povo. Geralmente essas passeatas, que para mim não passam de distúrbios, acontecem em vias importantes e com acesso a hospitais, escolas... “Promova distúrbios e contribua para que as autoridades não as coíbam”. Onde o papel da imprensa? Item oito: “Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes”.


Não vou comentar esse item de número nove. Os meios de comunicação do país e do mundo, falam por mim: “Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que eles sejam confiscados no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa”. Estamos às vésperas de mais uma campanha de desarmamento. As armas e drogas chegam de países vizinhos e abastecem o banditismo do tráfico de drogas e armas. Todo mundo sabe disso! Em vez de o governo aumentar as verbas para que os órgãos de segurança pública interna e externa (caso das Forças Armadas), ele as diminui. Qual será o objetivo disso tudo?

Com esse item de número dez, encerramos os comentários sobre o famoso “Decálogo de Lênin (foto a esquerda), que como disse acima foi cognominado “Pai do Comunismo”. Segundo a história, foi escrito em 1913. Vladimir Ilvich Ulvanov foi um importante revolucionário russo. Líder da Revolução Russa em 1917. Sua biografia e feitos estão catalogados na Wikipédia, a enciclopédia livre na internet. Será que estou errado? Tomara!
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui:
jgarcelan@uol.com.br
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sábado, 23 de abril de 2011

Semana santa. Vamos relembrar a última ceia de Cristo e sua caminhada para o sacrifício. O martírio destinado a salvar a humanidade, mostrando-lhe a luz da verdade, da fé, da vida eterna. E orar, pedir a Deus paz na terra, mais amor, menos ódio. Deus é infinito, o horizonte permanente da vida. Concedeu aos seres que habitam o planeta liberdade total que pode ser usada e abusada. Ofereceu razão, livre arbítrio e consciência do conhecimento do bem e do mal. Que a comemoração Pascal esteja em cada um de nós e seja um rito de passagem para um tempo novo, revigorado, renovando a Vida e a Fé, preparando-nos para um renascer interior, de crença numa humanidade melhor e verdadeiramente fraterna. Que possamos reconhecer a magia e a beleza da Páscoa, de estarmos vivos a cada dia. Que a persistência nos acompanhe, a perseverança seja nossa aliada, a fé nos anime, o riso seja farto e abundantes sejam as graças divinas que haveremos de alcançar. Que possamos (e queiramos) eliminar o desânimo e colocar no lugar dele a alegria. Que estejamos determinados à conquista do que engrandece o espírito e lota nossos dias de contentamento. Que a confiança na vida se refaça a todo instante e que realmente acreditemos no nosso destino de felicidade, pois ele é viável! Que o sacrifício de Jesus não tenha sido em vão e que possamos iniciar um tempo novo de construção na nossa única morada, a terra que habitamos.


Feliz Páscoa!



sábado, 2 de abril de 2011

SEXTA-FEIRA, 01 DE ABRIL DE 2011

A palavra concupiscência foi largamente usada no passado por várias religiões para alertar os crentes sobre os males que dela provêm. Acredito que neste século XXI, são poucas as pessoas que sabem o que significa essa palavra do gênero masculino feminino que quer dizer: 1º - Desejo intenso de bens ou gozos materiais; 2º - Apetite sexual. Uma definição do Aurélio e outros dicionários.

Que a humanidade é hiper-materialista e que o sexo desvairado é uma realidade não há dúvidas, pelo menos no meu entendimento. Ao lermos os jornais ou ver pela televisão, nos deparamos com inúmeros noticiários todos os dias onde a violência impera. Estupros, pedofilia, roubos, furtos e homicídios em suas mais diversas formas. E se isso não bastasse há os rumorosos casos de corrupção e desmandos cometidos em toda a parte do mundo. Doutrinas ideológicas e religiosas tentam se impor perante a população, aparentemente visando o bem-estar da humanidade. Sabemos que é mentira. Falácias que visam apenas à ansiedade pelo poder e consequente riqueza material.

Se as populações de todos os países e, em particular o nosso, procurassem se educar na história verificaria que os erros e vícios do passado poderiam ser repensados e consequentemente vencidos. Incongruências mil são apresentadas sem que a humanidade se aperceba. Ditadores são endeusados com bustos ou nome de vias públicas. Outros, que causaram guerras ou se salientaram de alguma forma diante da sociedade, não importando os meios utilizados, também são reverenciados. Isso acontece porque somos todos (ou quase) concupiscentes. Fechamos os ouvidos e a visão para a realidade. A tal de concupiscência fala mais alto. Nosso estágio moral evolutivo ainda é muito baixo em relação das atrocidades que se cometiam na Idade Média e na própria história contemporânea.

As guerras ai estão e, em consequência, os saques ou botins. Os estupros ou violência sexual sobre os vencidos. As populações travam uma guerra surda todos os dias com os criminosos urbanos e corruptos de toda a espécie e por que não dizer, com eles mesmos. Com eles mesmos quando nos referimos aos vícios materiais e morais. Transcrevemos do Evangelho de João o seguinte trecho: “Tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não vem do Pai, mas do mundo” (2,16-17).
Sim, do mundo! Os homens, que hipocritamente, veneram Deus e Jesus seu enviado, se fazem de desentendidos quanto aos seus ensinamentos sobre o bem viver e nadam em largas braçadas no mar da luxúria e materialismo exagerado. Ou seja, preferem a porta direita (dos gozos) em vez da porta esquerda (da evolução).

É de Mateus esse trecho: “Entrai pela porta estreita: porque larga é a porta espaçosa é a estrada que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta é e apertada à estrada que conduz à Vida e poucos são os que acertam com ela” (VII, 13,14.). A Doutrina Espírita nos alerta sobre o sofrimento. Sofre-se como encarnados e depois de desencarnados. A depuração do Espírito só virá com inúmeras reencarnações. É como a lapidação de um diamante. Ao final, depois de inúmeros golpes, nasce o brilhante lindo e formoso.


O sofrimento em vida é provocado por nós que insistimos em ignorar as leis do Universo. Desencarnados e totalmente cegos pela concupiscência com que insistimos vivenciar não conseguimos enxergar os males que cometemos. Daí, renascermos em outros corpos para a necessária depuração espiritual.


*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui: jgarcelan@uol.com.br

quarta-feira, 30 de março de 2011

NOMES DOS LEITORES SORTEADOS QUE IRÃO RECEBER UM EXEMPLAR DO LIVRO "O CONTO BRASILEIRO HOJE", LANÇADO ESTA SEMANA PELA RG EDITORES, DE SÃO PAULO. VANESSA, DE CAMPINAS; GABRIELA, DE SÃO PAULO; PADRE EUVIDEO, DE FRANCA, RENATA DINIZ, AMIGA ESCRITORA E BLOGUISTA DE DIVINÓPOLIS, MINAS GERAIS E BETINHA, AMIGA JORNALISTA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO. PEÇO A TODOS ESSES LEITORES AGRACIADOS COM EXEMPLARES DE "O CONTO BRASILEIRO HOJE", QUE FORNEÇAM O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL SEUS ENDEREÇOS, PARA QUE POSSAMOS ENVIAR SEUS EXEMPLARES, NESTE E-MAIL: EDWARDSOUZA@TERRA.COM.BR

FORTE ABRAÇO!

EDWARD DE SOUZA

A 16ª edição do livro "O Conto Brasileiro Hoje" foi lançada esta semana para todo o País. Como sempre, participo, desta feita com o conto "Laços Eternos", ocupando sete páginas. Começa na 31 e termina na página 37. Um conto com fortes emoções, cuja história de amor começa em Franca e termina de uma maneira triste e surpreendente nos Estados Unidos... "O Conto Brasileiro Hoje" é uma produção da RG Editores de São Paulo. Neste livro, mais uma vez a participação de consagrados escritores de Norte a Sul, Leste e Oeste do País. A jornalista e escritora Lara Fidelis destaca que nesta edição o leitor vai encontrar histórias admiráveis e bem contadas. Há espaço para o amor, o suspense, a crítica social, as memórias, o surreal, enfim, para estilos variados que têm em comum apenas a forma poética e a desenvoltura com as palavras. O sucesso de público e crítica é tão grande, que o próximo volume já está sendo elaborado, com a reunião de novos e saborosos contos, garante Lara Fidelis.

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No próximo domingo a sequência da série "O dia em que Gravei o Jornal Nacional", com a apresentação do quinto capítulo. Nesta sexta-feira o especial quinzenal de J. Morgado, cuja crônica tem este título: "Somos Todos Concupiscentes."

.Vamos sortear cinco exemplares desta 16ª edição entre os leitores que deixarem um alô neste espaço. Nesta quinta-feira, no final da tarde, publico os ganhadores, que receberão os livros em suas casas, sem despesas postais. .

Para ver lePara ler os nomes dos escritores, cliquem sobre o livro para ampliá-lo.

Edward de Souza _______________________________________

domingo, 27 de março de 2011



A passagem pelo Brasil, outro dia, do presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama - que detém o comando do maior e mais poderoso país do Planeta - mobilizou forte esquema de segurança, autoridades nacionais e a mídia mundial. Quando subia a rampa do Palácio do Planalto, aos acordes do Hino Nacional e o tremular da nossa Bandeira, mesmo que alheio ao momento, pois tinha sua atenção voltada para a Líbia, Obama, simpático e sorridente, enchia de orgulho o bem intencionado povo brasileiro. Tratava-se de uma viagem de cortesia, antes da ida de Dilma aos EUA, em junho, um sinal de deferência dos norte-americanos em relação ao Brasil, entendem nossos diplomatas.


Ao tremular do enorme pavilhão, no ponto mais alto do mastro, recordei que ali estive, em 1986, com o amigo-irmão Edward de Souza. No imenso e vasto gramado onde está fincado o enorme mastro que sustenta a bandeira, ficamos nós dois, por vários minutos, vislumbrando, extasiados, a grandiosidade do pujante pavilhão, que representa a identidade do País. Tremulando lá no alto, imponente, parecia abraçar o Brasil. Um espetáculo silencioso, porém gratificante. Depois de encantados com o panorama, que parecia desenhado exclusivamente para nós, já que não havia viva alma ao redor (fato raro ao local), atravessamos o gramado e nos dirigimos à rampa que leva à porta principal do suntuoso Palácio do Planalto. .Havia ali alguns cadetes que cuidavam da segurança e zelo da passarela que conduzia à entrada do palácio. Nenhum deles (cadetes) nos dirigiu sequer um olhar direto ou uma palavra e, imóveis como estátuas, apenas nos seguiam com os olhos. Fardamento impecavelmente azul e branco, os quatro rapazes ali postados não portavam instrumentos, então não haveria, como não houve, banda de música para entoar o hino pátrio para nossa chegada. .


Pior, no topo da rampa, também não estava o presidente da República, então o festeiro José Sarney, devidamente paramentado para nos receber com a faixa presidencial. Ficamos decepcionados com a falta do hino e a ausência do inquilino do Palácio. De qualquer forma a frustração não foi grande, pois o presidente de plantão não representava, no cargo, diretamente o desejo do povo brasileiro, pois Sarney ocupava a trono em virtude do titular, Tancredo Neves, virtual e legítimo dono da faixa verde, amarela, azul e branca e eleito pela nação ter morrido às vésperas da posse.

Deixamos a convidativa rampa e passamos ao largo do Palácio dos Três Poderes (foto a direita), que, imponente, indicava que dali emanava todas as Leis que regem a vida tupiniquim, seja de tubarão, lambaris ou bagres. Sempre a pé, seguimos em frente. Percorremos a Esplanada dos Ministérios, uma fila indiana de prédios com a mesma altura, comprimento e largura, sugerindo pedras sobre tabuleiro e recebendo gente oriunda de todos os rincões do Brasil e de fora. Não entramos, apenas conferimos a grandiosidade da Esplanada e aquele povo, engravatado, a caminho não se sabe exatamente de onde e pra quê. Também, não interessava.

Escurecia e resolvemos caminhar até a Basílica de Brasília que, pela maravilhosa estrutura, é um dos principais marcos da capital brasileira. Não entramos, até porque no seu interior só havia homens engravatados e madames trajadas a rigor. Nossa vestimenta, minha e do Edward (foto a esquerda), era composta por surradas calças jeans, camisas de magas curtas e que não pegaria bem para dois simples jornalistas se infiltrar entre a elite brasiliense em solenidade que, pelo visual, reunia a nata da cidade. Percorridos os principais logradouros, até porque Brasília não esbanja locais para serem visitados por forasteiros, não restou alternativa a não ser apanhar nossos apetrechos no hotel, ir para a rodoviária e, de ônibus, rumar para Anápolis, onde no dia seguinte, um domingo, fomos transmitir um jogo entre Anapolina e Santo André pela Segunda Divisão do Brasileirão.

A subida da rampa por Barack Obama, a execução do Hino Nacional e a gloriosa Bandeira tremulando ao sabor do vento nos reconduziu a essa viagem, realizada há exatos 25 anos. De Brasília, Obama determinou a ação das tropas aliadas sobre a Líbia, comandada há quase meio século por um ditador. Foi um fato histórico partindo da sede do governo brasileiro e que chamou a atenção do mundo. Em 1986, não havia nenhum presidente estrangeiro em Brasília e muito menos uma guerra em andamento ou para eclodir, por isso eu e o Edward pudemos caminhar tranquilos pela Capital da Esperança.

Ao contrário do espevitado Obama, não fomos recebidos por tropas, ministros, aspones, bandas ou presidente, mas igualmente subimos parte da rampa. Os cadetes, sóbrios e taciturnos, não fizeram continência e nem esboçaram sorriso, não precisava. Voltamos a Brasília outra vezes, mas as visitas aos principais pontos não foram necessárias, porém a de 1986 jamais será esquecida. Certamente para Obama, 2011, a sua primeira, também.

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*OSWALDO LAVRADO É JORNALISTA/RADIALISTA RADICADO NO GRANDE ABC.

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quinta-feira, 24 de março de 2011

QUARTA-FEIRA, 23 DE MARÇO DE 2011


Ao ler o Estadão dia desses, vejo na primeira página o título “Dias de caos em SP. Solução só em longo prazo”! Com revolta, vislumbro, ao ler a matéria, que as autoridades municipais, estaduais e federais, continuam a empurrar com a barriga um problema que se arrasta há muitos anos. Na década de 50 (e seguintes), na época das chuvas que vai de dezembro a março, ou abril (verão), residia eu no bairro do Ipiranga. Todo o dia tinha que me deslocar para o Centro de São Paulo. O trajeto incluía a Avenida do Estado, cruzando o Parque Dom Pedro II até alcançar a então Praça Clovis Beviláqua. Era um caos. O rio Tamanduateí, transbordava e, pobre de nós que tínhamos que usar de subterfúgios para escapar da inundação.

Todos os bairros adjacentes ficavam inundados. Cambuci, Mooca, Várzea do Glicério... Era um sacrifício chegar ao local de nosso emprego em condições minimamente transitável. Época em que terno e gravata eram obrigatórios. Galochas, botas de borrachas, calças arregaçadas... Tudo era válido para nos manter adequadamente vestidos. Um ou outro bairro sofria com o problema do “tempo das águas”. Não se ouvia falar em casas desabadas por causa do excesso de chuvas e não havia problemas com desbarrancamentos.
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Tudo começou com a construção de barracos nas margens do Tietê, do Tamanduateí e outros rios que correm na maior metrópole da América do Sul. Circulava na época, uma historinha interessante e jocosa. Migrantes vindos de todas as partes do Brasil se estabeleciam e construíam, ou alugavam um barraco nas margens dos rios mencionados. O esgoto a céu aberto ali estava. Depois escreviam para seus parentes residentes nas mais diversas regiões do Brasil e diziam que moravam no centro de São Paulo e já tinham um carro. O carro? Um velho “Fusca”, ou um Gordini...

Os políticos, que deveriam impedir que isso acontecesse fizeram vistas grossas. Afinal, os votos futuros eram muito mais importantes do que manter a cidade dentro de um padrão habitávelmente confortável. As ruas e avenidas foram se impermeabilizando. Eram obras visíveis e os votos eram certos. Pode-se dizer que a grande Metrópole foi aos poucos vítima de uma demagogia desenfreada.
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O Tietê e o Tamanduateí que na década de 40 ainda tinham peixes viraram esgoto e depósito de lixo (foto acima). Um caldo fétido corre por esses rios. Quero aqui deixar registrado que, em companhia de um tio residente na época no bairro do Brás, fazia gostosas pescarias no rio que corta o Parque Dom Pedro II. Um parque arborizado com lindas árvores, extenso gramado, bancos e ricamente decorado com estátuas dos mais diversos motivos. A solução para que isso não acontecesse era exatamente: “não deixar acontecer”! Com o correr dos anos, os governos conseguiram grandes financiamentos para resolver o problema causado por negligência, ganância, má administração e falta de uma intensa campanha para que a população entendesse o malefício de jogar lixo nas ruas. As consequências de não manter a Paulicéia dentro de um crescimento ordenado ai está. Incêndios em barracos, assoreamento dos rios, cheias que destroem e matam. E ainda permitir a construção de residências de alvenaria e barracos nas encostas dos morros e várzeas.

As ruas secundárias poderiam ter sido calçadas com paralelepípedos, como mostra a foto acima, ou outra pedra equivalente. O solo não ficaria impermeabilizado e as águas fatalmente iriam para o lençol freático rapidamente. Entretanto, a solução para São Paulo ficar livre de tudo isso, ou pelo menos das enchentes só acontecerá em 2050, segundo notícia inserida no Estadão. Administrações criminosas ocasionaram a “hecatombe” que acontece em São Paulo e cidades vizinhas todos os anos e que ainda segundo promessas só se resolverá na metade do século XXI.

Enquanto isso recebo pela internet um e-mail mostrando que no Japão o subsolo de Tóquio (foto acima), alberga uma fantástica infraestrutura cujo aspecto se assemelha ao cenário de um jogo de computador ou a um templo de uma civilização remota. Anualmente uns 25 tufões assolam o território japonês. Desses, dois ou três atingem Tóquio em cheio, com chuvas fortíssimas durante várias horas ou até um dia inteiro. Mas nem por isso ocorrem enchentes ou alagamentos na cidade. Por que será? Cinco poços de 32 m de diâmetro por 65 m de profundidade interligada por 64 km de túneis formam um colossal sistema de drenagem de águas pluviais destinado a impedir a inundação da cidade durante a época das chuvas.

A dimensão deste complexo subterrâneo (foto acima), desafia toda a imaginação. É uma obra de engenharia sofisticadíssima realizada em betão, situada 50 m abaixo do solo, fato extraordinário num país constantemente sujeito a abalos sísmicos e onde quase todas as infraestruturas são aéreas. A sua função é não apenas acumular as águas pluviais, como também evacuá-las em direção a um rio, caso seja necessário. Para isso dispõe de 14.000 HP de turbinas capazes de bombear cerca de 200 t de água por segundo para o exterior. Para esse nível de tecnologia japonês, as "enchentezinhas" de São Paulo, Rio, etc., seriam tiradas de letra. Conclusão: não existe problema insolúvel. Basta querer enfrentá-lo.
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui:
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